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quinta-feira, 17 de junho de 2021

Show do Milhão deve voltar ao SBT depois de 12 anos


Show do Milhão, um dos maiores sucessos do passado, deve voltar ao ar. Quem acompanha a programação do SBT sabe que a emissora de Silvio Santos está acostumada a “requentar” formatos antigos na grade. 

A informação é do site TV Pop, que afirma que o game show deve voltar a ser produzido depois de mais de 12 anos. A retomada, vale frisar, é fruto de uma parceria milionária do canal com a empresa PicPay.

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terça-feira, 21 de julho de 2020

Distribuidora de Petróleo focada no esporte local

O esporte baiano recomeça o ano com novo gás e a Larco, maior distribuidora de combustível regional da Bahia, agora é patrocinadora do Vitória. O time, que já entra em campo nesta quarta-feira (22), conta agora com o apoio da quarta maior distribuidora de petróleo do Nordeste. “Somos uma marca que respira movimento. 

O combustível que entra nos carros também não nos deixa paralisados. Estamos muito felizes em colaborarmos com o nosso estado em diferentes frentes, sobretudo no esporte, que é uma das grandes paixões dos baianos”, pontua a gerente de marketing da Larco, Ana Paula Evangelista. Nacionalmente, a empresa figura entre as 10 maiores distribuidoras de combustível do país.


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terça-feira, 9 de junho de 2020

Senai Cimatec já recuperou 200 bombas de infusão de UTIs do Hospital Espanhol

O Senai Cimatec está recuperando bombas de infusão de Unidades de Terapia de Intensiva (UTI) do Hospital Espanhol, numa ação realizada em parceria com Governo do Estado e a empresa alemã de dispositivos médicos e farmacêuticos B.Braun. Nesta segunda-feira (08), o quantitativo de equipamentos recuperados e devolvidos em pleno funcionamento para o hospital chegou a 200 unidades. Bomba de infusão é um item indispensável nas UTIs, utilizado para administrar medicamentos ou nutrientes nos pacientes. 

“Este trabalho vem sendo realizado por uma equipe dedicada de profissionais e evidencia a competência e o comprometimento do Senai Cimatec no combate ao coronavírus. O primeiro lote com 20 unidades foi entregue há apenas duas semanas atrás e hoje já chegamos a 200 bombas de infusão recuperadas”, destacou o secretário do Planejamento, Walter Pinheiro. 

As bombas de infusão do Hospital Espanhol estavam sem funcionamento desde 2014, quando a unidade hospitalar encerrou as atividades. Em abril deste ano, o hospital foi aberto pelo Governo do Estado como centro de tratamento para acolher, exclusivamente, pacientes que tenham sintomas graves da Covid-19. 

O gerente executivo do Senai Cimatec, André Oliveira, explica como funciona o processo de manutenção. “Inicialmente é realizada a desinfecção e triagem, para identificação dos defeitos. A etapa seguinte é a substituição das peças necessárias e reparos, por fim a montagem e calibração, para depois fazer uma nova desinfecção antes de embalar”, ressalta Oliveira, ao acrescentar que o hospital realiza uma nova desinfecção ao recepcionar cada unidade.


Foto: Divulgação
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terça-feira, 6 de junho de 2017

Mais cotas, mais inclusão

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou o encaminhamento para reserva de vagas de alunos pobres e negros. Tais cotas étnico-raciais poderão valer a partir de 2019, o que é mais um passo rumo à democratização da universidade no Brasil.

As cotas, que garantem acesso de pessoas negras, pardas, índios, pessoas com deficiência, egressos de escolas públicas etc., são a única forma de, a curto e médio prazos, promover o princípio constitucional da igualdade.

Sem a garantia de espaço para as minorias sociais, certamente mais uma geração de brasileiros marginalizados seria excluída do meio universitário. Perdendo tanto essas pessoas, em sua vida íntima, quanto o país, por desperdiçar talentos e produtividade.

A Unicamp, a exemplo de diversas outras instituições de ensino superior, está promovendo uma acessibilidade alternativa para estudantes que de fato, e historicamente, possuem necessidades especiais. Esta expressão, "necessidades especiais", tão aplicada aos casos de pessoas com deficiência, na realidade é o caso também dos brasileiros descendentes de pessoas escravizadas por causa da cor de sua pele ou de sua origem familiar pobre.

Minorias de todas as cores e tribos sempre foram violentadas sem pudor. E a História não permite que nos enganemos: mulheres, homossexuais, pagãos, operários etc., a elite, de cada época ou lugar, justamente se fez elite sobre esses grupos explorados e diminuídos em sua humanidade.

A resposta democrática a tal injustiça social são os meios jurídicos especialíssimos de reinclusão. Isto é, por meio da força da lei, da interpretação progressista dos princípios universais, obrigar que uma cota sociologicamente significativa das minorias esteja presente em todos os meios da sociedade, inclusive no ensino superior.

Enfim, tais métodos são pautados em uma ética das virtudes que, por olhar para o passado e ver tanta indiferença com relação ao pobre e ao povo, propõehoje agir impositivamente na proteção dos grupos marginalizados a fim de que, nos próximos anos e décadas, os filhos de tais pessoas realmente tenham todos os seus direitos universais garantidos.


Wellington Anselmo Martins, mestre em Comunicação (Unesp), graduado em Filosofia (USC).
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"Espera castiga a esperança"

Cento e vinte dias. Pode até parecer pouco para quem aguarda o dia do casamento, a viagem programada ou até mesmo o dia da sua formatura. Contudo, para quem espera pelo tratamento do câncer é uma eternidade. No Brasil, em média, pacientes diagnosticadas com câncer de mama, através do sistema público, sofrem todo esse tempo para conseguir iniciar a quimioterapia, por exemplo.

Tristemente, cerca da metade das pacientes recebem a confirmação de câncer de mama em estágios já avançados. Associa-se a esse número, que 40% têm atendimento em até um ano para obter o diagnóstico, de acordo com dados do TCU (Tribunal de Contas da União). Havendo a necessidade de cirurgia, a angústia da espera chega a oito meses para realizar o procedimento, desde que não ocorra cancelamento nesse intervalo e a data seja protelada.

A lei 12.732/2012 preconiza que o paciente com neoplasia maligna – câncer – tem direito de se submeter ao tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 dias, contado do dia que recebeu o diagnóstico. Porém, estatística do Sistema de informações do Câncer (SISCAN) evidencia que apenas 26,6% do total registrado em 2015 iniciaram tratamento dentro do prazo determinado. Entretanto, em contrapartida ao imbróglio da morosidade encontram-se os pacientes, que não têm um minuto sequer a perder.

Um dos mais importantes centros de estudo e tratamento da doença no país, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), vive atualmente uma triste realidade, pela qual problemas estruturais atingem diretamente os pacientes que usam os seus serviços. Filas quilométricas para atendimento, macas improvisadas, deficiência nos suprimentos hospitalares e até mesmo falta de manutenção. Atente-se ao fato de que estamos falando da maior referência nacional em oncologia e, desse modo, temos a oportunidade de fazer uma reflexão de como andam os demais serviços Brasil afora. Infelizmente, ao passo que o número de leitos destinados a esses pacientes seguem limitados, com crescimento pífio, o número de diagnosticados cresce exponencialmente.

A rapidez na detecção e no tratamento do câncer é decisiva para a cura do paciente. À medida que o tempo avança, reduzem-se as chances e, por isso, não estamos diante de uma discussão banal. Ajustar a realidade ao que é tido como ideal, há de ser sentido em curto prazo. Uma regulação mais eficiente, pela qual disponha de dados precisos quanto ao estágio da doença; ampliação dos serviços oncológicos, gerando descentralização, são alguns dos exemplos. Assim sendo, a otimização melhora o planejamento, promove um gerenciamento eficaz dos gastos públicos e, principalmente, gera menor tempo para início do tratamento. 

