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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Bienal bate recorde de público diário - 20 mil pessoas

 


O terceiro dia do evento contou com atrações de peso, como Djamila Ribeiro, Aílton Krenak, Paula Pimenta, Francisco Bosco, Manoel Soares, Raphael Montes e Tainá Müller 


Em todas as edições já realizadas da Bienal do Livro Bahia, o recorde de público em um único dia foi atingido na edição 2022, exatamente hoje [sábado, 12/11], com mais de 20 mil pessoas circulando pela área do evento. A marca de 20 mil, que representa o resultado histórico, foi alcançado pouco antes do encerramento da noite, o que significa que ela foi superada até o fechamento dos portões. Além disso, esse também foi o público máximo já registrado em um só dia no Centro de Convenções Salvador, desde que ele foi inaugurado, em janeiro de 2020. Entre as atrações que participaram dos debates e painéis, no Café Literário e na Arena Jovem, estiveram os escritores Djamila Ribeiro, Aílton Krenak, Paula Pimenta, Francisco Bosco, Manoel Soares e Raphael Montes, além da atriz Tainá Müller.


 



Aílton Krenak 


“Se você não pode voltar ao lugar onde passou sua infância é porque nós humanos estamos depredando a terra por onde passamos”. Este foi um dos alertas que Ailton Krenak, um dos grandes pensadores do país na atualidade, fez durante a mesa Escutar a terra, realizada neste sábado (12), no Café Literário, na Bienal do Livro Bahia. Krenak conta que um amigo Ianomâmi deita no chão para que a terra limpe seu corpo. Enquanto nós aprendemos na escola que a terra é suja.


Rio não é recurso (hídrico); é sagrado. Qualquer ideia de utilitarismo prejudica a relação do homem com a natureza e com os seres humanos. O sentido de utilidade se transfere para as coisas e também para as pessoas. Dizer que tempo é dinheiro e que a vida útil do trabalhador termina aos 60 anos são exemplos desse utilitarismo. “A terra não é mercadoria, montanha não é recurso mineral, completa”.


Krenak afirma que a sustentabilidade é um mito corporativo com uma narrativa que nos deixa incapazes de sair desse circuito. É preciso usar sacola de pano e não sacola plástica, mas, principalmente, é preciso parar de comprar o que não precisa. “Tem gente que já transformou o sentido de estar vivo no de comprar coisas”, sentencia. O pensador lembra que durante a pandemia, com muita gente morrendo de medo de morrer, havia um comercial de um carro inteligente que flutuava, enquanto o anúncio dizia “compre um”.


As pessoas estão sentindo necessidade de sair das aglomerações urbanas. Na Amazônia tem grupos se cotizando para comprar 100 hectares de floresta. “Somos 8,5 bilhões de pessoas no planeta, se todos forem para a Amazônia ou para a praia, será inviável.”  Para ele, é preciso parar de focar em um lugar; é preciso rever suas atitudes. 

 


Paula Pimenta


As histórias e os percalços da vida em cor-de-rosa narrados pela escritora Paula Pimenta em 2008 no livro Fazendo meu filme continuam iguais. Depois de 14 anos da criação do livro, que virou um filme e tem lançamento previsto para o primeiro semestre do próximo ano, as jovens leitoras ávidas querem agradecer a autora e saber quando sairá o próximo livro. O Encontro com Paula Pimenta, na Arena Jovem da Bienal do Livro Bahia, foi marcado pela alegria e ansiedade das adolescentes por saber quando fica pronto o próximo livro, o próximo filme, o destino dos seus personagens favoritos.


A escritora best-seller afirma que é gratificante acompanhar o crescimento das leitoras ao longo desses anos e saber que está formando leitoras. Com a produção do filme, depois de mais de uma década da publicação do livro, a questão da representatividade entrou na pauta. De acordo com Paula Pimenta, ela não gosta da ideia de mexer no material já publicado. Ela pensa em inserir essa realidade a partir de agora.


A atriz Bela Fernandes, que vai interpretar a protagonista Fani, no filme, conta que no início foi bastante criticada e chegou a ser hostilizada. O público achava que ela não tinha nada a ver com a protagonista, principalmente porque na ocasião a atriz estava com os cabelos loiros.





Francisco Bosco e Manoel Soares 


Em tempos de polarização nunca antes vista na história do nosso país, a mesa Políticas, tretas e diálogos possíveis no Brasil de hoje veio como um manual de civilidade para a nossa sociedade. O painel que aconteceu na tarde deste sábado (12), na Arena Jovem da Bienal do Livro Bahia e reuniu o ensaísta, filósofo e apresentador Francisco Bosco e o escritor e jornalista Manoel Soares, contou com a mediação da jornalista Edma Gois e apresentação de Maviael Melo. 


