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sábado, 13 de maio de 2023

13 de maio - As escolas estão de fato adotando práticas antirracistas?


Neste 13 de maio, historiador reforça a importância da adoção de práticas antirracistas efetivas no ambiente escolar


No Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, o historiador e professor Léo Bento, da Camino School, mostra como as escolas podem se engajar diariamente na luta contra o racismo


O dia 13 de maio é marcado pela assinatura da Lei Áurea, que declarou extinta a escravidão no Brasil, em 1888. Entretanto, ao analisar a data por meio de um ponto de vista crítico e antirracista, conclui-se que sua comemoração desconsidera o protagonismo negro na luta pela emancipação, bem como todas as consequências devastadoras que o racismo continua perpetuando na sociedade. Nesse sentido, as escolas precisam estar atentas em relação à forma com que apresentam a data aos estudantes.


 


‘’O dia 13 de maio foi uma data construída pelas elites do país para enfatizar que o processo da escravização teve um fim por vontade do Estado brasileiro, o que fez com que a princesa Isabel fosse vista como salvadora”, explica o historiador e professor Léo Bento, coordenador do Instituto Camino, que é responsável pelas bolsas de estudo da Camino School. “Porém, a escravidão acabou não apenas pela assinatura da Lei Áurea, mas por conta de um movimento intenso de resistência das pessoas negras que eram escravizadas naquela época”, acrescenta Bento.


 


Além de compreender o real contexto de datas como 13 de maio, as instituições de ensino precisam entender que a discussão sobre racismo não pode ser realizada somente em dias específicos. Para Léo Bento, é necessário trabalhar questões raciais no dia a dia, de forma transversal. “Existem escolas que acreditam estar excluindo o racismo de seus espaços apenas ao desenvolverem ações pontuais sobre essas datas”, comenta Bento. “Acham que fazer um evento sobre Zumbi dos Palmares ou, de forma equivocada, sobre a Princesa Isabel, é o suficiente. E não é”, afirma o professor. 


 


Como as escolas podem ser, de fato, antirracistas?


Para Léo Bento, a primeira atitude que a escola precisa adotar para se engajar na luta antirracista é ter entendimento de que o racismo existe e de que a sociedade brasileira é racista. “Como a gente vai implementar uma educação antirracista se a gente não entende que o racismo existe? Seria como lutar contra um inimigo invisível”, explica Bento.




Além de saber o que é racismo estrutural, ou seja, entender que o Brasil foi construído com base em desigualdade de raças, as escolas que buscam somar nessa luta precisam ter pessoas negras em seu corpo docente e na coordenação. “E não basta que sejam pessoas negras, mas pessoas negras que tenham o mínimo de entendimento sobre como as relações raciais impactam negativamente a vida da população”, explica Léo Bento.




Outro discernimento que deve estar no radar de qualquer escola que se proponha a ser antirracista é saber que as discussões raciais precisam ser do interesse de toda a instituição. “Algumas escolas acham suficiente que haja uma única pessoa trazendo essa temática para a sala de aula, mas essa não deve ser uma tarefa de um só professor. É preciso que a gestão envolva toda a comunidade escolar, inclusive trazendo as famílias para esse diálogo”, afirma Bento. 




Garantir o letramento racial do corpo docente por meio de formações é outra iniciativa que as escolas podem adotar. Os professores da Camino School, por exemplo, se reúnem uma vez ao mês para debater temas voltados a questões raciais, o que gera boas discussões que acabam impactando diretamente na construção dos projetos que são trabalhados nas aulas com os estudantes. “Para além das alterações curriculares da escola, ter um time com formação e diálogo constantes sobre relações raciais no Brasil e educação permite que a gente chegue próximo de uma educação realmente antirracista”, explica Bento.




“Uma mentira cívica”


Após a abolição da escravidão no Brasil, a população negra se deparou com um cenário de incertezas e de falta de subsídios. Na ausência de reformas que as integrassem às novas regras da sociedade, que passou a ser baseada no trabalho assalariado, essas pessoas foram abandonadas à própria sorte. Uma pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que em grandes cidades como Rio de Janeiro essa população foi praticamente expulsa do centro da cidade após a reforma urbana de 1904, que demoliu barracos e cortiços e as obrigou a buscar moradia em regiões precárias e afastadas.


 


O descaso público diante da falta de inserção das pessoas negras à sociedade da época gerou consequências drásticas que permanecessem marginalizando essa população até hoje. De acordo com pesquisa do Instituto Sou da Paz, pessoas negras são hoje 56% da população brasileira, mas correspondem a 78% das vítimas fatais por agressão com arma de fogo. Além disso, a taxa de mortes por homicídio de jovens negros é 6,5 vezes maior do que o índice nacional.


 


Esse cenário demonstra a incoerência em se considerar o dia 13 de maio como registro de um ato, de fato, emancipatório. Tanto que, em discurso realizado no Senado Federal, na ocasião dos 110 anos da abolição da escravidão, o professor, político e ativista Abdias do Nascimento definiu o dia 13 de maio como uma “mentira cívica”. “De escravos passaram a favelados, meninos de rua, vítimas preferenciais da violência policial, discriminados nas esferas da justiça e do mercado de trabalho, invisibilizados nos meios de comunicação, negados nos seus valores, na sua religião e na sua cultura”, discursou Nascimento.


 


Assim como Abdias do Nascimento, o professor Léo Bento acredita que a data não representa a luta das pessoas negras no Brasil e reforça a importância de que questões raciais sejam debatidas por toda a sociedade, não apenas pela parcela negra. “Enquanto a gente não tiver entendimento de que pessoas brancas precisam também ser racializadas e entender que existe um privilégio branco dentro da sociedade, a gente não consegue avançar, inclusive dentro das escolas”, afirma o Bento.


 


Para evidenciar a luta contra a falsa abolição que traz consequências vividas pelas pessoas negras até hoje, o dia 13 de maio passou a ser considerado o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo. Assim, a data deixa de ser uma celebração da lei assinada pela princesa Isabel e se torna um dia para lembrar a luta das pessoas negras no Brasil e ressaltar a importância de se adotar práticas antirracistas em todos os dias do ano.


 


Camino Education – Como um ecossistema educacional que integra educadores, gestores, pais e estudantes, a Camino Education tem a missão de enriquecer a Aprendizagem para milhões de alunos, com a aspiração de transformar aulas tradicionais em experiências de aprendizagem inesquecíveis, de alta qualidade educacional e engajamento significativo dos educadores e dos alunos, por meio da Aprendizagem Ativa. A Cloe, plataforma digital completa de Aprendizagem Ativa desenvolvida pela Camino Education, a Camino School, escola de referência em São Paulo, e o Centro Camino de Aprendizagem Ativa, centro de formação de educadores, compõem esse ecossistema. A Camino Education é a primeira Edtech brasileira a compor a comunidade Global Innovators do World Economic Forum e está entre as 100 Edtechs mais inovadores da América Latina, segundo o ranking 2020 LATAM 100 Edtechs anual.


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