Aberto o I Seminário das Comunidades Quilombolas

Aberto o I Seminário das Comunidades Quilombolas do São Francisco  

Teve início na noite de ontem (27/8), com a participação de varias instituições e de cerca de 15 comunidades ribeirinhas, o 1º Seminário Situacional das Comunidades Quilombolas do Rio São Francisco, que acontece em Bom Jesus da Lapa, no oeste baiano. O evento, que é organizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, ocorre até amanhã, dia 29, com o objetivo de discutir sobre a problemática das comunidades e também formular um documento, a ser encaminhado aos organismos governamentais, que expresse os anseios dos quilombolas acerca da degradação do meio ambiente na bacia do São Francisco, principalmente quanto aos recursos hídricos. Temas como saúde e educação, regularização fundiária, políticas públicas, impactos ambientais; e Pacto das Águas também integram a programação do seminário.

Para o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, Claudio Pereira (que foi elogiado por sua atuação nesse órgão do CBHSF durante a solenidade de abertura do seminário), esses três dias de debate serão um marco na história do povo quilombola e de toda a sociedade sãofranciscana. Ele afirma que a escolha da cidade para sediar o seminário não foi por acaso: “No período em que os escravos foram libertados, quilombos de todo o Brasil vieram celebrar a sua liberdade aqui, em Bom Jesus da Lapa. E é daqui que sairão criticas e propostas das populações ribeirinhas para mostrar à sociedade e ao poder público a situação do rio e das pessoas que dependem dele para viver”.

Ainda na cerimônia de abertura, o representante do Conselho Estadual das Comunidades Quilombolas, João Santos, ressaltou que a presença das lideranças mostra que os quilombolas estão se organizando “para dizer um não à situação de degradação do meio ambiente”. Ele também reconheceu ser Bom Jesus da Lapa o local ideal para o debate com o seu povo. “As comunidades daqui da região têm identidade própria e há relação com o Velho Chico de pertencimento e devoção”, disse.

Na oportunidade, a coordenadora de comunicação do CBHSF, Malu Follador, que também participou da mesa de abertura, falou sobre o papel e a atuação do Comitê do São Francisco, assim como ressaltou o esforço do coordenador da CCR para deixar sempre de pé a bandeira dos povos quilombolas nos encontros e nas reuniões que acontecem pelo Brasil.

Composição da mesa de abertura - Participaram também da abertura do seminário instituições como a Fundação Cultural Palmares-MinC, a Secretaria Municipal de Políticas Especiais de Bom Jesus da Lapa, a Universidade Estadual da Bahia, as Câmaras de Vereadores de Paratinga e Serra do Ramalho, a Coordenação Regional de Quilombos, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária-INCRA e a agência delegatária do Comitê do São Francisco, AGB Peixe Vivo.

Comunidades quilombolas - Algumas das comunidades quilombolas que estiveram presentes na abertura do seminário são: Sambaiva, de Serra do Ramalho (BA); Porção de Santo Antonio, de Paratinga (BA); Lagoa das Piranhas, de Piranhas (BA); Estreito, de Serra do Ramalho; Agrestinho, de Irecê (BA); Santo Inácio, de Ibiassucê (BA); Gareituva, de Jaiba (MG); Lomba, de Paratinga (BA); Volta Grande, de Irecê(BA); Araçá, de Bom Jesus da Lapa; e Federação Quilombola de Minas Gerais.