Varizes pélvicas x endometriose: como diferenciar sintomas tão parecidos?
Especialista vascular explica a diferença entre estas duas condições que podem causar sintomas semelhantes, mas que têm causas, diagnósticos e tratamentos distintos;
A prevalência de varizes pélvicas no Brasil não é documentada em estudos específicos, mas estudos internacionais sugerem que a prevalência de varizes pélvicas entre mulheres pode variar de 10% a 30%, com alguns estudos indicando que até 40% das mulheres com dor pélvica crônica podem ter varizes pélvicas;
São Paulo, 2 de setembro de 2024 – O que são varizes pélvicas? Segundo a cirurgiã vascular da Prime Care Medical Complex, com Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, dra. Isabela Tavares, são veias dilatadas e tortuosas dentro da pelve, que não funcionam adequadamente e levam ao acúmulo de sangue, causando a chamada “congestão venosa pélvica. Elas podem surgir por vários fatores, incluindo múltiplas gestações, alterações hormonais e anatômicas como compressões ou malformações. Já a endometriose é a presença de tecido semelhante ao endométrio (revestimento interno do útero) fora do útero. Trata-se de uma condição complexa e o desenvolvimento da doença provavelmente envolve associações genética, hormonal e imunológica.
Sintomas parecidos – A endometriose e a congestão pélvica compartilham alguns sintomas semelhantes, o que pode tornar o diagnóstico diferencial entre elas bastante desafiador. Assim como a endometriose, os sintomas das varizes pélvicas são dores crônicas na parte baixa da pelve, dores durante ou após relações sexuais e até problemas urinários e intestinais. Apesar dos sintomas comuns, as causas de cada doença e o tratamento são bem diferentes, por isso o diagnóstico preciso com exames específicos é essencial. O diagnóstico das varizes pélvicas é feito com uma avaliação clínica detalhada e complementada com exames de imagem.
“Ambas as condições afetam de forma importante a qualidade de vida das mulheres, mas as varizes pélvicas foram subdiagnosticadas por muito tempo como causa de dor pélvica crônica. Hoje, com uma maior conscientização e um crescente número de pesquisas, a discussão sobre o tema se ampliou e as varizes pélvicas têm sido diagnosticadas com mais frequência, permitindo que mais pacientes recebam o tratamento adequado”, diz a dra. Isabela Tavares.
Estudos internacionais - A prevalência de varizes pélvicas entre mulheres pode variar de 10% a 30%, com alguns estudos indicando que até 40% das mulheres com dor pélvica crônica podem ter varizes pélvicas. Considerando a população feminina brasileira em torno de 105 milhões, uma estimativa aproximada pode sugerir que entre 10 e 30 milhões de mulheres poderiam estar afetadas de alguma forma pela condição.
Como diferenciar?
Varizes pélvicas
Dor pélvica após períodos prolongados em pé ou sentada;
Piora ao longo do dia e pode aliviar ao deitar;
Sensação de peso ou pressão;
Dor persistente ou que até intensifica após a relação sexual;
Associação com varizes nas pernas e hemorroida;
Micção frequente, sensação de peso na bexiga.
Endometriose
Dor cíclica, é mais intensa durante a menstruação, mas pode ser contínua;
Sangramento menstrual abundante ou irregular;
Dor profunda durante a relação sexual;
Alterações intestinais (dor ao evacuar, constipação, diarreia);
Dor para urinar;
Infertilidade.
O tratamento principal para as varizes pélvicas é uma técnica endovascular chamada de embolização. “É importante entender o que está causando essas varizes para indicar o tratamento correto. Na maioria das vezes, as pacientes que sofrem por congestão pélvica o tratamento definitivo será pela técnica minimamente invasiva de embolização. Quando as veias dilatadas são apenas um achado de exame, a paciente deve ser orientada sobre o diagnóstico e manter acompanhamento. O uso de meias de compressão e medicação podem ser usados para ajudar no alívio dos sintomas.” comenta a dra. Isabela.
Varizes pélvicas x varizes nas pernas – Segundo o cirurgião vascular e diretor da Prime Care Medical Complex, dr. Vitor Gornati, muitas mulheres que têm varizes nas pernas e que acabam por fazer procedimentos e operações várias vezes, devem ser investigadas. “Muitas vezes as varizes pélvicas estão funcionando como uma torneira aberta que está alimentando as varizes das pernas”, reflete.
Acesso ao tratamento – Para tratar as varizes pélvicas por meio do plano de saúde é preciso aprovação prévia, pois ainda não tem um código específico na tabela de procedimentos da ANS. No SUS, o tratamento pode ser encontrado em centros de referência especializados. “A comunidade médica está trabalhando pela melhoria do acesso para todas as mulheres”, finaliza a dra. Isabela.
A importância do diagnóstico preciso é crucial para direcionar o tratamento apropriado e evitar confusões entre as duas condições. A recomendação é procurar um especialista na área vascular.
Fonte Dra. Isabela Tavares
Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cirurgia Geral pela Santa Casa de Belo Horizonte e Cirurgia Vascular e Endovascular pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia em São Paulo.
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