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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Capoeiragem Mirim celebra o Dia da Consciência Negra com evento

 


Capoeiragem Mirim celebra o Dia da Consciência Negra com evento de batizado e troca de graduações


A comemoração também contará com a ação Bateria Sustentável Capoeiragem Mirim, que reúne instrumentos da capoeira feitos pelos participantes a partir de materiais reciclados


Para celebrar o Dia da Consciência Negra, o Centro de Treinamento e Estudos da Capoeiragem (CTE Capoeiragem) vai realizar uma ação especial com crianças e adolescentes participantes do Capoeiragem Mirim, projeto, patrocinado pela Braskem, que promove uma imersão em estudos e práticas da Capoeira de forma gratuita. Em clima de festa, irá acontecer, no dia 19 de novembro (sábado), na Pracinhas da Cultura, no Phoc III, Camaçari, o Batizado e troca de graduações. Na ocasião, também será apresentada a Bateria Sustentável Capoeiragem Mirim – apresentação musical de instrumentos de Capoeira fabricados pelos participantes a partir de materiais recicláveis, como berimbaus, pandeiros, agogôs, reco-recos e caxixis, utilizando resíduos sólidos como o plástico, metal e madeira. Para o evento, que acontecerá das 15h às 17h, foram convidadas presenças ilustres, como a Secretária de Cultura da Bahia Arany Santana, a Secretária de Cultura de Camaçari Márcia Tude e a Gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia, Magnólia Borges.

O evento terá início às 15h na quadra com a apresentação da Bateria Sustentável e vários pontos de jogos simultâneos reunindo os 100 jovens participantes do projeto. Após a roda de Capoeira, começa o ritual de graduação e titulação de monitores juvenis – jovens que ajudam os mestres nas aulas e buscam construir carreira dentro da Capoeira. 


O empreendedor sócio-cultural-esportivo mestre Balão, fundador do CTE Capoeiragem e criador do Capoeiragem Mirim, explica que não dá para desassociar a celebração da Consciência Negra da cultura capoeirística, como símbolo de luta, principalmente na Bahia. 



“A capoeira é a representação imaterial da resistência de um povo que teve gingado para se esquivar da opressão; opressão dos senhores de engenho no Brasil colonial, opressão da polícia no período em que a arte era contravenção, incluída no Código Penal de 1890 (até ser declarada pelo presidente Getúlio Vargas como esporte verdadeiramente nacional) e a opressão do racismo e da desigualdade que permanecem hoje como sequelas desse passado violento”.


Transformação social – Com a proposta de oferecer a Capoeira como ferramenta de educação e transformação social, o Capoeiragem Mirim já beneficiou milhares de crianças ao longo dos seus 28 anos de história. Além de Camaçari, o projeto acontece na comunidade do Bate Facho, na Boca do Rio; na comunidade do Paraíso Azul, no Costa Azul; e na Instituição Beneficente Conceição Macedo (IBCM), em Nazaré, atendendo uma média de 270 crianças e adolescentes de 4 a 16 anos, estudantes de escola pública. 


E foi na comunidade do Bate Facho que o jovem Nel, como era chamado Neriton de Araújo, com apenas 9 anos, teve o seu primeiro contato com a Capoeira quando foi assistir as aulas do mestre Touro com seu primo Dedé, por volta de 1995. Mestre Touro, que ainda não dava aulas para crianças, acabou cedendo aos pedidos dos dois meninos e montou sua primeira turma infantil. Algum tempo depois, em uma apresentação de escola, Nel conheceu Brasil e Neguinho, que já eram alunos de mestre Balão, foi convidado pelos colegas e começou a assistir as aulas até entrar oficialmente no Capoeiragem Mirim.


