Sono interfere na saúde mental? Especialistas explicam
Higiene do sono é considerada uma das estratégias fundamentais de autocuidado
Mais do que o ganho de disposição, uma noite bem dormida pode influenciar diretamente na estabilidade mental e emocional do ser humano, afinal, o sono possui uma função restaurativa no organismo, essencial para uma melhor qualidade de vida. Contudo, nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento de pessoas diagnosticadas com algum transtorno diretamente ligado ao sono. É o que mostram os estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em que cerca de 72% dos brasileiros apontam sofrer com algum distúrbio relacionado ao sono.
Psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS), Vinicius Pedreira explica que o corpo humano passa constantemente por um ciclo chamado de Circadiano, que dura cerca de um dia e é fundamental para a reparação do organismo ao ajustar o que é preciso em uma alternância entre o sono e vigília. No entanto, interromper este ciclo regularmente durante o sono pode causar danos a longo prazo na saúde física e mental.
“Quando temos um sono não reparador, seja por curta duração de tempo ou de baixa qualidade, a longo prazo pode impactar na saúde mental mediante cansaço ao longo do dia, exaustão, irritabilidade e problemas de raciocínio que, se persistirem, podem consolidar como fator de risco para ansiedade e alterações de humor com sintomas depressivos”, explica o médico psiquiatra.
Causas
Psicóloga e professora do curso de Psicologia da universidade, Gabriela Moura aponta que alguns fatores psicológicos podem ser a causa direta de uma baixa qualidade do sono, a exemplo dos sintomas de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais, além de situações estressantes na vida familiar, social e no trabalho.
A ansiedade e o estresse, em especial, podem interferir diretamente ao provocar dificuldades para iniciar o sono ou mantê-lo. “Um sono mais agitado pode ocasionar sintomas como fadiga ou sonolência diurna, dificuldade de concentração, irritabilidade, depressão, dores musculares e outras alterações físicas, psíquicas e comportamentais”, reforça a docente.
Estratégias
Adotar estratégias como a higiene do sono, classificada como um conjunto de orientações para modificar os hábitos que possam ser prejudiciais, se tornou uma das principais recomendações. “Desligar-se dos eletrônicos, como TV, celular e tablets pelo menos uma hora antes de dormir; diminuir ruídos e iluminação no ambiente; utilizar-se de exercícios de respiração, relaxamento e meditação; ler um livro e tomar um banho quente antes de deitar-se, são algumas das atividades recomendadas para a realização de uma higiene eficaz do sono”, diz Gabriela Moura.
Vinicius Pedreira também destaca uma série de recomendações fundamentais neste processo. São elas: manter uma alimentação equilibrada; praticar regularmente atividade física; não fumar; evitar o consumo de bebida alcoólica; evitar o consumo de substâncias estimulantes ao deitar-se, a exemplo do café, chá-preto, guaraná e alimentos condimentados. “Além disso, acreditar em coisas boas e ter esperanças de bons momentos sempre trazem elementos saudáveis para conseguir dormir de forma confortável e aconchegante”, complementa o especialista.
A importância da ajuda especializada
Quando somente a higiene do sono não surte o efeito esperado, os especialistas destacam que as intervenções médicas e psicológicas são necessárias para evitar comprometer ainda mais a qualidade do sono. “Se há uma persistência dessa disfunção a partir de três noites semanais por um período mínimo de três meses de sono, causando prejuízo e não sendo reparador, é hora de buscar ajuda especializada”, pontua Vinicius Pedreira.
“Sendo o passaporte para os nossos sonhos, o sono é algo ainda muito enigmático, que tem influência de nossos desejos, vivências e restos diurnos. Deixar de dar atenção a ele é negligenciar a necessidade de exercitar esse lado tão necessário e pouco elucidado, mas que é vital para a saúde mental e física de todos”, finaliza o psiquiatra e professor da UNIFACS, cujo curso de Medicina é parte integrante da Inspirali.
0 comentários :
Postar um comentário