O câncer não espera! Tampouco aceita medidas casuísticas para resolver o problema. A responsabilidade sobrecai a toda a sociedade, pois devemos ter clareza de posição e reconhecimento da gravidade. Portanto, usemos até mesmo do ativismo da mídia para expor rotineiramente essas necessidades, de modo que o ser humano seja respeitado e a luta pela vida contra o câncer possa ser de fato a realidade. Enfim, o tempo tem duas caras, se bem aproveitado é um grande aliado, mas do contrário é um grande inimigo.


Tiago A. Fonseca Nunes
tiagofonsecanunes@gmail.com
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domingo, 4 de junho de 2017

Ordem, conduta e progresso

É, no mínimo, de se consternar diante das corriqueiras e exaustivas notícias sobre corruptos e corruptores no Brasil. Invariavelmente é a pauta principal dos editoriais, das capas de revistas, das aberturas dos jornais televisivos e das rodas de conversa país afora. Estamos diante de um “lugar-comum” repleto de inversão de valores e contrassensos que deveriam ser estrita exceção. À medida que somos surpreendidos diariamente com maneiras diferentes de usurpar do dinheiro público, áreas essenciais para o país sofrem de negligência e sangria, deixando-o em patamares deploráveis. Será que todo o montante dos desvios não seria suficiente para termos uma saúde pública funcionante e/ou
uma educação de qualidade no Brasil?

Parece um clichê de um passado muito distante, mas ainda hoje os municípios brasileiros dispõem de uma estrutura de saúde precária e medíocre, que falta medicamento, materiais para procedimentos, equipamentos para diagnóstico, com obras paralisadas, redução de leitos hospitalares... O clamor da população que usa desses serviços deveriam ser ensurdecedores para os gestores públicos, que insistem em protelar a urgência de ações. Ao passo que milhares de milhões de reais se esvaem pelos incessantes ralos da corrupção, a saúde vive sua calamidade e caos. Até quando?

O país anseia verdadeiramente por mudanças de comportamento nas três esferas - nacional, estadual e municipal - dando destaque ao que é fundamental para um país com propósitos de desenvolvimento: pragmatismo nas ações, honestidade, zelo pelo público e tolerância zero para corrupção. Chega de politicagens em rede nacional! Necessitamos dar ênfase ao que de fato merece. Por exemplo, investir em projetos inovadores na saúde, que gerem qualidade de vida à população; métodos educacionais de qualidade, refutando tudo que for retrógrado ao aprendizado, trazendo ganhos e incremento de mentes pensantes neste país; ampliar o número de bibliotecas públicas, museus, como forma de acesso à cultura e conhecimento... Não podemos mais suportar o desvio de prioridades.

Em suma, dar o passo inicial é fundamental para não continuarmos planando neste marasmo de descasos. Vamos enaltecer o país pelas boas atitudes, fazendo do que hoje é exceção se torne de fato uma regra. Ilicitudes têm de ser extirpado do famigerado “jeitinho brasileiro”. Desse modo, aos desprovidos de competência e de valores de conduta, resta-lhes o adeus. É hora de uma nova Ordem para se obter o Progresso do Brasil. 




Tiago A. Fonseca Nunes
tiagofonsecanunes@gmail.com
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Abismo do Ilusionismo

O primeiro passo para a solução de qualquer problema é admitir a sua existência. Quando isto não ocorre é provável que haja um agravamento da questão, o que em se tratando de condições econômicas pode representar o fardo de um governo altamente endividado sobre os ombros das próximas gerações. Porém, para a atual administração vale a pena quebrar o País em nome das políticas sociais—especialmente quando estas asseguram sucessivas vitórias eleitorais. Melhor ainda quando certos segmentos da sociedade não conseguem atribuir ao governo certos julgamentos em decorrência dos baixos níveis de escolaridade.

Enquanto a economia brasileira flerta com o território recessionário, a inflação permanece uma constante ameaça à banda superior da meta e a Petrobrás sangra ininterruptamente em uma enxurrada de denuncias a respeito de esquemas inescrupulosos envolvendo altos funcionários da estatal e figuras do alto escalão governista, a presidente da república zomba dos brasileiros ao afirmar que o seu governo representará um marco no combate à corrupção. Com uma base ávida por afagos no Congresso, e um eleitorado fielmente dependente de auxílios governamentais, é possível cavar ainda mais o abismo do ilusionismo.

O que mudou, entretanto, é que a oposição ao capitalizar mais de 50 milhões de votos na figura do Senador Aécio Neves ganhou confiança suficiente para ir ao confronto de idéias, mesmo sendo os opositores do governo sabedores que nos embates no Parlamento só restam a eles as protelações regimentais, já que os resultados das votações dificilmente trarão surpresas. Foi o caso da aprovação do Projeto de Lei nº 36, que alterou a meta fiscal ou instituiu a desobrigação do governo em gerar superávit para fins de investimentos ou de geração de poupança para o pagamento da dívida. O mercado internacional já deu a sua opinião a respeito do truque contábil.

O dólar continua em tendência de alta em decorrência da fuga de capitais promovida pelos investidores internacionais em face da desconfiança em relação a um governo que, aos 45 minutos da segunda etapa, muda as regras do jogo para livrar a presidente da república de punições administrativas pelo descumprimento da meta de superávit fiscal. É evidente que os juros serão pressionados, já que o prêmio de risco exigido pelos participantes do mercado tenderá a se elevar substancialmente. Por conseguinte, dificilmente a inflação permanecerá dentro da meta em 2015—apesar do instrumento da alta dos juros ao qual o governo confortavelmente recorrerá em um ano não eleitoral.

O mercado acionário precifica intensamente a desmoralização internacional da Petrobrás, o que vem contaminando outros ativos e levando o índice Bovespa a sucessivas perdas ao longo do ano. A desvalorização das ações, contrariamente ao que prega o discurso ilusionista do Partido dos Trabalhadores que retrata as acentuadas quedas como meros movimentos especulativos, representa sim perdas substanciais nas poupanças da família, o que significa redução no consumo. Sem contar que a desvalorização nos preços dos ativos interfere diretamente na capacidade das empresas de contrair empréstimos no mercado por diversos motivos que não cabem ser ressaltados no presente artigo. 

Por fim, o que com certeza dá calafrios aos investidores internacionais é observar que a demonização dos supostos sugadores dos recursos públicos brasileiros—os investidores que adquirem papéis da dívida pública nacional—serve a um só fim: justificar os “reparos” contábeis mediante a demonização do capital estrangeiro e a exaltação dos programas sociais—este último o único item da pauta petista que sobrevive ao mar de corrupção que tomou conta da Petrobrás e ao desgoverno que vem ameaçando a economia brasileira. Só resta mensurar quais serão os possíveis danos de mais quatro anos de governo petista—isto se nas próximas eleições houver mudanças—e que tipo de fardo pesará sobre as próximas gerações, que herdarão um contexto de recessão econômica, juros elevados e inflação acentuada.

Artur Salles Lisboa de Oliveira.
Colunista da Revista Exame.
Autor do Ebok: Stock markets: characters and psychology. 

Foto ilustrativa


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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Realidade socioeconômica dolorosa


Enquanto escrevo estas linhas, oito crianças menores de cinco anos de idade estão morrendo na Argentina e, dez, no Brasil, vítimas da desnutrição. Simplesmente, 14% da população mundial sofre de fome ou insegurança alimentar, termo usado pela FAO (Agência para a Alimentação e Agricultura, da ONU) para caracterizar a falta de acesso a alimentos suficientes para manter a vida. 

A realidade socioeconômica, em âmbito mundial, é perversamente dolorosa. Os números que mostram essa ignomínia são revoltantes: a cada dia que passa mais de 16 mil crianças com menos de cinco anos morrem por fome ou problemas a esta associados. Isto apesar da agricultura mundial estar produzindo 17% mais de calorias por pessoa, por comparação ao que se produzia há três décadas, e mesmo tendo em conta que a população mundial aumentou 70% nesse período.

Há um problema enorme de distribuição de alimentos, como há um mercado de alimentos extremamente concentrado, em poucas mãos. O setor de alimentos é o mais concentrado e cartelizado da economia mundial, mais até do que o petróleo. Há apenas dez grupos multinacionais que controlam 85% dos alimentos comercializados no mundo. Isso significa que eles têm o controle do transporte, dos silos, dos depósitos, de todo o mecanismo que cerca a produção e distribuição de alimentos, além, obviamente, de definirem os preços. Esses dez grupos têm um poder sobre a Humanidade que ninguém no passado teve, contextualiza Jean Ziegler, sociólogo suíço.

