Baseada em texto de Gildon Oliveira e com direção de Jorge Alencar, peça teatral conta história melodramática para pontuar situações reais que mais parecem ficção
Estreia em Salvador, em temporada de nove apresentações no Teatro do Goethe-Institut Salvador-Bahia, “Vermelho Melodrama”, espetáculo que, com muito gosto, mergulha no gênero do melodrama e que, a partir de suas típicas construções, aciona questionamentos sobre as ficções de nossa atual realidade. Baseada em texto do dramaturgo Gildon Oliveira, com direção e adaptação do diretor teatral, realizador audiovisual e coreógrafo Jorge Alencar, a peça reúne no elenco Eduardo Gomes, Fábio Osório Monteiro, Lia Lordelo, Neto Machado e Véu Pessoa. As sessões serão de 12 a 28 de julho, de sexta a domingo, sempre às 20h, com ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), já à venda em www.sympla.com.br/dimenti.
O texto original e inédito, “Vermelho rubro amoroso… profundo, insistente e definitivo!” é como uma ode ao melodrama por detalhar meticulosamente a sua arquitetura. Gênero dramático surgido no teatro francês no final do século XVIII que se caracteriza principalmente pelo acesso direto à sentimentalidade do espectador, o melodrama, desde seu nascedouro, teve grande apelo popular ao mesclar dramaturgia, música, pantomima, narrativas corporais, vaudeville e comédia ligeira. Largamente expandido na cultura brasileira, costuma ser associado a um entretenimento superficial. Aqui, a abordagem de suas estruturas e técnicas serve para entendê-lo e evidenciá-lo como fenômeno atual, que nos atravessa na rotina.
A encenação de “Vermelho Melodrama” coloca a dramaturgia do baiano Gildon em diálogo com uma série de outros autores, como Clarice Lispector, Angela Davis, Linn da Quebrada e Georges Didi-Huberman, levantando assuntos como a emoção na contemporaneidade e o direito ao afeto. O espetáculo ainda traça paralelos com os atuais acontecimentos políticos do Brasil, que mais parecem ficção melodramática com seus personagens arquetípicos, grandes revelações, reviravoltas. Amor e ódio em polaridade.
A história central, inspirada no famoso “crime do ketchup”, ocorrido no interior da Bahia em 2011, gira em torno dos órfãos Lúcio Mauro, Carlos Manuel e Lurdes Maria, que foram criados como irmãos. Segredos inconfessos, triângulos amorosos e paixões inflamadas têm como motor dramatúrgico uma carta que não foi entregue ao seu destinatário, guardando uma revelação que pode mudar o destino de todos. Numa dinâmica entre real e simulacro, as emoções são amplificadas e colocam sentimentos à frente de um pensamento exclusivamente racionalista.
A trilha sonora e direção musical são do compositor baiano Luciano Salvador Bahia, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2018 na Categoria Especial, pelo conjunto das direções musicais realizadas. Quem assina as canções é o músico e cantor curitibano Leo Fressato, autor da música “Oração”, tocada pel’A Banda Mais Bonita da Cidade, com mais de 38 milhões de visualizações no YouTube e 28 milhões de execuções no Spotify.
“Vermelho Melodrama” é uma montagem que resulta de projeto contemplado pelo Edital Setorial de Teatro, tendo apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.
PROCESSO – O processo de criação de “Vermelho Melodrama” vem sendo desenvolvido desde o ano passado, a partir de uma série de atividades em torno do gênero melodrama. O texto original em si já é fruto de uma pesquisa de mestrado do autor Gildon Oliveira no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para aprofundar o conhecimento de todos os envolvidos e demais públicos interessados, foram realizados o “Seminário Melodramando”, lançamento de livro, exibição de filme, oficina de melodrama e residências artísticas, com participação de artistas locais e nacionais convidados: Paulo Merísio, artista-pesquisador e organizador do livro “Sentidos do Melodrama”, um dos maiores conhecedores do gênero no país; a atriz Fernanda Chicolet; o cineasta Cainan Baladez; e a atriz e doutora em Artes Cênicas Jacyan Castilho.
