O movimento de composição musical da Bahia terá participação de destaque na XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea (Minc-Funarte), que acontece entre 27 de setembro e 6 de outubro no Rio de Janeiro, com a participação de nove compositores da antiga e da nova gerações, atestando a vitalidade do processo de formação de compositores na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. O evento reúne compositores, maestros, importantes solistas e orquestras de todo o país, em torno da pesquisa de criação musical brasileira.
A Bahia comparece nesta edição do evento como o segundo Estado com maior representação, só superada pela delegação paulista. Entre os compositores baianos selecionados estão Paulo Costa Lima, Wellington Gomes, Fernando Cerqueira e Agnaldo Ribeiro. Já a nova geração estará representada pelos compositores Pedro Augusto Dias, Guilherme Bertissolo, Juliano Serravalle, Paulo César Santana e Danniel Ferraz.
Merece registro especial o feito dos estudantes Juliano Serravalle, Paulo Santana e Danniel Ferraz, que ingressaram na UFBA em 2009, e apenas quatro anos após o início dos estudos, conseguiram vencer tão acirrada competição em nível nacional, disputando com cerca de 500 candidatos de todo o país. O feito evidencia a qualidade atual do ensino de composição na Escola de Música da UFBA.
A Bienal
As Bienais de Música Brasileira Contemporânea são organizadas pelo Centro da Música da Funarte, dividido em três coordenações que apresentam formas análogas de atuação. Editais públicos sob a sua responsabilidade promovem a edição de livros e de gravações sonoras; o apoio a festivais, apresentações e mostras de música; o fomento à criação e à produção de obras, produtos e projetos; o estímulo à circulação e à divulgação de trabalhos musicais diversificados; a qualificação e a difusão de conhecimentos e a capacitação, aperfeiçoamento e circulação de artistas e técnicos; a articulação do setor musical em redes; a promoção de debates acerca das políticas públicas para o campo da música; a realização de cursos de breve duração.
A apresentação abrangente das mais variadas correntes que povoam a música erudita brasileira, sem privilégios estéticos ou ideológicos, é a característica mais importante da Bienal. Se o concurso para a anterior Bienal recebeu 384 inscrições, agora, elas elevaram-se a 534, o que demonstra o interesse manifestado pelos compositores por essa iniciativa da Funarte. As encomendas de obras foram realizadas de uma forma nova: os próprios compositores foram chamados a votar naqueles que consideram mais representativos da atual produção musical brasileira, no gênero erudito. Um colégio eleitoral de 67 compositores e regentes foi pela primeira vez reunido, para escolher os contemplados com encomendas.
Os compositores selecionados
Paulo Costa Lima - expoente da música contemporânea produzida na Bahia, contabiliza mais de 1.200 obras compostas, entre 1963 e 2013\\\\ por um coletivo de mais de 50 compositores. Inspirou e incentivou a atuação recente da OCA − Oficina de Composição Agora. Para esse acervo contribui até hoje com 100 obras, que geraram 350 performances em muitos centros musicais. Como pesquisador do CNPq, foca a relação entre composição e cultura, a rítmica afro-baiana e o ensino do compor. Já publicou cinco livros que aprofundam esses temas.
Guilherme Bertissolo - mestre e doutor em composição musical pela UFBa, teve obras premiadas no II Concurso Nacional Ernst Widmer, no 10º Concurso Carl Von Ossietzky, na Alemanha, e foi finalista do Concurso Camargo Guarnieri de Composição. Estreou outras obras em eventos como o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, a Bienal de Música Brasileira Contemporânea e a Bienal Música Hoje. É professor de composição e teoria na Escola de Música da UFBa, co-editor da ART Review e membro atuante da Oficina de Composição, associação civil que produz, registra e divulga música contemporânea.
Agnaldo Ribeiro - professor aposentado da/ Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, onde coordenou o Colegiado de Composição e Regência, foi chefe do Departamento de CLEM/EMUS e vice-diretor. Obras suas foram premiadas e são apresentadas em concertos e festivais de música contemporânea na Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, e ainda na Grécia, Alemanha, Argentina, Chile e outros países.
