Apoiado pelo Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural – Ano II, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), o espetáculo "O Museu é a Rua", produzido pelo grupo A Pombagem, conta com apresentações no Morro do Cristo (Barra) e Monumento ao 2 de Julho (Campo Grande), além de rodas de conversa.
Como nos ditirambos, encenações de teatro ao ar livre que ocorriam na Grécia Antiga, o grupo de arte popular A Pombagem levou a arte de rua para o Morro do Cristo, na Barra, na quarta-feira (17). A apresentação do espetáculo O Museu é a Rua contou com a participação de 25 artistas, se revezando em diversas performances, a exemplo da utilização de pernas de pau, da atuação de um boneco gigante, da feitura de bolhas de sabão enormes, do grafite em tela, da exposição fotográfica e da realização de uma roda de capoeira e do samba de roda.
A iniciativa integra o projeto Viva o Museu Popular, contemplado pelo Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural – Ano II da Fundação Gregório de Mattos (FGM). O grupo fará ainda mais duas apresentações do espetáculo O Museu é a Rua, em diferentes monumentos da cidade, e duas rodas de conversa temáticas na Casa do Museu Popular da Bahia, no bairro Fazenda Grande do Retiro. Toda a programação é gratuita e aberta ao público.
Plateia de estudantes – Para o diretor do espetáculo, Fabricio Brito, a arte de rua pode ser uma forte ferramenta pedagógica e de educação patrimonial, pois o teatro de rua é uma arte que se debruça sobre a cidade e sobre os elementos da cidade. “O monumento público acaba sendo um mote para as nossas dramaturgias, pois pode representar um personagem histórico interessante, um momento histórico. Ou seja, fazemos do monumento um personagem”, afirma.
A apresentação contou com a participação de um público especial, formado por quatro turmas dos colégios estaduais Nelson Mandela (Periperi) e Dom Avelar Brandão Vilela (Fazenda Grande do Retiro). “A nossa apresentação de rua pode ser uma alternativa para a escola transcender as suas metodologias de ensino. Há a metodologia que ensina no interior das quatro paredes e também aquela que pensa para além dos muros da escola, e a cultura popular pode engrossar o caldo desse processo pedagógico”, opina Fabrício Brito.
Aprendizado diferente – Para a professora e gestora do Colégio Estadual Nelson Mandela, Olívia Costa, a apresentação abre espaço para que os alunos tenham acesso ao espetáculo. “Muitos deles nunca foram ao teatro, alguns nunca estiveram no Cristo da Barra. Então, essa manifestação artística é um dia diferente de aprendizado, que suaviza a vida”, destaca.
E foi assim mesmo que aconteceu com Vitória Souza, de 15 anos, estudante do Colégio Nelson Mandela. No Cristo da Barra pela primeira vez, ela se encantou por estar conhecendo o ponto turístico da cidade e pela oportunidade de apreciar o espetáculo O Museu é a Rua. “É uma aula diferente. Eu achei que iríamos para um ambiente fechado, mas viemos para essa apresentação ao ar livre e por isso está sendo tão diferente”, contou.
Projeto – O projeto Viva o Museu Popular nasceu do Grupo de Arte Popular A Pombagem, que atua há mais de dez anos com educação patrimonial e arte de rua. A proposta é entender e apresentar as ruas e praças como espaços museais, populares, acessíveis e repletos de patrimônio vivo. O espetáculo O Museu é a Rua, uma das produções culturais do grupo, tem texto e direção de Fabricio Brito, figurino de Bia Gigante, preparação de Corpo de Leila Kissia, preparação de voz de Camila Ceuta e preparação de capoeira de Alana Alves.
Demais atividades – No próximo dia 24, às 14h, acontece a estreia do documentário “Olha o museu no meio da rua” e roda de conversa sobre o conteúdo exibido, na Casa do Museu Popular da Bahia, na Fazenda Grande do Retiro. Os convidados são Rita Maia, Vagner Rocha, Janete Brito e Gean Almeida, e a mediação é de Fabricio Brito. No dia 31, às 14h, ocorre a apresentação do espetáculo “O Museu é a Rua” no Monumento ao Dois de Julho, no Campo Grande.
Em junho, no dia 7, às 14h, na Casa do Museu Popular da Bahia, será a vez da roda de conversa sobre Teatro de Rua e Educação Patrimonial, tendo como mote a recriação cênica da Festa do Lixo. Com mediação de Fabricio Brito, o debate terá as presenças de Ana Paula Santos, Manuel Gonçalves, Eliene Benício e Manuela Ribeiro. Por fim, no dia 14 do mesmo mês, às 14h, o público poderá conferir o espetáculo “O Museu é a Rua” no Marco da Cidade, no Porto da Barra.
Prêmio – O Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural – Ano II – selecionou 13 propostas em cinco diferentes categorias, com prêmios de R$25 mil a R$100 mil. Os projetos propõem ações de preservação, salvaguarda, fortalecimento, valorização e dinamização que contribuam para a continuidade da existência de bens culturais.
Valoriza também a gestão participativa e autônoma de práticas tradicionais já reconhecidas, por meio de tombamento (provisório ou definitivo), registro especial ou inventário, pelas instâncias federal, estadual ou municipal, desde que o bem cultural esteja sediado ou tenha ocorrência em Salvador. No total, estão sendo investidos R$500 mil para a valorização do patrimônio cultural da cidade.
Reportagem: Priscila Machado/Secom
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