Começou nesta terça-feira (25) a temporada de cruzeiros marítimos em Salvador com a chegada do navio Grand Mistral. Antes, consideradas
artigo de luxo, as viagens de navio estão cada vez mais baratas e atrativas para as classes C, D e E. De outro lado estão os donos de hotéis que consideram os transatlânticos concorrentes desleais.
“Hoje é possível comprar um pacote com o valor médio de mil reais”, afirma Rogério Ribeiro, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia (ABAV-BA). As empresas de turismo também oferecem diversas facilidades de pagamento, além de minicruzeiros, com pacotes de três noites. Com isso, as classes C, D e E estão tendo a oportunidade de fazer sua primeira viagem de navio e conhecer outras cidades brasileiras e no exterior. Os preços aliados às opções de lazer, tem estimulado, principalmente, passageiros entre 25 e 35 anos, mas os idosos também são presenças constantes nos cruzeiros. Independente da faixa etária, os grupos de amigos e de familiares estão entre os queridinhos das operadoras que oferecem vantagens nos pacotes.
Oportunidade para uns, prejuízo para outros
As viagens de cruzeiros caíram no gosto popular, mas não tem agradado o setor hoteleiro, o que menos se beneficiou com os gastos dos cruzeiristas na temporada 2010/2011. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) os tripulantes gastaram cerca de R$ 16,4 milhões em hospedagem antes ou depois do cruzeiro no Brasil na temporada passada, contra os R$ 172,6 milhões lucrados pelo comércio varejista.
A ausência de uma regulamentação, a facilidade de crédito para compra dos roteiros, a possibilidade de explorar os jogos de azar e a desigualdade de tributos em relação a hotelaria são as principais queixas do setor. “Os cruzeiros são predatórios. A concorrência é desleal com os estabelecimentos que funcionam o ano inteiro, que pagam altos tributos, encargos sociais e trabalhistas”, defende Silvio Pessoa, presidente do Conselho Baiano de Turismo e do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Salvador e Litoral Norte (SHRBS). Ele reconhece que os cruzeiros são uma oportunidade para os turistas conhecerem os destinos, mas defende uma concorrência justa.
Os hotéis de três e quatro estrelas e os resorts são os que mais sentem a concorrência. “O público principal dos resorts, que eram as famílias, tem optado cada vez mais pelos cruzeiros”, aponta Ribeiro. O setor hoteleiro defende igualdade de condições de funcionamento com os estabelecimentos em terra firme. Ou seja, ter a mesma carga tributária, os mesmos encargos sociais e trabalhistas, entre outros.
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Até o dia 24 de maio 106 cruzeiros passarão por Salvador trazendo 234.414 cruzeiristas somente nesta temporada.
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