Por 15 pesos (US$ 1,15) ao mês, os usuários podem realizar todas as chamadas locais que quiserem com uma única condição: não devem falar mais de cinco minutos para que as 11 linhas não fiquem saturadas.
Apesar de nenhuma empresa de telefonia celular ter se aventurado em seu povoado, escondido entre as montanhas do sul do México, Ramiro pode telefonar a seus filhos graças à primeira rede criada por e para indígenas no país.
"Bem-vindo à Rede Celular de Talea (RCT), para se registrar vá à rádio com esta mensagem", diz um texto que chega automaticamente aos usuários de telefonia móvel que visitam o povoado de Sierra Norte de Oaxaca.
Os habitantes da Villa Talea de Castro, majoritariamente indígenas de origem zapoteca, vivem do cultivo do café, apesar de muitos jovens migrarem frequentemente a grandes cidades e até para os Estados Unidos em busca de melhores oportunidades.
"Tenho dois filhos que vivem fora do povoado e pelo menos dois ou três vezes por semana me comunico com eles", conta Ramiro Pérez, 60 anos, um funcionário de um restaurante, convencido dos benefícios que a tecnologia trouxe a seu povoado.
"Além disso, meus clientes me pedem comida por telefone. Por apenas 15 pesos (US$ 1,15) ao mês, faço e recebo todas as chamadas necessárias para meus assuntos familiares e para meu negócio", acrescenta o homem, que até três meses era usuário constante das cabines telefônicas que cobravam "até dez pesos por minuto".
Por considerar pouco rentável, as grandes empresas de telefonia celular se negaram durante anos a prestar seus serviços em Talea, mas a população adotou um sistema e criou sua própria companhia.
O modelo vem da organização Rhizomatica, que busca levar a comunicação móvel a áreas marginais por meio de um equipamento de sistema global (GSM) de baixo custo, software livre e tecnologia Voip (Voice over IP), que permite transmitir voz de forma digital por meio da internet.
Buscamos "utilizar todos os fragmentos do espectro radioelétrico que existem por todo o espaço aéreo mexicano e que as concessionárias telefônicas se negam a utilizar por inviabilidade financeira", disse Israel Hernández, um dos pioneiros do projeto.
Os indígenas obtiveram uma licença de dois anos da estatal Comissão Federal de Telecomunicações (Cofetel) para testar o equipamento, proporcionado por uma empresa americana. Assim nasceu a RCT, que utiliza o espectro radioelétrico para chamadas locais e internet para se comunicar com o restante do mundo.
(Terra)
Foto: AFP
0 comentários :
Postar um comentário