Com a Arena Jovem repleta, Francisco Bosco iniciou a sua apresentação fazendo uma verdadeira declaração de amor à Bahia. “Não há futuro para o Brasil sem a Bahia. É preciso que a gente resgate uma visão de civilidade que tem nesse estado o seu lugar central”, disse. 


Bosco destacou ainda que no Brasil contemporâneo há duas cosmovisões que dividem o país entre progressistas e tradicionalistas e que há a necessidade de separar aqueles que são verdadeiramente fascistas daquelas pessoas que fizeram determinadas escolhas ou expressam determinados comportamentos por estarem com muitos problemas.


“É necessário enxergar as distinções na sociedade brasileira para trazermos de volta ao campo democrático todos aqueles que não são fascistas e para que os fascistas voltem a ficar devidamente isolados e constrangidos”, afirmou. Segundo Manoel Soares, é fundamental para se estabelecer um debate intelectual a respeito da democracia tratar do machismo e do racismo que ferem há séculos o Brasil. Ele destacou, por exemplo, a ausência de pessoas negras em espaços de discussão acadêmica e frisou que isso é fruto dos séculos de escravidão em nosso país.


“Quero deixar claro que o meu desconforto não é pela presença de pessoas brancas, e sim pela ausência de pessoas negras”, disse o escritor e jornalista. Ele ressaltou ainda a necessidade de se valorizar o legado intelectual do povo negro. “O Brasil tem uma história de inteligência preta linda e ela nasceu no Pelourinho”.



Em um dos muitos momentos de beleza da mesa, Manoel Soares improvisou uma rima acompanhado de Maviael Melo ao violão, para delírio da plateia que mais uma vez lotou as arquibancadas, bancos, cadeiras e chão da Arena Jovem.


As amigas Flávia Soares e Silvana Marques, que estavam entre muitas pessoas que acompanharam o debate, deixaram o evento felizes e satisfeitas com o que viram. Elas parabenizaram a Bienal do Livro da Bahia pela iniciativa. “Toda discussão é válida. Acho muito saudável que o evento tenha nos proporcionado essa conversa num momento de tanta intolerância política no Brasil”, disse Silvana. “É interessante podermos ouvir uns aos outros e discutir política de maneira saudável e com argumentos”, complementou Flávia. 


Literatura de terror nordestina 


A Arena Jovem da Bienal do Livro Bahia se transformou no epicentro da Literatura de Terror nordestina, na tarde deste sábado (12). O painel Nordeste à meia-luz, aberto pelo músico e poeta Maviael Melo e mediado pela escritora e produtora de conteúdo Lorena Ribeiro, reuniu o paraibano Cristhiano Aguiar, o baiano Ian Fraser, além do natalense Márcio Benjamin, que falaram sobre as suas obras e os causos e influências que as inspiram.




Presente na plateia lotada, o estudante Eric Pereira contou que a mesa despertou seu interesse em conhecer os autores. Ele destacou também a importância da Bienal trazer escritores do gênero terror para o evento. "Gosto muito dessa proposta. A gente precisa conhecer os muitos autores que temos no nosso país e, especialmente, no Nordeste", disse.


De acordo com Cristiano Aguiar, que assina as obras Na outra margem, o Leviatã e Gótico nordestino, o terror, na verdade, conta a história secreta, ou não oficial, das culturas. "Essa é a história dos sonhos, medos e utopias da sociedade. Hoje essa ficção está reagindo aos problemas imediatos do nosso tempo", afirmou.


Para o romancista baiano Ian Fraser, que publicou O sangue é agreste, Noir Carnavalesco, Araruama e, recentemente, A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê, a presença de autores que trabalham suas obras a partir de lendas, causos e folclore, em um evento tão grande como a Bienal, é também uma maneira de resgatar a identificação dos leitores e valorizar o regionalismo. "O brasileiro quer muito se ver na arte porque certo tipo de arte parece ser feita só lá fora, mas não é", disse.


Já Marcio Benjamin, autor de Maldito Sertão, Fome e Agouro, destacou que o terror se utiliza de analogias e alegorias para falar de questões sociais sérias, como o racismo e outras formas de preconceito, e que muitas vezes esse artifício é a melhor ferramenta para debater certos temas. "O mundo é muito pior, às vezes, do que um livro de terror", disse. Ainda segundo Benjamin, as histórias são criadas a partir do que é dito e é muito importante respeitar o regionalismo. "Minha batalha é pela oralidade. Vamos escrever do jeito que se fala", concluiu.


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