Médico aponta cuidados urológicos que devem ser adotados por essa população
A saúde da próstata é uma questão tradicionalmente associada ao sexo masculino, mas com a evolução do entendimento sobre identidade de gênero e saúde, é essencial destacar a importância de cuidar da saúde da próstata também nas mulheres trans e em todas as pessoas que possuem a próstata, independentemente de sua identidade de gênero.
A grande maioria das mulheres transgênero tem próstata, pois não é recomendado retirá-la na transição de gênero, devido aos riscos de incontinência urinária. Assim, é essencial que elas também recebam atenção médica adequada sobre os problemas que acometem a próstata como a hiperplasia benigna da próstata, a prostatite e o câncer.
Por tomarem hormônios femininos, as mulheres trans têm uma incidência menor de câncer de próstata, no entanto, essa “proteção” vai depender do tempo de hormonioterapia, por isso, a avaliação da próstata é necessária.
“Nos casos em que a mulher trans iniciou a transição hormonal após os 40 anos, os problemas com a próstata podem ocorrer com mais frequência”, aponta o urologista Dr. Ubirajara Barroso Jr., chefe da divisão de cirurgia urológica reconstrutora do Hospital da Universidade Federal da Bahia e cirurgião responsável pela primeira cirurgia de transição de gênero pelo SUS na Bahia.
O médico explica que após os 50 anos tanto as mulheres trans quanto os homens cis precisam ir ao médico urologista para realização de exames para avaliação da próstata. “Aos que se enquadram no grupo de risco, ou seja, têm parentes de primeiro grau que tiveram o câncer de próstata, são negros ou com obesidade, a avaliação da próstata deve ser iniciada aos 45 anos”, afirma.
A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutivo masculino e desempenha um papel fundamental na produção de sêmen. Mesmo que as mulheres transgênero não usem a próstata para fins reprodutivos, esse órgão ainda pode ser suscetível a doenças como nos homens cisgênero.
“Além do câncer de próstata, enfermidades como fimose, incontinência urinária, infecções sexualmente transmissíveis e até hiperplasia prostática benigna, também podem acometer as mulheres trans. As lesões na pele do pênis também são recorrentes nesse público em razão da prática de se aquendar, que estica a pele para trás, o que pode ser um problema inclusive para a cirurgia afirmativa de gênero”, destaca o especialista.
De acordo com o Dr. Ubirajara, para as mulheres trans que passaram pelo processo da cirurgia de redesignação sexual, a ocorrência de episódios de infecção urinária se torna tão incidente quanto para as mulheres cis. Por esse motivo, o acompanhamento com o médico urologista é essencial não só ao atingir os 50 anos, mas também como forma de prevenção a doenças e infecções.
É importante tanto para os profissionais de saúde, quanto para a população em geral reconhecer a importância de oferecer cuidados de saúde que incluam a avaliação da próstata e orientações sobre o monitoramento da saúde prostática em mulheres trans para garantir que essa população tenha acesso ao atendimento necessário para uma vida saudável e equilibrada.
Dr. Ubirajara Barroso Jr., urologista
Professor livre docente da pós-graduação strictu sensu mestrado e doutorado e coordenador da Disciplina de Urologia da UFBA, professor Adjunto de Urologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, chefe da Unidade do Sistema Urinário do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (UFBA) e chefe da divisão de cirurgia urológica reconstrutora e urologia pediátrica do Hosp…
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