Refletindo criticamente e artisticamente sobre a intensa presença das narrativas de teor melodramático no Brasil em diferentes plataformas – TV, cinema, literatura, rádio etc. –, o projeto buscou problematizar os preconceitos históricos sofridos pelo gênero e suas tipologias, dissolvendo insistentes pares de oposição como profundo X superficial; arte X entretenimento; popular X erudito. Como resultado, encenar um texto inédito de um baiano, fruto de longos anos de estudo, é um incentivo à nova dramaturgia e à carpintaria dramatúrgica na Bahia.
SOBRE O DIRETOR - Jorge Alencar cria com teatro, dança, audiovisual, curadoria, escrita e educação. É graduado em Comunicação Social e em Dança e mestre em Artes Cênicas. Dentre as suas obras, estão as criações cênicas “Tombé”, “Strip Tempo – Stripteases Contemporâneos”, “CHAMA” com o Balé Teatro Castro Alves (BTCA) e “Biblioteca de Dança”, e as produções audiovisuais “A Lei do Riso” (série televisiva), “Sensações Contrárias” (curta-metragem), “Miúda e o Guarda-Chuva” (curta de animação) e “Pinta” (longa-metragem). Seus trabalhos têm circulado por todas as regiões brasileiras e por contextos internacionais, bem como suas pesquisas vêm sendo desenvolvidas em residências artísticas em diversos países. Como performer, tem atuado em obras como “Desastro”, de Neto Machado, e “Retrospectiva” e “Temporary Title”, de Xavier Le Roy. Foi professor da Universidade Federal da Bahia e, desde 2013, ministra a “Oficina de Honestidade Artística” pelo Brasil. Em 2015, fez parte da comissão de jurados do Prêmio Braskem de Teatro. Em 1998, fundou a Dimenti, produtora cultural e ambiente de criação, realizadora, dentre dezenas de projetos, do IC Encontro de Artes, evento que chega à sua 13ª edição este ano. Mais informações: www.jorgealencar.com.br.
SINOPSE – Um melodrama sobre uma carta que não foi entregue. A história de três órfãos que foram criados como irmãos e cujas vidas foram atravessadas por amores inconfessos, segredos do passado e grandes reviravoltas. Em meio a tempestades de emoções, algumas perguntas vêm à tona: você acredita no destino? Onde reside a potência de uma carta nesta era digital? Como ativar emoções revolucionárias? Até quando vai o melodrama da vida política de nosso país? “Vermelho Melodrama”. Como cor de esmalte. Como transbordamento.
VERMELHO MELODRAMA
Temporada de estreia
Quando: 12 a 28 de julho, sexta a domingo, 20h
Onde: Teatro do Goethe-Institut Salvador-Bahia
Av. Sete de Setembro, 1809 – Corredor da Vitória
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Venda antecipada em: www.sympla.com.br/dimenti
Classificação indicativa: 16 anos
Peça teatral baseada em texto de Gildon Oliveira
Direção e Adaptação: Jorge Alencar
Elenco: Eduardo Gomes, Fábio Osório Monteiro, Lia Lordelo, Neto Machado e Véu Pessoa
Canções: Leo Fressato
Trilha sonora original e Direção Musical: Luciano Salvador Bahia
Direção de Arte: TANTO - criações compartilhadas
Figurino e adereços: Luiz Santana
Assistência de Direção: Larissa Lacerda e Marina Martinelli
Luz: Larissa Lacerda
Colaboração artística: Ellen Mello e Jacyan Castilho
Produção: Dimenti Produções Culturais
www.facebook.com/dimentiproducoes | www.instagram.com/dimentiproducoes
Apoio: Goethe-Institut Salvador-Bahia/ Haus Kaffee/ Guima Viagens/ Escola Contemporânea de Dança/ Escola de Dança da UFBA/ Mídia Bus/ Teatro Castro Alves
Apoio financeiro: Funceb/ FCBA/ Sefaz/ SecultBA/ Governo da Bahia
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