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domingo, 29 de setembro de 2024

Fertilização in vitro com excesso de hormônios

 
Fertilização in vitro com excesso de hormônios pode ter consequências negativas


Pesquisas recentes mostram que estimulação ovariana intensiva pode causar anomalia nos óvulos e impactar na sua qualidade


Nos últimos anos, a fertilização in vitro (FIV) é vista por casais com dificuldades para engravidar como uma das principais esperanças. A estimulação ovariana é uma das etapas do tratamento feita por meio do uso de hormônios. Mas o estudo recente “Ovarian Stimulation Protocols: Impact on Oocyte and Endometrial Quality and Function”, publicado no renomado jornal americano Fertility and Sterility, mostra que o excesso de hormônios pode prejudicar os resultados da FIV, aumentando riscos e custos sem garantir melhores taxas de sucesso.


Muitas vezes a estimulação ovariana intensiva busca obter o maior número de oócitos, que são os gametas femininos conhecidos como óvulos. Essa prática tem como objetivo garantir o sucesso do procedimento. Porém, a pesquisa aponta que o excesso de estímulo pode gerar oócitos com anomalias morfológicas e instabilidade genética, além de afetar a receptividade endometrial, considerada essencial para a implantação do embrião. 


De acordo com o especialista em reprodução assistida Dr. João Guilherme Grassi, "este trabalho evidencia que a busca por um maior número de oócitos pode comprometer a qualidade deles, ou seja, até mesmo diminuir as chances de uma gravidez bem-sucedida. Os protocolos de estimulação ovariana precisam ser cuidadosamente ajustados para cada paciente, levando em consideração não apenas a quantidade, mas, principalmente, a qualidade dos óvulos obtidos".


Mais descobertas científicas recentes contribuem para desvendar os efeitos do uso excessivo de hormônios na FIV. Um estudo publicado no jornal Human Reproduction avaliou o impacto de doses aumentadas do hormônio folículo-estimulante, chamado de FSH, em mulheres com baixa resposta prevista na FIV. A conclusão é de que o aumento da dosagem não resultou em taxas de nascimentos vivos significativamente melhores quando comparado à dosagem padrão, mas sim em maiores riscos e custos adicionais​.


 "Esses estudos trazem à tona uma preocupação sobre os efeitos adversos do excesso de hormônios. É fundamental que os médicos avaliem cuidadosamente cada caso, evitando intervenções desnecessárias que, além de onerar financeiramente, podem desgastar física e emocionalmente os casais que já enfrentam a difícil jornada da infertilidade", ressaltou Grassi.



Personalização no Tratamento


No universo da reprodução assistida os especialistas têm o entendimento em comum de que personalizar protocolos de estimulação é essencial para o sucesso do procedimento. 


"Precisamos abandonar a ideia de que mais hormônios resultam em melhores resultados. Cada paciente é única e deve ser tratada como tal. Isso significa ajustar as doses de hormônios de acordo com as características individuais, evitando exageros que só trazem mais riscos e desgastes para os pacientes", conclui o especialista.


Foto: Pexels

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