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Vivemos
tempos decisivos. Momento de escolher quem irá nos representar pelos
próximos anos. No mês em que o processo democrático fervilha no país,
médicos-veterinários e zootecnistas comemoram 50 anos de criação do
sistema que fiscaliza e regulamenta suas profissões.
Há cinco décadas,
quando foi publicada a Lei (nº 5.517) que criou os Conselhos Federal e
Regionais de Medicina Veterinária, o chamado Sistema CFMV/CRMVs, não se
imaginava que as duas profissões ganhariam o protagonismo atual e seriam
tão decisivas para a economia brasileira como são agora.
Hoje, a Medicina
Veterinária e a Zootecnia fortalecem o agronegócio, mercado que já é
responsável por ¼ do PIB brasileiro. São profissionais que estão
presentes em toda a cadeia de produção animal do país. São eles que
atestam e garantem a qualidade dos produtos de origem animal consumidos
pela sociedade. Estão presentes desde o melhoramento genético dos
animais, passando pela nutrição, saúde, manejo, abate, rastreabilidade
até chegar às gôndolas dos supermercados.
Segundo a
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 50 anos, o Brasil
saiu de importador para exportador de alimentos, fornecendo comida para
1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo. O país tem um rebanho de 5,7
bilhões de aves, 214 milhões de cabeças de gado e 37 milhões de suínos.
O Brasil usa 21,2%
de suas terras para pecuária e tem potencial para dobrar a produção,
utilizando a mesma área atual. A expectativa do setor é sair de 7% para
10% do mercado de exportação global.
Especialmente
nesses últimos 50 anos, após a criação do Sistema CFMV/CRMVs, os
médicos-veterinários e zootecnistas foram cruciais na erradicação da
febre aftosa, da peste bovina e da peste suína africana dos nossos
rebanhos.
O Brasil possui a
melhor avicultura do mundo do ponto de vista sanitário, pois o plantel
de aves está livre da Influenza e da Newcastle. Justamente, por isso,
somos líder mundial em exportações de carne de frango, com 38% da fatia
global. De acordo com a ABPA, em 2017, exportamos 4,32 milhões de
toneladas para 160 países, com receita de US$ 7,1 bilhões.
Também são
profissionais imprescindíveis para o crescimento da indústria pet.
Segundo a Euromonitor Internacional, o Brasil é o terceiro maior do
mundo em faturamento no setor. O segmento, de acordo com Associação
Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet),
faturou R$ 20,37 bilhões em 2017 e alcançou um crescimento de 4,95%,
comparado ao ano anterior.
Tudo isso representa a expansão do mercado de atuação para médicos-veterinários e zootecnistas.
Tem apenas 50 anos
que a Lei 5517 passou a competência de fiscalizar o exercício
profissional da Medicina Veterinária e da Zootecnia para as próprias
categorias. Defendemos mercado para os nossos profissionais, cuja missão
vai muito além da promoção da saúde e do bem-estar animal. Somos
profissionais de saúde única, responsáveis por integrar a saúde animal,
humana e do meio ambiente.
A mensagem para os
profissionais é de orgulho, reconhecimento e valorização. Mas temos
muito trabalho pela frente e compromissos sérios com o desenvolvimento
do Brasil.
Às vésperas do
pleito eleitoral e com a maturidade de meio século de caminhada, essa é
uma data que nos pede reflexão. Somos 187,3 mil médicos-veterinários e
zootecnistas brasileiros atuando ativamente pelo crescimento econômico
do país. Desse total, 87,6 mil são mulheres e os especialistas políticos
apostam que o voto feminino pode decidir a eleição.
Como profissionais
que têm compromisso integral e abrangente com a saúde pública, a
segurança alimentar e a proteção do meio ambiente, temos a oportunidade
de escolher uma plataforma política que coadune com essa missão e
reconheça o valor das nossas profissões.
Cabe-nos analisar
os candidatos que se aproveitam do período eleitoral e usam a causa
animal para ganhar votos, mas que no dia a dia da nossa lida não se
fazem presentes.
Temos a
oportunidade de renovar a política brasileira e eleger quem reconheça a
importância dos serviços veterinários e zootécnicos para a sociedade e a
estabilidade econômica do país.
Transparência e
inovação são as premissas que marcam o jubileu de ouro do Sistema
CFMV/CRMvs. É o que também queremos para o Brasil. Que os nossos
próximos 50 anos, como profissionais e nação, sejam de gestão eficiente e
responsável, fortalecimento do processo democrático, transparência
pública, controle social e inovação científica e tecnológica.
Francisco Cavalcanti de Almeida
80 anos, atual
presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (2018-2020),
médico-veterinário formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e
servidor aposentado do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa)
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