É fato que o desenvolvimento desigual dos países e regiões da economia capitalista se aprofundou com mais intensidade nesses modernos tempos de economia globalizada, cujos ganhos na escala financeira se avolumam à medida que a precarização das relações de trabalho (exploração, subemprego, informalidade) se tornam mais constantes, á medida que a desigualdade social grassa em larga escala.

Inequivocamente, o processo conhecido por “globalização” tem manifestado sua face de desigualdade em todos os níveis da economia impactando numa sociedade cada vez mais desigual e mais injusta socialmente.
Os números dessa desigualdade com reflexos explícitos nas condições de vida dos mais necessitados são, como afirmamos anteriormente, perversos e dolorosos. Vejamos isso em detalhes, com base na argumentação de Ziegler: “Hoje não existe falta de alimentos, o que existe é falta de acesso. As cifras são as seguintes: a cada 5 segundos, uma criança de menos de 10 anos morre de fome. No mundo, 56 mil pessoas morrem de fome por dia. E 1 bilhão de pessoas são permanentemente subalimentadas. O relatório da FAO mostra que o número de vítimas cresce, mas que a agricultura mundial poderia alimentar normalmente, com uma dieta de 2,2 mil calorias por dia, 12 bilhões de pessoas. Então, uma criança que morre de fome hoje é assassinada. Fome não é mais morte natural. É massacre criminoso, organizado. O número de mortes no mundo, por ano, corresponde a 1% da população do planeta. Desses 70 milhões, 18,2 milhões morreram de fome ou de suas consequências imediatas”.

Segundo o Banco Mundial (dados de 2011), 1,100 bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia e 2.800 bilhões vivem com menos de dois dólares/dia. Projeções para 2015 indicam que 750 milhões de pessoas estarão em uma posição de completa degradação social – 15% da pobreza global em comparação aos 28,3% calculado em 1990.

Atualmente, existem mais de 55 milhões de latino-americanos e caribenhos vivendo em extrema pobreza. Só no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a fome afeta mais de 15 milhões de pessoas.
Desse modo, perpetuam-se as indecentes linhas de pobreza relativa (quando uma pessoa é considerada pobre a partir do momento em que sua renda é inferior a uma determinada magnitude de poder de compra) e absoluta (quando a quantidade de dinheiro recebida não é necessária para alcançar um nível mínimo de vida).

Urge, portanto, buscar alternativas para a superação dessa realidade social perversa. Na essência, o que todos almejamos é a criação de outra economia que seja capaz de criar um “mundo” em que caibam todos “os mundos”, com a participação ativa de todos, priorizando o “ser” e não o “ter”; um mundo em que a fome seja, definitivamente, varrida do mapa. Por Marcus Eduardo de Oliveira

Marcus Eduardo de Oliveira é especialista em Política Internacional
(Universidad de La Habana - Cuba) e colabora com textos para o Portal Salvador Notícias, na coluna Fala Professor

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quinta-feira, 17 de julho de 2014

"Sob a ótica da Teoria das Relações Humanas"

"A Comunicação Empresarial sob a ótica da Teoria das Relações Humanas". 

A Teoria das Relações Humanas analisa a comunicação no ambiente profissional sob o ponto de vista da liderança, da comunicação e da organização informal. Analisemos estes três aspectos e seus desdobramentos no ambiente de trabalho.

Conceito de Liderança.
A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, tanto em empresas como em seus departamentos. De acordo com os Humanistas, o exercício da liderança pode se manifestar das seguintes formas:

- Liderança como um fenômeno de influência interpessoal exercido por meio de um processo de comunicação humana com a finalidade de um ou mais objetivos específicos;
- Liderança como um processo de redução da incerteza de um grupo; nesse caso, os Humanistas consideram a capacidade de ser líder como um processo contínuo de escolhas que permitem que a empresa caminhe em direção às suas metas, apesar de todas as perturbações internas e externas.
- Por fim, a liderança como uma relação funcional entre líder e subordinados na qual aquele é visto como possuidor ou controlador dos meios necessários para a satisfação das necessidades dos integrantes do grupo.

A Comunicação.
A Comunicação consiste na troca de informações entre pessoas ou, em outras palavras, é o instrumento que torna uma mensagem ou informação comum a todos os membros de um determinado grupo.

A Comunicação apresenta duas finalidades principais: proporcionar informação e compreensão necessárias para que as pessoas dentro do contexto empresarial possam exercer suas funções; e de promover as atitudes necessárias para a promoção de motivação, cooperação e satisfação nos empregados.

Entretanto, de acordo com os Humanistas, há graves equívocos de comunicação dentro das organizações, que podem ser solucionados a partir da tomada das seguintes iniciativas:

- garantir a participação das pessoas dos níveis hierárquicos inferiores nas discussões dos problemas da empresa;
- incentivar a franqueza e confiança entre individuos e grupos nas empresas.

Em síntese, a Teoria das Relações Humanas enfatiza os grupos em detrimento do comportamento individual, sendo a comunicação tratada como um fenômeno social.

Organização Informal.
O conjunto de interações e relacionamentos que são construídos entre as pessoas denomina-se organização informal, o que acontece em paralelo à organização formal, cuja constituição é baseada pela estrutura organizacional de órgãos, cargos, relações funcionais, níveis hierárquicos, etc.

A organização informal é formada por processos espontâneos de evolução social exercidos no seio de toda atividade humana organizada, sem que hajam objetivos determinados, conscientes ou precisos. Portanto, a organização informal se origina dos usos e costumes, das tradições, ideais e normais sociais, sendo traduzida por meio de atitudes e disposições baseadas na opinião, no sentimento e na necessidade de associação inerente aos individuos.

Crítica à Teoria das Relações Humanas.
A Escola das Relações Humanas são duramente criticados pela interpretação inadequada e, por vezes, distorcida dos problemas envolvendo as relações industriais, seja do entendimento do problema do conflito e dos interesses conflitantes entre os empregados e as organizações, seja da própria percepção das causas e das implicações do conflito mencionado.

Artur Salles Lisboa de Oliveira. 
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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Desigualdade - Pessoas sem casa, casas sem pessoas

                                                                             
Os primeiros dados do Censo divulgados pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de domicílios vagos no país é maior que o déficit habitacional brasileiro.

Existem hoje no Brasil, segundo o censo, pouco mais de 6,07 milhões de domicílios vagos, incluindo os que estão em construção. O número não leva em conta as moradias de ocupação ocasional (de veraneio, por exemplo) nem casas cujos moradores estavam temporariamente ausentes durante a pesquisa. Mesmo assim, essa quantidade supera em cerca de 200 mil o número de habitações que precisariam ser construídas para que todas as famílias brasileiras vivessem em locais considerados adequados: 5,8 milhões.

O Brasil possui cerca de 33 milhões de pessoas sem moradia, segundo o relatório lançado  pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos. Desse número, cerca de 24 milhões que não possuem habitação adequada ou não têm onde morar, vivam nos grandes centros urbanos.

O déficit de moradia no país chega hoje a 7,7 milhões, das quais 5,5 milhões estão em centros urbanos. Se o cálculo incluir moradias inadequadas (sem infra-estrutura básica), o número chega a uma faixa de 12,7 a 13 milhões de habitações, com 92% do déficit concentrado nas populações mais pobres.

A população favelada no Brasil aumentou 42% nos últimos 15 anos e alcança quase 11 milhões de pessoas, segundo análise do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE.

Um total de 11.425.644 de pessoas --o equivalente a 6% da população do país, ou pouco mais de uma população inteira de Portugal ou mais de três vezes a do Uruguai. Esse é o total de quem vive, atualmente, no Brasil em aglomerados subnormais, nome técnico dado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com base nos vários itens de monitoramento das condições de moradia, que levam em conta, por exemplo, o acesso a serviços de saneamento, o material de construção usado e até o número de pessoas que dormem por cômodo, o Ipea concluiu que 54,6 milhões pessoas nas cidades vivem em situação inadequada. Isso equivale a 34,5% da população urbana.

