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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Desigualdades tornam o empreendedorismo das mulheres pretas mais vulnerável


 Além se ser minoria entre as empreendedoras, as mulheres negras precisam lidar com a inviabilização social  


No Brasil, 8,6 milhões de mulheres são donas de negócios. O número é equivalente a 33,6% do total de pessoas que empreendem no país, uma porcentagem pequena quando comparada à de homens (66,4%), mas que fica ainda menor quando é feito o recorte racial: mulheres negras correspondem a 47% do total de empreendedoras.  


Os dados apresentados pelo relatório Empreendedorismo Feminino no Brasil (2021), produzido pelo Sebrae, evidenciam um dos aspectos das desigualdades racial e de gênero existentes no país. “As mulheres têm dificuldades de empreender por conta do machismo estrutural. E as mulheres negras têm dificuldade dupla, por causa do machismo e do racismo. Além de sermos invisibilizadas, nós não temos muitas oportunidades ao nosso alcance”, relata a afroempreendedora Laís Lage, criadora da Saravá Sustentável, que há dois anos investe no setor de sustentabilidade.  


O relatório Empreendedorismo Feminino no Brasil (2021) indica que as regiões Norte e Nordeste concentram as maiores porcentagens de mulheres negras empreendedoras. Na Bahia, estado onde Lage atua, elas correspondem a 82%. Contudo, Laís aponta que aquelas que possuem negócios ligados ao ramo de produtos sustentáveis são negligenciadas.  


“As mulheres que ganham destaque no setor de negócios ecológicos são do eixo Sul-Sudeste. Os eventos que abordam a pauta da sustentabilidade, raramente chamam pessoas negras para falar, não há um recorte racial na abordagem feita sobre os negócios ecológicos”, afirma. Segundo ela, trata-se de uma invisibilização social que negligencia, inclusive, a cosmovisão das comunidades e povos tradicionais, já que entre os povos negros e indígenas a relação harmônica com os recursos naturais é um dos princípios basilares.   


Além da baixa representatividade numérica e invisibilização, Laís aponta outros entraves para sua atuação como empreendedora no setor de negócios ecológicos. “Existe uma defasagem com relação à legislação e a configuração das empresas que têm surgido, com isso muitos negócios de impacto não conseguem se adequar por não cumprir uma série de exigências que não se aplicam à sua atuação”, explica. Além disso, ela evidencia a falta de incentivos para empresas que contribuem com a diminuição dos impactos ambientais no pós-consumo, como é o caso da Saravá que aposta em produtos e embalagens biodegradáveis e compostáveis.   


O levantamento realizado pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, aponta que as desigualdades sociais existentes entre mulheres brancas e mulheres negras é outro fator que dificulta o afroempreendedorismo feminismo. De acordo com as instituições, 36% dos negócios gerenciados por mulheres negras foram fechados, ainda que temporariamente, no primeiro ano de pandemia.   


A pesquisa, que ouviu empreendedoras de todo o país, indica que a impossibilidade de atuar remotamente somada à dificuldade de acesso a crédito foram os fatores que mais contribuíram para esse cenário. O levantamento apontou que 58% das mulheres negras que solicitaram empréstimo tiveram resposta negativa, 25% por possuírem CPF negativados.  


"A Saravá participava de muitas feiras e, em algumas delas, já era reconhecida pelo público. Com a pandemia, eu precisei ser mais criativa nas redes sociais, evidenciando as possibilidades de entrega e a segurança que esse modelo teria, além de começar a produzir um site de vendas", conta Laís Lage sobre como driblou a situação e conseguiu se manter no mercado. 

 


Saravá Sustentável 


A Saravá Sustentável (@saravasustentavel) foi idealizada em 2016, quando Laís Lage não conseguia encontrar estabelecimentos em Salvador com apelo voltado à sustentabilidade, que disponibilizassem produtos ecológicos, voltados para a educação ambiental e às mudanças de hábitos no cotidiano.  


Só em agosto de 2019 a marca foi lançada. A empresa tem o propósito de mostrar às pessoas que existem alternativas para eliminar o uso de materiais que causem impactos ao meio ambiente. Através de produtos e informações, a marca fortalece a educação ambiental e a economia local, por meio de curadoria baseada na sustentabilidade e no localismo. 



Crédito foto de Laís: Felipe Natã / outras fotos: divulgação

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