Após a abertura da 3ª Bienal da Bahia em Salvador, foi realizada na tarde desta sexta, 30.05, a abertura oficial no interior do Estado. O cenário foi a Fazenda Fonte Nova – a 30 km de Feira de Santana -, onde o poeta baiano Eurico Alves viveu e encontrou inspiração para escrever.
Transgredindo os modelos tradicionais, a abertura aconteceu em forma de ocupação artística da fazenda, e começou com a realização da 50ª edição do Projeto Terra, capitaneado por Juraci Dórea, artista e idealizador da identidade visual da 3ª Bienal da Bahia.
O projeto Terra, que acontece desde a década de 1980, consiste na criação de esculturas e pinturas pelo sertão nordestino. A primeira obra desta edição, a escultura Homenagem à Fazenda Fonte Nova, além de integrar o acervo da Bienal, traz um aspecto diferente. “A obra reforça a relação de memória entre a Casa Museu Eurico Alves, localizada na fazenda, e o projeto Terra”, complementa Dórea.
Outra atividade realizada foi a leitura dos poemas Elegia para Manuel Bandeira, de Eurico Alves, e Escusa, de Manuel Bandeira. Com todos em volta de uma fogueira, em um clima típico do interior, a professora universitária Antônia Rera leu o primeiro poema, um convite feito pelo poeta baiano ao pernambucano para ir a Feira de Santana. Sensibilizado, Manuel Bandeira responde com o poema Escusa, recitado no momento pelo artista visual Paulo Bruscky.
“Eurico convidou Manuel para Feira de Santana e a 3ª Bienal da Bahia convida todos para o interior. Foi pensando nisso que escolhemos esses poemas”, diz Bruscky. Já para Maria Eugênia Boaventura, filha de Eurico Alves, abrir a casa da família para visitação pública pela primeira vez foi uma experiência de troca. “É um prazer compartilhar com as pessoas um pouco da trajetória do meu pai e seu interesse pelas questões físicas e culturais do sertão nordestino”, pontua.
Bienal no interior
Diferente de outras propostas curatoriais, a 3ª Bienal da Bahia não se concentra apenas na grande capital, sua itinerância reforça a cultura existente em cada parte da Bahia, diz o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim. “A Bienal vai até a Bahia profunda. Com isso, reconhecemos que a cultura não está apenas em Salvador, mas sim em cada canto do Estado. Esse reconhecimento é imprescindível para a descentralização da produção artística e cultural na Bahia”, revela o secretário.
Fernando Santos, estudante de Letras da Universidade Federal de Feira de Santana (Uefs), confessa que se deslocou do centro da cidade até a fazenda por reconhecer a importância de um evento como esse. “Sou apaixonado por artes, mas, mesmo se não fosse, viria aqui. Há poucas atividades como essa, e por isso seria um desperdício não aproveitar, ainda mais pela visibilidade que traz para a cidade”, pontua.
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