E um estudo do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, em 2000, mostrava, na América Latina, déficit de 51 milhões de moradias.

Marcos Rogério Sampaio
Diretor da Granmarcos / Colaborador do Portal Planeta Voluntários
http://www.planetavoluntarios.com.br

Imagem Google
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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Crescimento destrutivo

Marcus Eduardo de Oliveira (*)

A Ciência Econômica “criou” um tipo de crescimento baseado no consumo destrutivo da natureza e, como resultado, nos entregou um “produto final” chamado aquecimento global – o sintoma mais claro da crise ambiental, resultado de um processo crescente de degradação entrópica da natureza (de matéria e energia) gerada pelo processo de produção industrial que destrói os ecossistemas produzindo emissões crescentes de gases de efeito estufa (GEE).
Atrelado a isso, têm-se que o processo econômico produz calor pelo consumo de natureza, que se degrada em calor tal qual descreve a lei da entropia. Assim, uma economia que entra acelerando na rota do crescimento contínuo produz mais calor que é aprisionado pelo efeito estufa, aquecendo a atmosfera, provocando na ponta final catástrofes ecológicas e a destruição socioambiental.

Estudos realizados mostram que nos últimos 160 anos a temperatura média da Terra sofreu uma elevação de 0,5 ºC e, se persistir a atual taxa de poluição atmosférica (no mundo, a cada minuto, 10 mil toneladas de dióxido de carbono são lançadas na atmosfera), prevê-se que entre os anos 2025 a 2050 a temperatura sofrerá um aumento de 2,5 a 5,5 °C. As principais conseqüências seriam a alteração das paisagens vegetais, que caracterizam as diferentes regiões terrestres, e o derretimento das massas de gelo, provocando a elevação do nível do mar e o desaparecimento de inúmeras cidades e regiões litorâneas. Na Antártida, cerca de 3 mil Km2 de geleiras viraram água entre 1998 e 1999. Dezenas de ilhas da Oceania, entre elas Fiji, Nauru, Tuvalu e Vanuatu, correm o risco de submergir com o aumento do nível dos oceanos. No Recife, capital de Pernambuco, o contorno da praia está encolhendo ano a ano.

O fato real é que para “custear” o crescimento econômico promove-se a destruição ecológica. Para fazer a economia se expandir, mina-se as bases de sustentabilidade destruindo os frágeis equilíbrios ecológicos dos quais depende a conservação dos ecossistemas e da própria vida. Isso explica o fato de a ciência econômica “dominar” o mundo através do automatismo do mercado, tratando a natureza como mero objeto de trabalho. 

Lamentavelmente, o planeta não “gira” regido pelas leis do universo e da natureza, mas pelas ordens impostas no mercado global. Isso resulta que estamos submetidos a uma racionalidade de um poder concentrador da riqueza, gerador de desigualdades e insustentabilidade.

A economia neoclássica (a economia tradicional) não faz nenhuma “força” para entender que a degradação ambiental não se deve a causas naturais; sua existência está relacionada às ações antrópicas. Não obstante, como bem apontou o economista mexicano Enrique Leff, “os tomadores de decisões continuam dando mais importância aos imperativos do crescimento econômico e à estabilidade macroeconômica nas políticas de desenvolvimento sustentável que aos estudos prospectivos sobre o risco ecológico e o desencadeamento do aquecimento global”. 

Essa economia neoclássica não pode desconsiderar um fato primordial: a economia se alimenta da natureza; o processo econômico ao se “alimentar” de matéria e energia transforma esses recursos em calor, respeitando assim a segunda lei da termodinâmica (entropia). Com o avanço do processo econômico avança-se junto à concentração de GEE. 

Até antes da Revolução Industrial essa concentração de gases de efeito estufa na atmosfera manteve-se abaixo dos 280 ppm (partículas por milhão). Atualmente, os níveis de CO2 na atmosfera equivalem a 430 ppm. O otimismo fica por conta do seguinte: se forem tomadas medidas a tempo, em 2050 poderá ocorrer um equilíbrio entre 450 e 550 ppm.

Até chegarmos lá, cabe pensar e repensar seriamente em “refundar” a economia sobre suas bases ecológicas ajustando os “mecanismos” da economia às leis da termodinâmica, fazendo com que a economia neoclássica deixe de negar a contribuição dos processos ecológicos para a produção e passe a “entender” definitivamente que o crescimento não é a solução, mas sim o problema.

(*) Professor de economia do UNIFIEO e da FAC-FITO (São Paulo). 
Articulista do Portal Ecodebate. Mestre em Integração da América Latina (USP). 
Colunista do Portal Salvador Notícias
prof.marcuseduardo@bol.com.br

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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Overshoot Ecológico


A maior urgência política da nossa época é conter a grave crise ecológica. Essa grave crise, gestada no seio da ecologia, é fruto da distorcida visão social do progresso que faz a humanidade correr tresloucadamente em busca da satisfação ilimitada dos desejos materiais; para isso, põe a roda da economia (atividade produtiva) para girar com mais força e rapidez, expandindo a qualquer custo a máquina de produzir suntuosidades. É a sociedade produzindo riquezas (produtos) além do necessário, como bem disse Thorstein Veblen (1857-1929). O motivo? Para que os indivíduos com mais poder de aquisição possam se distinguir uns dos outros. 

Essa sociedade de produção e de consumo, na verdade, de hiperprodução e hiperconsumo, produziu em escala mundial o overshoot ecológico (transbordamento), ou seja, esgotou-se o estoque da natureza sob a forma de biocapacidade – o montante de recursos que o planeta regenera a cada ano – e o compara à demanda humana. Transbordou-se o montante necessário para produzir todos os recursos vivos que consumimos e absorver nossas emissões de dióxido de carbono. 

Desde 1970, nossa pegada de carbono (quantidade de terra e área marítima necessária para absorver todo o CO2 que emitimos) mais do que duplicou. De acordo com o Living Planet Report 2010, a humanidade usava em 2007 (último ano para o qual se têm dados) o equivalente a um planeta e meio para suportar suas atividades.

E por que isso aconteceu? Porque a economia não respeita (na verdade, ignora) os limites da natureza. A atividade econômica produtiva (o sistema econômico que nada mais é que um subsistema da natureza) ignora as fronteiras ecossistêmicas e obedece cegamente à ordem que emana do mercado que “pede” mais crescimento com mais produção. 

Isso resulta na depredação dos vitais ecossistemas, no aquecimento global, na erosão da biodiversidade, na degradação dos recursos hídricos. Lamentavelmente, o sistema econômico não leva em conta a premissa de que mais crescimento físico da atividade econômica significa completo esgotamento de recursos da natureza; em outras palavras, em aumento de entropia (degradação). 

Não há como negar: aumento da produção econômica (mais produtos) representa menos florestas, solo, água, ar, clima estável e, no final, mais resíduos e poluição. Para se fazer um hambúrguer de 100 gramas são necessários 11 mil litros de água. A fabricação de um jeans consome 8 mil litros de água e o equivalente a 32 quilos de recursos naturais. Esse raciocínio é bem simples: a partir de certo tamanho da economia, há mais custos (e perdas) socioambientais que benefícios (e ganhos) oriundos da produção material. 

Não por acaso, desde os anos 1960, o PIB mundial foi simplesmente multiplicado por cinco; nos anos 2000, o produto bruto mundial cresceu, em média, a um ritmo de 3,7% ao ano; entretanto, desde os últimos 60 anos, a partir do pós-Segunda Grande Guerra, quando se consolida a busca pelo crescimento econômico como paradigma supremo das políticas governamentais, mais de 60% dos principais serviços ecossistêmicos foram destruídos (transbordou) à exaustão.

Vale reiterar: esse “transbordamento” (overshoot) deve ser creditado à estapafúrdia ideia de fazer a economia (um sistema aberto dentro do ecossistema) crescer, entendendo, erroneamente, que diante disso repousa a melhora substancial do padrão de vida das populações.

