Há 204 anos, precisamente no dia 28 de janeiro de 1808, D. João VI assinou uma carta declarando abertos os portos brasileiros às nações amigas. Com isso, o Brasil pôde fechar seus primeiros negócios e acordos comerciais sem a interferência de Portugal, tornando-se comercialmente independente. Por esse motivo, a data foi escolhida para comemorar o dia do Comércio Exterior. Nesta data, é comum a divulgação pelo Brasil de balanços nacionais a respeito das relações comerciais do Brasil com outros países. Mas, o que o Economista baiano Gustavo Pessoti preferiu fazer foi um balanço das transações feitas na Bahia no último ano.
Segundo ele, o Estado registrou no ano passado um saldo comercial de US$ 3,2 bilhões, o melhor resultado da história do comércio exterior baiano. Tanto as exportações, que alcançaram US$ 11 bilhões e crescimento de 24% em relação a 2010, quanto as importações - US$ 7,8 bilhões e incremento de 15,8% - bateram recorde. “Os preços favoráveis das matérias-primas ajudaram a impulsionar as vendas lá fora. Na média, eles cresceram 20% em toda a pauta baiana em relação a 2010. Já o aquecimento da economia baiana e o dólar barato contribuíram para compras também elevadas no exterior”, destaca o economista. Preços favoráveis das commodities, em média 20% superiores a 2010 e o crescimento das economias dos países emergentes, principalmente os da América Latina e Ásia também sustentaram a demanda externa por produtos da Bahia. “Argentina e China foram os dois maiores destinos para os produtos baianos em 2011”, pontua Gustavo.
O resultado recorde das exportações foi obtido mesmo com a crise financeira que assola as principais economias mundiais, além do câmbio desfavorável durante a maior parte do ano. Sustentou a demanda externa por produtos baianos o crescimento das economias dos países emergentes, principalmente os da América Latina e Ásia. Argentina e China foram os dois maiores destinos para os produtos baianos em 2011.
Gustavo destaca que as commodities agrícolas e minerais exportadas pela Bahia foram os destaques da pauta em 2011. Petróleo e derivados lideraram as vendas com 18% de participação, seguido pelo setor de papel e celulose, com 16,4%. Destacou-se, ainda, a soja e seus derivados, com crescimento de 38% sobre o ano anterior; algodão, com 129%; cobre, com 46%; ouro, com 15%; e café, com 36%, dentre as mais importantes. “Por causa dos preços altos e da forte demanda, sobretudo chinesa, a participação das commodities nas exportações baianas aumentou de 63%, em 2010, para 69% em 2011”, pontua.
Na área dos manufaturados, o setor químico/petroquímico teve 2,5% de crescimento em relação a 2010, ocupando a terceira posição entre os principais segmentos de exportação do estado. Pneus com incremento de 42% e material elétrico com 3,5% de crescimento também alcançaram desempenho positivo. O mesmo não aconteceu com o setor automotivo (queda de 11,6%) e calçados (-13,7%). “Comprometeram o desempenho do setor industrial o câmbio valorizado, que fortaleceu a entrada de importados, os juros altos e a pressão de custos, que gerou perda de competitividade em diversos setores”.
Balanço por município
O município de Camaçari liderou o ranking de municípios exportadores da Bahia em 2011, com vendas ao mercado externo totalizando US$ 2,34 bilhões, o que representou 22,3% do total das exportações baianas no período. “Apesar da liderança, o município perdeu 5,8 pontos percentuais de participação no total das vendas externas do estado comparado a 2010, por conta da queda de 11,6% nas exportações do setor automotivo e do baixo crescimento do setor químico/petroquímico (2,5%)”, declarou Pessoti.
A indústria, com forte participação na economia de Camaçari, teve em 2011 um ano difícil, marcado pelo aperto do crédito; câmbio valorizado, que fortaleceu a entrada de importados; e uma pressão nos custos da folha de pagamento, que cresceu acima da produtividade no setor, comprometendo o desempenho da atividade.
Com exceção de Itagibá, que em função do início das operações da Mirabela Mineração iniciou as vendas de minério de níquel em 2011, o município que teve maior incremento nas vendas externas em 2011 foi o de Correntina, com 104%. A cada ano com maior destaque na exportação de produtos agrícolas, Correntina se destacou no ano passado com embarques do complexo soja (grão, farelo e óleo) e algodão, que teve em 2011 destaque não visto na pauta de exportação do estado há muitos anos, graças a preços recordes no mercado internacional.
Com o boom dos preços das commodities, todos os municípios produtores de grãos e minérios tiveram bom desempenho. “Estão ainda entre os maiores municípios exportadores em 2011 São Francisco do Conde (petróleo, propeno) com US$ 2,05 bilhões e crescimento de 45,4%; Mucuri (celulose, papel, mamão) com US$ 940 milhões (+2%); Luis Eduardo Magalhães (soja, algodão, café, mamão) com US$ 924,6 milhões (+90,1%); Dias D’avila (catodos e fios de cobre) com US$ 875 milhões (+44%); e Eunápolis (papel e celulose) com US$ 491 milhões e +11,4%. O município de Salvador (químicos, plásticos, óleos vegetais) ocupa a 10ª posição no estado, com vendas de US$ 202,35 milhões correspondente a apenas 1,93% do total das exportações da Bahia no período”, retala o economista.
“Com relação às importações, Camaçari também lidera com expansão de 17,3% e 42% de participação no total adquirido no exterior pelo estado em 2011. Seguem-se Dias D’avila, São Francisco do Conde e Salvador que registra compras principalmente de trigo, circuitos integrados, tela para computadores, papel jornal e unidades de disco ópticos”, relata o economista.
Para 2012, as perspectivas para as exportações estaduais só devem se alterar se houver um recuo muito forte no crescimento da economia mundial, principalmente nas duas locomotivas internacionais: EUA e China. “Entretanto, a magnitude do crescimento das exportações ainda é uma incógnita, dado o cenário de recessão esperada para a zona do euro, além do baixo crescimento dos Estados Unidos e da desaceleração chinesa”, conclui Gustavo Pessoti.
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