Agosto Dourado: mães que precisam voltar ao mercado de trabalho enfrentam desafios com a amamentação
Especialista ressalta a importância de uma licença-maternidade que garanta o período exclusivo do aleitamento materno
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Trazendo o tema "Possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham", a Campanha Agosto Dourado de 2023 tem como objetivo conscientizar e promover o aleitamento materno entre mães e pais que enfrentam o desafio de equilibrar a maternidade/paternidade com a vida profissional. Nessa perspectiva, a importância do apoio, tanto das organizações como das unidades de saúde, torna-se essencial para o sucesso dessa iniciativa.
No Brasil, a amamentação é um tema de extrema relevância para a saúde materno-infantil, mas ainda enfrenta desafios significativos. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida está abaixo da meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), atingindo apenas 27,8% das crianças no país.
As razões para essas taxas estarem ainda abaixo do ideal são diversas e envolvem fatores culturais, sociais, econômicos e de saúde. Desigualdades regionais, falta de informações adequadas, pressões sociais e a falta de políticas de apoio nas empresas são alguns dos obstáculos que as mães enfrentam ao tentar estabelecer e manter a amamentação exclusiva.
Renata Pitangueira, Coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do Hospital Mater Dei Salvador, ressalta a importância de contar com uma rede de apoio eficaz na hora de voltar ao mercado de trabalho. "A volta ao trabalho é um grande desafio para a mãe que amamenta seu filho de forma exclusiva. Mas, existem muitas questões que permeiam esse momento, entre elas, a importância de contar com um bom suporte de orientação e rede de apoio que torne possível a manutenção dessa amamentação por um período maior", pontua.
Nesse sentido, a campanha Agosto Dourado tem buscado conscientizar a sociedade e o poder público sobre a importância do aleitamento materno e das medidas necessárias para garantir uma experiência de amamentação positiva, tanto para as mães quanto para os bebês. Dentre as principais reivindicações está a adoção da licença maternidade de 180 dias, que atualmente é instituída, por lei, com duração de 120 dias, podendo a mãe tirar um tempo antes do parto ou não.
De olho nessa realidade, a especialista defende a importância da implementação de uma licença maternidade maior. “É a partir da licença maternidade de 180 dias, que as mães podem garantir ao bebê uma amamentação exclusiva e que supra integralmente as necessidades físicas da criança em seus primeiros seis meses de vida. Portanto, debater esse assunto é de extrema relevância para que não tenhamos interrupções nesse momento tão importante que é o aleitamento materno”, esclarece.
Benefícios de uma amamentação exclusiva
Por ser considerado o melhor alimento que um bebê pode ter, o leite materno protege a criança de inúmeras doenças, além de trazer benefícios à saúde não só para a criança, mas também para as mães. Ciente dessa realidade, a Rede Mater Dei de Saúde há dez anos instituiu procedimentos e protocolos internos para estimular, orientar e dar suporte às mães no aleitamento logo após o parto, sempre que há indicação para tanto. Essa ação envolve as equipes de neonatologia, ginecologia, obstetrícia e enfermagem e vem adquirindo cada vez mais adesão.
Dessa forma, alinhada com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, a Rede Mater Dei estimula o aleitamento materno no pós-parto e consegue com que em 87,5% dos casos as mães se sintam preparadas e disponíveis para viver esse momento com seus bebês.
Dicas para ajudar no aleitamento materno
É importante abordar o tema nas consultas pré-natais, tanto pelos obstetras, quanto pelos pediatras, que deve ocorrer em todas as gestações;
Ainda na sala de parto, facilitar a pega adequada pelo bebê (na aréola e não nos mamilos), evitando ferir o mamilo e possibilitando extração adequada de colostro ou leite e, assim, garantindo o sucesso da amamentação já nos primeiros dias de vida da criança;
É importante respeitar o ritmo de mamadas e sono do bebê. Após as primeiras duas horas de vida, geralmente o bebê passa por um período de sonolência, um repouso pós-parto, essencial na adaptação à vida extrauterina;
Estabelecida a amamentação, geralmente com mãe e criança já em casa, é importante comparecer à chamada “consulta do 5º dia” na qual pontos serão revistos na atenção ao bebê, incluindo então as dificuldades que porventura surgirem no aleitamento materno;
Já para as mães que estão voltando para o mercado de trabalho, a dica é não ficar tensa e nem com medo, afinal, voltar ao trabalho cedo não te fará menos mãe. Por isso, ao retornar a rotina profissional, a dica é armazenar o seu leite no freezer. Esse ato pode fazê-lo durar 15 dias no congelador, facilitando a rotina de alimentação do bebê.
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