Com isso, implica-se em mais poluição (a poluição dizima 1,5 milhão de pessoas ao ano ao redor do mundo), mais produção de lixo (o mundo produz cerca de dois milhões de toneladas de lixo domiciliar por dia; são cerca de 730 milhões de toneladas ao ano), considerável perda de ecossistemas/biodiversidade, consumo exagerado de matérias-primas não renováveis, mais e mais emissões de CO2 (se durante os anos 1990 as emissões de CO2 aumentavam ao ritmo de 1,3% ao ano, durante os anos 2000 esse ritmo subiu para 3,3% ao ano) e, claro, como consequência, menos meio ambiente. 

A perda de ecossistemas é gravíssima. Para ficarmos apenas num único exemplo: o maior de todos os ecossistemas, os oceanos (mares e oceanos representam 71% da superfície da Terra), estão em corrente processo de esgotamento. O Fundo de Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) já declarou que em 2048 não poderemos tirar dos oceanos nenhum recurso alimentar significativo. Mais de 90% dos estoques de peixes predadores de grande dimensão, como o atum, peixe espada e o bacalhau já foram capturados. Entre os anos 1950 e o momento presente, a pesca total em águas abertas e abrigadas passou de 20 milhões para 95 milhões de toneladas métricas.

Período “antropoceno”
As extinções de fauna e flora, fruto da ação antrópica, alcançou ritmo jamais visto no último século; razão essa que levou o Nobel de química, Paul Crutzen, a declarar que desde o final do século XVIII “entramos” no período “antropoceno”, ou seja, na era em que predomina a influência (agressão) humana sobre a biodiversidade.

Por tudo isso é urgente à necessidade de reconstruir a sociedade (e, especialmente a maneira como a economia atua em sua relação com o meio natural) em torno de outros valores, longe da sanha consumista.
Se pretendemos alcançar com eficiência a política da sustentabilidade, obrigatoriamente o sistema econômico deverá passar pela capacidade de atingir prosperidade sem crescimento. Uma vez reconhecendo que a pressão humana sobre o sistema ecológico é expansiva e dilapidadora, três fatores precisam ser contornados para essa reconstrução acontecer satisfatoriamente: i) segurar o aumento populacional (em 1900, a população mundial era de 1,5 bilhão de habitantes. 85 anos depois, o planeta atingiu 5 bilhões de pessoas e, em apenas 28 anos depois, o mundo “ganhou” mais 2 bilhões de habitantes); ii) estancar o nível de consumo e, iii) reduzir o uso de novas tecnologias voltadas exclusivamente ao aumento da produtividade do trabalho – base de aceleração da economia. 

Esse conjunto de fatores – em especial, os dois últimos - passa por “encaixar” a atividade econômica dentro dos limites dos ecossistemas. A economia não pode mais “funcionar” sob o paradigma do crescimento. Tão importante quanto isso, é o fato da economia neoclássica – fascinada pela ideia de equilíbrio e liturgicamente adepta do dogma do crescimento – reconhecer aquilo que é mostrado com bastante clareza pela segunda lei da termodinâmica (parte da física que estuda as transformações energéticas) que o “circuito econômico” não funciona no vazio, mas dentro da biosfera. 

Urge “renovar a economia” substituindo a obsessão material, privilegiando o elo social ao invés da satisfação individual, como bem apontou Hervé Kempf. Por fim, cabe perguntar: seria isso mera utopia? Não! Definitivamente, não. Utopia maior consiste em acreditar que podemos continuar no caminho atual de exploração desenfreada dos recursos naturais e que isso, num breve amanhã, não afetará os destinos da humanidade.

Marcus Eduardo de Oliveira (*)
(*) Professor de economia. Mestre em Integração da América Latina (USP). 
prof.marcuseduardo@bol.com.br

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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Marcus Eduardo: Mundo desigual


As desigualdades socioeconômicas em escala mundial são cada vez mais assombrosas. Definitivamente, o mundo está mais desigual e menos fraternal. Parece mesmo que o mundo está de cabeça para baixo – The world turned upside down, como diz a letra da música do Coldplay, e como também foi intitulado o relatório sobre as desigualdades publicado pela prestigiosa revista inglesa The Economist. 

Os números da desigualdade formam um triste cenário: um em cada dois seres humanos vive com menos de dois dólares diários; um em cada três não têm acesso à eletricidade; um em cada cinco não têm acesso à água potável; um em cada seis é analfabeto. Num mundo ocupado por 7 bilhões de pessoas, um adulto em cada sete e uma criança em cada três sofre de desnutrição. A cada cinco segundos uma criança morre de fome; embora haja terras férteis para o cultivo dos alimentos, pois, apenas como exemplo, cabe apontar que o plantio destinado para produzir alimentos para o gado nos Estados Unidos da América é de 64% da quantidade de terras próprias, enquanto que a produção de frutas e alimentos ocupa apenas 2%. Na desenrolar dos fatos e na somatória dos números, resulta que uma pessoa a cada sete padece de fome. 

Enquanto o consumo de alimentos cresce apenas para uma parte da população mundial, a outra parte se vê alijada desse banquete gastronômico: simplesmente 20% da população mundial – ou uma em cada cinco pessoas – está excluída da participação no consumo de alimentos. Nada mais que 300 milhões de pessoas no mundo têm uma expectativa de vida inferior a 60 anos; em parte, decorrente da má alimentação, além das patologias comuns pela carência de alimentos e nutrientes. 

Os números que corroboram a desigualdade mundial continuam: 35% da população mundial não têm energia e proteínas suficientes em sua dieta. Há dois bilhões de pessoas anêmicas, incluindo 5,5 milhões que habitam os países do capitalismo avançado.

No entanto, enquanto as sequelas da fome vitimam considerável parte da população, do outro lado da história a opulência dá um colorido todo especial a alguns “privilegiados”. Apenas quatro cidadãos norte-americanos – Bill Gates, Paul Allen, Warren Buffet e Larry Ellyson – poucos anos atrás concentravam em suas mãos uma fortuna equivalente ao PIB das 42 nações mais pobres que abrigam uma população de mais de 600 milhões de estômagos vazios e bocas esfaimadas. 

Essa desigualdade socioeconômica ganha contornos de aberração quando nos damos conta que 80% da riqueza mundial está nas mãos de 15% de “privilegiados”. Essa “turminha” afortunada se esbalda no consumo suntuoso. Exemplo disso? O consumo anual de cigarros, apenas na Europa, gira em torno de 70 bilhões de dólares. As diversas bebidas alcoólicas, também na Europa, atingem gastos superiores a 110 bilhões de dólares ao ano. Somente nos EUA, o gasto anual em cosméticos atinge 9 bilhões de dólares. 
De acordo com o International Institute for Strategic Studies, a quantia de dinheiro que os países ricos – especialmente os EUA - destinam aos gastos militares durante onze dias daria para alimentar e curar todas as crianças famintas e enfermas do planeta. Repetindo: apenas 11 dias seriam suficientes para eliminar a fome de inocentes crianças pelo mundo afora. 

Por fim, cabe apontar que especialistas no assunto acreditam que 200 milhões de dólares (menos de vinte vezes o que se gasta com sorvetes ao ano apenas na Europa ou o que as forças armadas dos países ricos gastam em apenas três horas de “bom trabalho” dizimando inocentes) poderiam “exterminar” (para usar um termo bem comum aos países bélicos) doenças como difteria, coqueluche, tétano, sarampo e poliomielite que, juntas, matam quatro milhões de crianças por ano. 
É por essas e outras que o mundo está cada vez mais desigual, mais injusto e mais selvagem configurando um triste cenário que agride o maior de todos os princípios: a vida humana. Até quando suportaremos um mundo tão desigual assim?