“A gente tem um sonho de um dia ser professor, contramestre, ganhar o cordão (graduação da Capoeira). Meu sonho era ser formado na Capoeira, mas não pensava que um dia eu ia dar aula, ser professor. Quando cheguei no cordão verde e amarelo, segundo estágio, meu colega Tomate me chamou pra ajudá-lo nas aulas, comecei a puxar o aquecimento, fazer o alongamento e comecei a sonhar em dar aula também. Às vezes, quando eles faltavam, o mais graduado era chamado pra dar aula. Quando comecei a dar aula mesmo no Capoeiragem Mirim, eu já estava na graduação azul, por volta de 2012. Vim aqui no Bate Facho e comecei a treinar alguns meninos na quadra do Imbuí e, depois, na Escolinha comunitária da Associação, mesmo lugar onde comecei com mestre Touro lá atrás”, comenta Nel, que hoje é contramestre Coruja, vive da Capoeira e dá aulas para 120 crianças e adolescentes no Bate Facho. 


Efeito multiplicador - Vendo o ciclo se completar, contramestre Coruja conta como é importante para os jovens da periferia terem contato com o mundo da Capoeira para, assim como ele, começarem a sonhar. “Tem muita coisa que acontece na comunidade, o tráfico em si, a falta de oportunidades, então, só de o jovem estar ali, sair da escola e ter pra onde ir depois, vai transformando a sua vida, porque ele passa a ter ocupação e cria a sementinha na mente de que ele pode dar aula, o sonho nasce. Além disso, através da Capoeira a gente começa a andar em outros espaços, conhecer outras pessoas, fazer novas amizades... Foi dessa forma que a Capoeira transformou a minha vida e vejo essa mesma transformação em vários alunos, porque eu entendo a realidade deles. Muitos já trabalharam comigo e hoje são homens”. 


Outro capoeirista que começou ainda pequeno no Capoeiragem Mirim do Bate Facho é o mestrando Neguinho, ex-aluno de mestre Balão que hoje mora na Bélgica, onde vive da Capoeira dando aulas. 


Além do efeito multiplicador proporcionado pela Capoeira, capaz de oferecer novas perspectivas para que crianças e adolescentes da periferia sejam cidadãos com mais oportunidades, mestre Balão destaca a relevância do projeto por oferecer um saber conectado à cultura baiana, tendo como referência as experiências afro-brasileiras e culturas populares, a partir da valorização dos antigos mestres e das tradições orais, gerando sentimentos de pertencimento e identidade para a criança. 


“Nós temos uma verdadeira missão com a Capoeira, que é proporcionar uma ferramenta pedagógica alternativa à educação formal, que recebe tantas influências das culturas eurocêntricas e norte-americanas e importa valores que não são nossos. Para além de um grupo, somos uma escola, temos um motivo para existir. Somos representados pela filosofia africana Ubuntu: ‘eu sou porque nós somos’, ou seja, não jogamos contra, jogamos com o outro. A Capoeira não impõe, não é violenta, é socializante e transformadora”. 


A segunda edição do projeto Capoeiragem Mirim realizado em Camaçari tem patrocínio da Braskem e do Governo do Estado, por meio do Fazcultura, da Secretaria de Cultura e da Secretaria da Fazenda. A iniciativa conta ainda com o marketing cultural da Polo Cultural e apoio da Secretaria de Cultura de Camaçari.


Sobre o Instituto CTE Capoeiragem - O Centro de Treinamento e Estudos da Capoeiragem, fundado por mestre Balão e mestre Papa, está presente em cinco estados - Bahia, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Sergipe - e, além do Brasil, possui centros de treinamento e estudos na Alemanha, Bélgica, Suíça e Itália. Reunindo aulas para crianças, adolescentes e adultos, o programa engloba instrumentos e musicalidade, rodas mensais, pesquisas sobre as raízes culturais da Capoeira e folguedos populares, além de viagens em diversos eventos que promovem intercâmbio cultural pelo mundo. O eixo principal de trabalho de todos os núcleos do CTE Capoeiragem é a educação com base na cultura da Capoeira. 


SERVIÇO: 

Batizado & Troca de Graduações em comemoração ao Dia da Consciência Negra

Data: 19 de novembro (sábado)

Horário: das 15h às 17h

Local: Pracinhas da Cultura | Avenida Luis Gonzaga 2812-2912 - PHOC 3, em Camaçari – BA.

Gratuito

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