A Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri) vem promovendo ações preventivas voltadas a controlar e evitar a proliferação, nas regiões sul e extremo sul do estado, da lagarta parda, que já atacou os cultivos de eucaliptos e café, ameaçando também a cacauicultura. A iniciativa acontece por meio do Programa Fitossanitário de Controle da doença, lançado no esta semana, no município de Teixeira de Freitas.
"A informação e a conscientização dos produtores são armas importantes que estamos utilizando, ao tempo em que estimulamos o combate biológico, sem uso de agrotóxicos, para proteger o homem e outras culturas", explica o secretário Paulo Câmera, enfatizando que"a defesa agropecuária é uma das prioridades do governo".
O Programa Fitossanitário de Controle da Lagarta Parda no Estado da Bahia foi lançado pela Seagri, via Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), em parceria com a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf) e entidades parceiras, durante seminário que reuniu quase 200 produtores. Durante o evento foi instalada a Comissão Técnica Regional (CTR), liderada pela Adab, responsável pela aplicação do plano de manejo para o controle da Lagarta Parda, com a participação das prefeituras, das empresas e das entidades ambientais.
O controle da praga está sendo realizado com o inseticida biológico à base de Bacillus thuringiensis, produto biológico, de ocorrência natural, que controla de maneira eficaz as lagartas desfolhadoras. É específico para lagartas e não oferece risco à saúde do homem e animais. O mecanismo de ação do B. thuringiensisse libera toxina no sistema digestivo alcalino das lagartas e, por isso, é inofensivo a todos os demais organismos, inclusive aos pássaros que se alimentam das lagartas mortas.
Além disso, como explicou o superintendente de Políticas do Agronegócio da Seagri, Guilherme Bonfim, 10 milhões de vespas, predadoras naturais da lagarta parda, estão sendo soltas na região, reforço importante para combater a praga. "O programa lançado visa estabelecer um método de controle preventivo, para evitar, por exemplo, o que aconteceu no oeste do estado com a Helicoverpa Armigera, que causou prejuízos superiores a R$ 2 bilhões na Bahia e mais de R$ 10 bilhões no Brasil".
Segundo o diretor de Defesa Vegetal da Adab, Armando Sá, a lagarta parda é uma praga que está impactando muito a região, podendo causar impactos negativos significativos na pauta de exportação, que tem grande participação de celulose e papel. “Como primeira ferramenta desse controle, estamos empossando a Comissão Técnica Regional (CTR), de suma importância por agregar todos os elos da cadeia envolvidos na questão do reflorestamento e de outras culturas que possam ser impactadas”.
Nesse sentido, o presidente da Abaf, Sérgio Borenstain, ressaltou a importância de todos os produtores rurais e das grandes empresas participarem do programa. “É fundamental o envolvimento de todos para que haja o monitoramento da lagarta parda e o controle, de preferência, biológico”.
Trabalhos científicos
Representando os produtores de eucalipto, o presidente executivo da Associação de Produtores e Eucaliptos do Sul da Bahia (Aspex), Gleyson Araújo, destacou a participação da entidade no programa e a "importância de fazermos estudos e trabalhos científicos para entender melhor essa praga que nos assola”.
De acordo com o diretor executivo da Abaf, Wilson Andrade, “as empresas de base florestal estão unindo esforços a outras instituições de pesquisa, extensão e de produtores rurais para buscar soluções coletivas que possam fazer frente ao risco de aumento desta ameaça à produtividade da agricultura na região”.
A lagarta parda ataca o eucalipto, café e cacau, entre outras culturas, desfolhando as plantas. O inseto é nativo, com presença já registrada ao longo dos anos em 14 estados brasileiros. Especialistas acreditam que mudanças no clima e desaparecimento de inimigos naturais podem estar favorecendo o aumento momentâneo da população deste inseto.
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