Marcus Eduardo de Oliveira 

Marcus Eduardo de Oliveira é economista, professor e especialista em Política Internacional, com mestrado em Estudos da América Latina (USP). 
prof.marcuseduardo@bol.com.br

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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Sustentabilidade do desenvolvimento


Marcus Eduardo de Oliveira (*)

A tradição da teoria econômica neoclássica recomenda o crescimento econômico como o único meio de melhorar o bem-estar das pessoas, além de propagar ser uma via possível para combater-se a pobreza e a miséria. Em síntese, pela economia tradicional basta fazer a atividade econômica produtiva se expandir – de preferência a taxas elevadas - que as oportunidades de melhoria logo estarão ao alcance de todos. 

Para tanto, na busca desse crescimento “milagroso”, como é típico do modelo econômico expansionista, ignora-se que nas pontas inicial (extração) e final (entrega de dejetos) ocorrerá danos ambientais advindos da agressão patrocinada pela atividade humana sobre os principais serviços ecossistêmicos, desrespeitando as regras de regeneração e de conservação próprias da natureza. 

Por sinal, o grande equívoco das economias modernas é justamente não saber respeitar os limites da capacidade de sustentação da Terra, menosprezando ao menos dois fatos: que os recursos ecológicos necessários para sustentar tal política de crescimento são de ordem finita; e que o sistema econômico não passa de um subsistema de algo maior, a biosfera.

Reside nisso a importância de se reverter esse modelo econômico em direção a uma estrutura econômica mais humana (longe da mecânica, próxima da termodinâmica), que seja ecologicamente equilibrada, que não sobrecarregue a base física da qual se retira o sustento da humanidade. 

Assim, cria-se a possibilidade de atender as demandas dos menos privilegiados; dos milhões de seres humanos que se encontram excluídos da economia mundial, à margem do consumo, fora da vida econômico-produtiva. 

Nesse sentido, o eixo dessa “nova economia” com característica mais humana e ambientalmente sustentável consiste em colocar, prioritariamente, as pessoas em primeiro lugar. Afinal, o que realmente importa em matéria de economia social e ecológica, pautada na busca do desenvolvimento sustentável (cuja essência é a inclusão dos excluídos) são as pessoas, convivendo num meio ambiente (biosfera) equilibrado e saudável.

Cabe ressaltar que o foco principal desse modelo diferenciado de se fazer economia reside em duas frentes: 1) embasá-lo na cooperação (que soma e inclui), daí a importância de realçar as pessoas em primeiro lugar, e não na competição (que divide e exclui), por isso o mercado não deve ser privilegiado; e, 2) Reafirmar, de antemão, que somos dependentes da natureza, por isso é imprescindível preservar o clima, a biota, os recursos e os ecossistemas visando alcançar as condições de vida sustentável. 

Nunca é demasiado aduzir, nesse pormenor, que a atividade produtiva é feita pelos homens e para os homens, contando inexoravelmente para isso com os serviços prestados pela natureza. Assim sendo, não é mais possível conceber uma economia dissociada da natureza; visto que não há atividade econômica e humana sem uso de água, energia, matéria, fotossíntese ou uso de solos e pradarias.

Para tanto se faz necessário desenvolver aspectos que permitam enxergar que o crescimento econômico – espécie de dogma central da economia convencional - deve ser visto tecnicamente apenas em termos quantitativos (entendendo que há limites para sua efetivação), enquanto que o desenvolvimento econômico responde pela possibilidade de se atingir o verdadeiro bem-estar; longe, portanto, do espectro materialista que faz a economia tradicional rezar a cartilha do crescimento.

Aceitar a premissa que o fundamental é o desenvolvimento (e não o crescimento) é colocar a atividade econômica ao lado dos excluídos da economia cujas cifras em escala mundial são escandalosamente acintosas: 1 bilhão de estômagos vazios; 1,5 bilhão de pessoas sem acesso à água potável; 19 crianças com menos de 5 anos de idade morrendo a cada cinco minutos vítima de pneumonia; 500 mil mães que morrem a cada ano na hora do parto devido a assistência médica insuficiente; 5 milhões de crianças que todos os anos não conseguem completar cinco anos de vida. 

Nesse sentido, é imperioso reforçar a ideia que a economia tem todas as condições de executar um programa de recuperação social, desde que se rompa abruptamente com a prática dominante que insiste em medir a realidade social por números e valores monetários, como se a nossa vida se resumisse a mera questão quantitativa, expressa no corolário do crescimento econômico. 

Urge mudar o eixo da economia tradicional reafirmando políticas públicas que coloquem as pessoas em primeiro lugar; afinal, o objetivo precípuo da atividade econômica é um só: dar resposta positiva à vida de todos nós. Isso só será possível quando houver a conciliação da economia com os princípios da ecologia (não ultrapassando as fronteiras ambientais), colocando as pessoas – e não o mercado – para pensar a organização socioeconômica em termos de seus fundamentos biofísicos, regendo as regras da vida social pautadas na sustentabilidade do desenvolvimento, e não do crescimento.

 (*) Economista e professor. Especialista em Política Internacional, com passagem pela Universidade de Havana, Cuba.

prof.marcuseduardo@bol.com.br

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terça-feira, 23 de julho de 2013

Economia só é sustentável quando respeita princípios

Uma economia sé é sustentável quando respeita princípios da ecologia

Marcus Eduardo de Oliveira (*)
Foi o mercado que formou o atual e devastador modelo econômico que, por se sustentar numa escala de produção crescente para “satisfazer” níveis de consumo exagerados, dilapida os principais serviços ecossistêmicos, exaurindo recursos ambientais acima da capacidade de regeneração do sistema ecológico. 
Mesmo tal nível de consumo não sendo extensivo a todos, visto estar concentrado em poucas mãos, fere substancialmente o patrimônio natural. Os números que conformam esse argumento são ilustrativos: Pouco mais de 250 pessoas, com ativos superiores a US$ 1 bilhão cada, têm, juntas, mais do que o produto bruto conjunto dos 40 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas. Os 16% mais ricos do mundo são responsáveis por 78% do total do consumo mundial. E 92 mil pessoas acumulam em paraísos fiscais mais de US$ 20 trilhões. As 500 milhões de pessoas mais ricas do planeta são responsáveis por 50% da emissão de dióxido de carbono, agravando o efeito estufa.

De acordo com o relatório “O Estado do Mundo” (elaborado pelo Worldwatch Institute), em 2008 foram vendidos no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigeradores, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones celulares. O consumo da humanidade em bens e serviços saiu de US$ 4,9 trilhões, em 1960 (calculado em dólares de 2008); para US$ 23,9 trilhões (1996), chegando em US$ 30 trilhões (2006) e, em US$ 41 trilhões, em2012.

O consumo suntuoso, conspícuo, no “idioma economês”, grassa aceleradamente, “consumindo” o capital natural do planeta. Os gastos com cosméticos ao ano -somente nos EUA- chegam à importância de US$ 9 bilhões. A Europa (com 740 milhões de habitantes) gasta com cigarros, também ao ano, mais de US$ 50 bilhões, e mais US$ 105 bilhões são gastos em bebidas alcóolicas. O gasto mundial anual em armamentos e equipamentos bélicos se aproxima de US$ 900 bilhões, enquanto apenas US$ 9 bilhões (portanto, 1% do que as grandes potências gastam para matar gente inocente) seriam suficientes para levar água e saneamento básico para toda a população mundial. 

Esse modelo econômico de elevada produção “alimentado” com exagerado consumo, como dissemos, é destruidor dos serviços ecossistêmicos. Basta atentar para o estrago generalizado nos quatro ecossistemas que fornecem nosso alimento – florestas, pradarias, pesqueiros e terras agrícolas. Especificamente, nesses dois últimos, a atividade econômica tem se manifestado ao longo do tempo de forma muito invasiva. Das 17 reservas pesqueiras oceânicas conhecidas no mundo, 11 delas possuem taxas de retirada maior do que a capacidade de reposição. Das terras firmes do mundo, quatro bilhões de hectares encontram-se deteriorados. Os últimos 50 anos de atividade econômica respondem pela depredação de 60% dos ecossistemas. 

