Qual a hora certa de entrar na escola?

Psicopedagoga explica que a criança que começa mais cedo tem muito a ganhar, porém, isso não deve acontecer por uma falta dos pais no processo de educá-la.

O Governo Federal publicou recentemente no Diário Oficial a Lei nº 12.796, que altera o texto que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.  Com a nova lei, os pais ou responsáveis devem efetuar a matrícula das crianças na educação básica dos estados e municípios a partir dos 4 anos, aos invés dos 6 anos, como pontuava o texto anterior. A mudança da idade do ingresso da criança na escola nos propõe uma reflexão. Existe uma idade ideal, um “momento certo”, para a criança começar a vida escolar? Muitas começam ainda mais cedo, quais os benefícios disso para os pequenos? A que os pais devem estar atentos ao colocar o filho na escola?

De acordo com a psicopedagoga e vice-diretora pedagógica da Escola Tempo de Criança, Larissa Machado, a idade ideal é uma dúvida frequente dos pais, porém, depende do contexto em que essa criança está inserida. “É imprescindível pensar que toda criança precisa de um ambiente harmônico e rico de estímulos para crescer e se desenvolver bem, em todos os aspectos, sejam eles cognitivo, emocional, psicomotor ou social. Ela precisa ter oportunidades de brincar das mais diversas formas, de interagir com outras crianças, de ser bem cuidada e assistida. O que vemos atualmente é uma inserção cada vez mais cedo na vida escolar, justamente porque as famílias não estão conseguindo oferecer esses estímulos necessários a um desenvolvimento saudável. Diante desse contexto a escola tem uma função essencial de garantir o que é de direito da criança”, pontua a profissional, explicando, no entanto que a escola não deve e não pode substituir o papel que é dos pais. 

A psicopedagoga explica que não há malefícios à criança entrar na escola mais cedo, porém, isso não deve acontecer por uma falta de condição, desejo, implicação dos pais no processo de educá-la, amá-la e dar conta dela. Não sendo este o caso, a criança que começa mais cedo tem muito a ganhar, como uma variedade de estímulos e oportunidades de crescimento e desenvolvimento saudável. E engana-se quem pensa que os primeiros anos de idade escolar não são importantes, e que as crianças apenas rabiscam. Machado explica que toda atividade tem um fundamento.

“A base do trabalho com as crianças pequenas é favorecer o pleno desenvolvimento das suas funções cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras. O trabalho pedagógico é voltado para o desenvolvimento, os conteúdos favorecem avanços nessas áreas, como a linguagem, o trabalho com o corpo, a socialização”, afirma ela, acrescentando que a redução da idade obrigatória a entrar na escola é uma conquista fundamental, porém, é preciso além de oferecer a oportunidade de matrícula, oferecer uma escola que tenha um trabalho pedagógico consistente e sério.