A
decisão do Supremo Tribunal Federal de cassar o mandato do deputado e
presidente da Câmara Eduardo Cunha ainda divide o congresso. Parlamentares aliados ao peemedebista se
manifestaram logo pela manhã desta quinta feira (5) através de nota
questionando a decisão do ministro Teori Zavascki.
No
texto os deputados consideravam a decisão como uma violação dos direitos eletivos,
“monocrática”, como se houvesse uma deliberada vontade do ministro, e que
somente a câmara poderia cassar o mandato de um parlamentar. Entretanto esta afirmação acabou sendo desconsiderada pela tarde do mesmo dia, pois por 11
votos, os ministros do Supremo decidiram cassar por unanimidade o mandato de
Cunha.
O
deputado Silvio Costa (PTdoB -PE) chamou de “esdrúxula” o posicionamento da
nota dos parlamentares:
“Eu
quero ver qual deles vai ter coragem de ir para a tribuna defender a manutenção
de Eduardo Cunha. Parece que toda esta articulação é pela manutenção de Cunha
na presidência e no mandato. E como todos sabem a luta de Cunha agora é para
não perder o foro privilegiado”, acrescentou Silvio Costa.
Outros
deputados da base de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff lembravam as
alianças feitas pelos partidos da oposição com Eduardo Cunha, no
desenvolvimento do processo de impeachment. O deputado do PSDB-MG Domingos
Sávio rebateu estas afirmações dizendo que assinou um pedido à Procuradoria
Geral da República para o afastamento de Eduardo Cunha.
“Nós não vamos tratar o Cunha como herói porque
ele colocou o que era da obrigação dele em votação que era o impeachment. Cunha
haverá de responder na Justiça usando o seu livre direito de defesa, mas nós do
PSDB não faremos a sua defesa, como vocês fazem de tantos criminosos”. Disse o
deputado.
Cunha
esteve reunido à noite na sua residência em Brasília com os deputados aliados e só depois de algumas horas respondeu aos jornalistas de plantão, disse que irá recorrer da
decisão do Supremo e afirmou que espera obter êxito nesta petição sem
hipótese nenhuma de renunciar ao mandato.
A
decisão do STF repercutiu na imprensa internacional. Os jornais chamavam o
afastamento de Eduardo Cunha com os termos de “líder do impeachment” destacando
como o seu sucessor incorre em suspeitas nas investigações da polícia federal. O
New York Times afirmou que tanto a linha de substituição presidencial como o
PMDB eram riscos institucionais para o Brasil, afinal a maioria da composição do congresso foi citada na lava-jato.
O
congresso nacional percebe a perda de credibilidade com a saída e as acusações no STF contra o presidente
da câmara, com as investigações da polícia federal na operação lava-jato sobre
a maioria dos deputados, e já conversam sobre a possibilidade de fazerem novas eleições
para a presidência da casa.
Essas divisões entre os parlamentares revelam a crise política e institucional grave no país. Diferente da simplificação feita no processo de impeachment que considera a crise como atribuição de um só partido, este fato manifesta a evidência de uma crise sistêmica na política nacional, congressistas se dividem entre o apoio e a oposição para políticos suspeitos, réus e já comprovadamente corruptos.
Essas divisões entre os parlamentares revelam a crise política e institucional grave no país. Diferente da simplificação feita no processo de impeachment que considera a crise como atribuição de um só partido, este fato manifesta a evidência de uma crise sistêmica na política nacional, congressistas se dividem entre o apoio e a oposição para políticos suspeitos, réus e já comprovadamente corruptos.
Foto-capa: Marcelo Camargo / Agência Brasil.
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