Relacionado a isso, o crescimento populacional e, logo, de suas “necessidades”, se apresentam num ritmo mais acelerado do que a natureza é capaz de suportar. Descontadas as mortes, a cada dia 220 mil novas pessoas nascem no mundo – são 80 milhões ao ano. Nos últimos 112 anos, a população cresceu mais de 350%; passou de 1,5 bilhão, no ano 1.900, para os atuais 7 bilhões. Por isso, de 1980 pra cá, o consumo mundial dos recursos aumentou 50% - a cada ano são extraídas 60 bilhões de toneladas de recursos. 
Quando o consumo material excede o nível necessário, o bem-estar consequentemente declina. Talvez isso explique a necessidade de se criar uma nova economia, um novo modelo econômico projetado para a Terra – e não para o mercado -, sendo considerado sustentável, na acepção do termo, somente se praticar o imprescindível respeito aos princípios ecológicos. Para alcançar esse novo estágio de modelo econômico é necessário, antes, mudar o modus operandi do sistema econômico. 

É inaceitável mantê-lo da forma como está, criando cada vez mais necessidades fúteis. É assim que esse modelo se sustenta, pouco se importando em satisfazer plenamente as necessidades da população, mas sim em continuar criando novas produções para alimentar um consumismo, em geral, de futilidades, mantendo sempre em nível elevado essas “necessidades”. Para isso, estimula-se em ritmo alucinante a produção econômica, “oferecendo”, como espécie de “recompensa”, à biosfera mais poluição, mais degradação ecológica. 

A obsolescência programada (mecanismo para diminuir a vida útil dos produtos forçando assim novas vendas) ocupa considerável espaço nessa dinâmica. Apenas para ilustrar: somente em 2012, a população brasileira descartou (jogou no lixo) 200 milhões de telefones celulares. 
Junto à insidiosa indústria da publicidade (o segundo maior orçamento mundial, perdendo apenas para os gastos bélicos) a dinâmica capitalista “surfa” cada vez mais nessa onda consumista. Quem sofre com isso é o planeta que fica arranhado em sua textura principal pelas garras afiadas desse consumo voraz, ainda que restrito para poucas mãos. 

(*) Professor de economia. Mestre em Integração da América Latina (USP). 
prof.marcuseduardo@bol.com.br

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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Desenvolvimento sem escravizar a natureza

Marcus Eduardo de Oliveira (*)

Esse último século de produção econômica tem sido marcado por uma economia de acumulação que, como bem disse a ex-ministra do Meio Ambiente francês no governo de Lionel Jospin, Dominique Voynet, “não se baseia no capital do planeta, mas em seu estoque”.
Essa prática largamente difundida pela atividade econômica, além de dilapidar o patrimônio natural, degradando os serviços ecossistêmicos, fez surgir uma sociedade de mercado sem horizontes humanos. Para buscar o crescimento, como se com isso fosse possível contemplar a todos, a economia escravizou a natureza e fez do mercado de consumo um local frequentado por apenas 20% (mais ricos) da população mundial que se chafurda no consumo suntuoso.
Com a intensa dilapidação da natureza, a desertificação hoje afeta um terço da terra firme do mundo – são quatro bilhões de hectares. Segundo o estudo Avaliação Ecossistêmica do Milênio (organizado pela ONU, em 2005) ao longo dos últimos 50 anos a atividade humana esgotou 60% dos pastos, florestas, terras cultiváveis, rios e lagos do mundo. Apenas nos últimos 40 anos, 18% da Floresta Amazônica foi destruída. Das 17 reservas pesqueiras oceânicas conhecidas no mundo, mais de 60% apresentam uma retirada de peixes mais acelerada que a sua taxa de reprodução.
Nessa sociedade econômica desumana, desigual e dilapidadora das bases naturais, acentua-se cada vez mais a disparidade entre o modo de consumir dos mais ricos em comparação aos dos mais pobres. Simplesmente, 45% da carne e do peixe do mundo são consumidos pelos 20% mais ricos da população mundial. Diz o Banco Mundial que atualmente 2,8 bilhões de pessoas sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. Dois quintos da riqueza mundial estão concentrados nas mãos de apenas 37 milhões de indivíduos. Apenas dois países - Estados Unidos da América e Japão - concentram 64,3% dos indivíduos entre o grupo de 1% mais ricos do mundo. Entre os 10% mais pobres do mundo, 26,5% estão na Índia, 6,4% na China e 2,2% no Brasil. 
Enquanto aumentam as disparidades socioeconômicas, a população mundial aumenta e as economias modernas, para atender essa demanda, buscam nas elevadas taxas de crescimento satisfazer a sanha consumista dos mais vorazes. Os números que enlaçam esses crescimentos são ilustrativos. Em 1900, havia 1,5 bilhão de pessoas no mundo. Hoje, dividimos o mesmo espaço da Terra com 7 bilhões de bocas. A atividade econômica em apenas 50 anos – de 1950 a 2000 – cresceu de US$ 5 trilhões para US$ 50 trilhões (portanto, aumentou 10 vezes de tamanho). 
A produção econômica cresceu, a população consumidora quadruplicou, o mercado se expandiu e o meio ambiente, escravizado pela atividade humana, ficou fragilizado. Para atender exclusivamente esse aumento no consumo, a natureza foi totalmente desfigurada pelo modo de produção. Mais produtos, menos recursos naturais. Mais mercado, menos biosfera. Mais consumo, menos natureza. O que segue serve de exemplo: a fabricação de um jeans consome 8.000 litros de água e 32 quilos de materiais naturais. Um quilo de café cultivado requer 20 mil litros de água. São necessários 11 mil litros para fazer um hambúrguer de cem gramas. Um computador portátil pesando 3 quilos exige em sua produção o equivalente energético de 350 kg de petróleo. Para a produção de um quilo de cereais necessita-se de um mil litros de água.
Uma alternativa para conter essa agressão ambiental, emoldurada no uso intensivo de recursos naturais, seria estancar tanto o crescimento populacional quanto o consumo supérfluo. Conquanto, como é quase impossível que as autoridades econômicas dos governos modernos estanquem o crescimento econômico, uma possibilidade para fazer a vida ecológica continuar “respirando” satisfatoriamente seria promover um crescimento econômico a taxas mínimas de impacto ambiental negativo. Como fazer isso? Praticando a desmaterialização da economia. Em que consiste? Desmaterializar a economia significa promover ações que reduzam o consumo de materiais, desde a energia, água, terra, florestas e minerais em cada unidade de produção econômica. Desmaterializar é promover uma redução drástica do volume dos resíduos sólidos, diminuindo a agressão sobre a biosfera, atenuando, por consequência, a produção de lixo ao final do processo produtivo. Desmaterializar é, grosso modo, procurar por um desenvolvimento sem escravizar a natureza.
Essa limitação do crescimento econômico pela desmaterialização pode ser ajudada pelo avanço da tecnologia. Inequivocamente, a evolução da tecnologia gera desmaterialização. Entretanto, essa mesma tecnologia tem sido incentivada em sentido contrário: não para desmaterializar a atividade econômica, mas para incitar novas produções consubstanciadas na tacanha prática da obsolescência programada. Assim, aumenta-se a produção para atender ao exagerado consumo, diminuindo, na ponta final, a natureza. Na verdade, somos constantemente “engolidos” pelo consumo. Victor Hugo, célebre escritor francês, vislumbrou bem isso: “Por força de querer possuir, nós nos tornamos possuídos”.

(*) Professor de economia. Mestre em Integração da América Latina (USP). 
prof.marcuseduardo@bol.com.br

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Por uma sociedade de sustentação de toda a vida

A dinâmica do modo de produção capitalista, em sua íntima relação com a economia, centrada numa visão egoísta (pois privilegia a acumulação individual) e antropocêntrica, na qual o homem pode tudo, inclusive sobrepujar às leis da natureza, produziu um tipo de crescimento econômico dilapidador dos sistemas ecológicos da Terra, da biodiversidade, agredindo os principais serviços ecossistêmicos (água limpa, ar puro, regulação do clima, polinização das flores, semeação do solo, fotossíntese etc).

O que poderia ser um crescimento agregador, não fosse à voracidade mercadológica, consubstanciou-se num tipo de economia que, via sistema de preços, transformou absolutamente tudo em mercadoria (incluindo a vida humana, com o tráfico de pessoas e de órgãos humanos). Resultou disso um foco de tensão dicotômico entre “crescer” (sistema econômico) e “preservar o meio ambiente” (sistema ecológico).