Juliano Valle - graduando do curso de composição e regência da UFBa, é habilitado em composição, orientado por Paulo Costa Lima e Agnaldo Ribeiro. Participou de masterclasses com Jon Appleton, Antonio Borges Cunha, Paulo Chagas, Ernst Helmuth Flammer e Felipe Lara. Foi bolsista do CNPq e da Fapesb, quando realizou pesquisas sobre o ensino de composição na Bahia.
Paulo César Santana - graduando em composição e regência pela UFBa, teve como mestres Paulo Costa Lima, Agnaldo Ribeiro e Wellington Gomes. Participou de masterclasses com Jon Appleton, Antonio Borges Cunha, Paulo C. Chagas, Ernst Helmuth Flammer e Felipe Lara. Como bolsista do CNPq, realizou a pesquisa intitulada “Estudo sobre ‘modos de compor’ dos estudantes do curso de Composição da Escola de Música da UFBA”, orientado por Paulo Costa Lima.
Danniel Ferraz - cursa o bacharelado em composição e regência na Universidade Federal da Bahia, orientado por Paulo Costa Lima, Wellington Gomes e Agnaldo Ribeiro. Participou de masterclasses e de cursos com Jon Appleton, Felipe Lara, João Pedro Oliveira, Antônio Borges-Cunha, Helmuth Flammer, Jaime Reis e Paul C. Chagas. Como bolsista, integrou projetos voltados para o ensino da composição musical na Bahia e sobre difusão de música de concerto contemporânea baiana.
Fernando Cerqueira - fez sua formação musical em Salvador e diplomou-se em composição pela Escola de Música da UFBA, em 1969, tendo Ernst Widmer como principal professor. Mestre em Teoria da Literatura pela UFBA, atuou como professor e clarinetista, em Salvador e Brasília, integrando conjuntos de câmara e orquestras. Membro fundador do Grupo de Compositores da Bahia e da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea, participa de bienais e festivais, e recebeu diversos prêmios. Além de ter obras gravadas e partituras editadas, é autor de dois livros sobre temas de música e literatura.
Wellington Gomes - doutor em composição e professor de Composição, Literatura e Estruturação Musical na graduação e no programa de pós-graduação (mestrado e doutorado) da Escola de Música da UFBa, da qual foi vice-diretor em 2003 e 2004. Participa de diversos eventos e concertos dedicados à música contemporânea brasileira, e suas obras são executadas por orquestras e conjuntos, no Brasil, Costa Rica, Estados Unidos, Qatar e na Europa. Recebeu o 1º Prêmio na XIV Apresentação de Compositores da Bahia, em 1981, no I Concurso Nordestino de Composições Camerísticas (1984) e no IV Concurso Nacional de Composição, em Salvador (1989); o 3º Prêmio no III Concurso Nacional de Composição Heitor Villa Lobos, em Brasília (1987); o “Prêmio Público” na XVIII Apresentação de Compositores da Bahia (1987). Seu repertório inclui obras para instrumento solo, música vocal, música de câmara, orquestra e banda sinfônica, solo ou coro e orquestra.
Pedro Augusto Dias - professor assistente de composição, arranjo, percepção e contraponto na Universidade Federal da Bahia, onde faz doutorado. Dentre as distinções mais recentes que recebeu, destaca-se o Prêmio Fernando Burgos, com a obra Toadas, gravada pela Orquestra de Violões da UFBA, sob a sua regência. Atuou como compositor, instrumentista e/ou arranjador com as Orquestras Sinfônicas da Bahia e da UFBA, a Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia, a Orkestra Rumpilezz, o Grupo Garagem, Nelson Veras, e com intérpretes como Mou Brasil, Mônica Salmaso e Maria Bethânia. Tem composto música para cinema (O Jardim das Folhas Sagradas, Lindeiras e outros títulos) e para audiovisuais de clientes como a Intrépida Trupe, The New York Times e o canal de TV Food Network.
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