Como a ordem que impera no mercado de consumo recomenda sistematicamente políticas de crescimento econômico exponencial, preservar o meio ambiente e a biota (conjunto de seres animais e vegetais de uma região) acabou se transfigurando numa condição que foi relegada a escanteio, de pouca relevância.

Na atualidade, a consequência disso é o severo desastre ambiental: um planeta doente, uma Terra cansada, uma economia socialmente desequilibrada, cujo retrato desse descaso ecológico/econômico se expressa na morte de espécies (uma espécie desaparece por dia), na pobreza e fome crônicas que acomete quase 1 bilhão de estômagos vazios e bocas esfaimadas (14% da população mundial) e na desertificação e desflorestamento (já foram destruídas mais de 40% das florestas tropicais).
Se a tentativa era melhorar o mundo via crescimento econômico, o que presenciamos no transcorrer dos dias é uma piora acentuada do espaço que habitamos: lixo radioativo, chuva ácida, poluição urbana, maré vermelha, excesso de dióxido de carbono (a cada minuto, 10 mil toneladas são lançadas na atmosfera) são alguns dos “elementos” de nosso atual convívio. O fato concreto é que o “homem-econômico”, no afã em saciar sua sede de consumo, estreitou relações e se entregou abertamente ao modo de produção em larga escala ora vigente nas economias de ponta, esquecendo-se, contudo, que ao patrocinar esse superconsumo abastecido por uma superprodução de mercadorias artificiais (na maioria das vezes fúteis) somente fez arrebentar os mais elementares serviços ecossistêmicos, comprometendo, sobremaneira, os processos naturais que sustentam a vida.

Isso explica, ipsis litteris, o posicionamento crítico de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU que, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos (2011), chamou esse modelo aqui descrito de “pacto de suicídio global”.
De fato, estamos todos propensos a esse “suicídio global” uma vez que, dentro da espaço nave Terra, somos todos pilotos e passageiros ao mesmo tempo, já que estamos “inseridos” na natureza. Leonardo Boff, a esse respeito, assevera que “no universo e na natureza, em todas as circunstâncias, tudo tem a ver com tudo, afinal, somos todos feitos do mesmo pó cósmico que se originou com a explosão das grandes estrelas vermelhas”.

Da terra tiramos nosso sustento e à terra devolvemos dejetos do processo produtivo (resíduo, poluição, matéria dissipada). É assim que age o sistema econômico: usa e explora os limitados recursos naturais (input) e devolve lixo (output) à natureza. Quanto mais crescimento (econômico), maior é a agressão (ecológica). Assim, aumenta a tensão entre essas correntes. Esse processo é tão agressivo que, de acordo com estudos recentes, 60% dos serviços ecossistêmicos estão degradados. Por isso crescer economicamente é sinônimo de poluir assoberbadamente.

Dito de outra maneira, produzir é também sinônimo de destruir. Não por acaso, a etimologia da palavra “consumir” (a razão de ser da produção) significa “destruir”.

Lamentavelmente, as economias modernas têm aperfeiçoado os mecanismos dessa destruição, esgotando em várias frentes o patrimônio natural (biomassa das florestas, solo arável, disponibilidade de água etc).
Na Carta da Terra, um dos mais importantes e sérios documentos elaborados pela inteligência humana, lê-se que “os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosse entre ricos e pobres está aumentando”.

No visor do relógio econômico, os ponteiros marcam um crescimento destruidor da natureza, cuja poluição e depleção dos recursos naturais talvez sejam as faces mais evidentes. É chegada a hora, portanto, de frear esse processo.

Dado o pouco espaço aqui para uma contextualização mais aprofundada, o que dissemos fica apenas para efeito da seguinte reflexão: até quando esse tipo de crescimento econômico que provoca mortes e destruição continuará vigorando? Será que, como bem pontuou o filósofo Sigmund Kwaloy, não está na hora de promover-se a passagem de uma sociedade de crescimento industrial para uma sociedade de sustentação de toda a vida?
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor, com mestrado pela (USP)
Marcus Eduardo de Oliveira
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domingo, 9 de junho de 2013

Os excluídos da economia mundial

Marcus Eduardo de Oliveira (*)

Até dezembro do corrente ano conheceremos o primeiro indicador de bem-estar e felicidade no Brasil. O Well Being Brazil (WBB), como será chamado o Índice de Bem-Estar Brasil, vai medir o nível de satisfação do brasileiro. Dez temas serão contemplados nessa análise: clima e atividades ao ar livre, transporte e mobilidade, família, redes de relacionamento, profissão e dinheiro, educação, governo, saúde, segurança e consumo.
Tal proposta está relacionada, na prática, à ideia em torno da Economia do Bem-Estar Social que se assenta numa visão de equilíbrio e equidade, evitando-se assim distorções socioeconômicas. Em outras palavras, é aquela situação em que o sistema econômico envereda-se por caminhos visando alcançar uma justa distribuição dos ganhos, tornando menos desigual, mais humana, justa e mais inclusiva à participação das pessoas dentro do conjunto da economia. 
Dito de outra forma, para uma sociedade alcançar bem-estar deve se atingir aquele estágio em que a economia cresça sem agredir os serviços ecossistêmicos, respeitando os limites do meio ambiente, além de fazer da questão social sua mais elementar prioridade. Para tanto, é imprescindível colocar as pessoas em primeiro lugar visando assegurar de forma satisfatória o atendimento pleno das necessidades dos menos privilegiados, uma vez que a economia precisa estar à serviço das pessoas, e não o contrário. 
No entanto, resta saber: quem são esses menos privilegiados? São milhões de seres humanos que se encontram “excluídos da economia mundial”, para usarmos a expressão de Amartya Sen. Colocar a economia para atender esse contingente de excluídos só faz sentido se o sistema econômico apresentar como característica precípua um modelo de organização econômica pautada na cooperação, capaz de somar e incluir. 
Enquanto a teoria do bem-estar não apresenta essa faceta, lamentavelmente aumenta-se de forma assustadora o contingente de excluídos da economia mundial. Vejamos alguns números em relação a isso: 870 milhões (12,5% da população mundial) passam fome; 783 milhões (11% da população mundial) de pessoas não têm acesso à água potável; apenas 63% dos habitantes do planeta têm acesso a saneamento básico; 1,1 bilhão de pessoas ao redor do mundo ainda fazem suas necessidades fisiológicas ao ar livre - a grande maioria (949 milhões) vive em zonas rurais. 
Mais de 28 milhões das cerca de 80 milhões de crianças encontram-se atualmente longe da sala de aula vivendo em 12 nações da África e da Ásia. Nesse pormenor, só a Nigéria tem 10,5 milhões de crianças sem estudar. 
Em 2011, 13% do total de jovens, ou cerca de 75 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos, estava sem trabalho. 
Ainda no que toca aos aspectos relacionados à saúde, todos os anos quatro milhões de pessoas morrem vítimas de malária, AIDS e tuberculose. Fora da África, apenas a malária afeta 34 milhões de pessoas, levando mais de 40 mil delas ao óbito a cada ano. No mundo, todos os dias, 7,5 mil pessoas são infectadas pelo vírus HIV e 5,5 mil morrem em consequência dessa doença. 
Em relação às crianças, 19 delas com menos de cinco anos de idade morrem a cada 5 minutos de pneumonia; são cinco milhões de crianças que a cada ano não completam cinco anos de vida. Quinhentas mil mães morrem a cada ano na hora do parto devido à assistência médica insuficiente.
Diante desse quadro terrível de degradação das condições de vida humana, é possível encontrar na atividade econômica todas as possibilidades para reverter essa situação. Que a economia do bem-estar social possa alcançar e resgatar esses excluídos da economia mundial o quanto antes. A vida agradece.

(*) Economista, com mestrado pela USP. 
Professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO (São Paulo). 
Especialista em Política Internacional (Universidade de Havana)
prof.marcuseduardo@bol.com.br

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