Mostra ressalta a importância da folha no universo da cultura afro-brasileira.
A exposição do fotógrafo e artista plástico Alexandre Mury estará em cartaz na Roberto Alban Galeria de Arte a partir do dia 7 de maio.
O fotógrafo e artista plástico fluminense Alexandre Mury abre nesta quinta-feira, dia 7 de maio, a partir das 20 horas, a mostra “O Catador na Floresta de Signos”, que é resultado de sua incursão artística e filosófica sobre o universo afro brasileiro a partir de uma pesquisa realizada, durante dois meses, na capital baiana. A exposição fica em cartaz até o dia 6 de junho, na Roberto Alban Galeria de Arte, no bairro de Ondina, de segunda a sexta, 10h às 19h; sáb, 10h às 13h.
O trabalho de Mury resultou na composição de 12 orixás, numa leitura livre baseada na simbologia das folhas associada à figura humana (no caso, ele próprio). Em sua pesquisa em território baiano, o fotógrafo quis investigar o tema religioso a partir do contato próximo com as pessoas que vivem o candomblé no seu cotidiano, levando para sua vida essa influência decisiva. “Eu tinha uma ideia na cabeça, mas quando cheguei em Salvador tudo mudou. Mudou na construção e no próprio sentido da obra que eu imaginava fazer”, atesta ele, ressaltando a importância do processo no resultado final.
E este resultado, segundo ele, decorre da sua atenta observação sobre a apropriação dos signos e significados do candomblé pelos baianos. “Aqui, mesmo quem não é do candomblé acaba incorporando alguma coisa do candomblé no seu dia a dia”, observa Mury, que diz ter procurado em seu trabalho a busca da ancestralidade no que ela tem de mais essencial. Nesse ponto, entra como fio condutor da mostra o elemento natureza, particularmente, as folhas.
A pesquisa feita por Mury levou em conta todos os tipos de folhas utilizadas nas cerimônias e práticas religiosas ligadas ao culto afro-brasileiro, incluindo também as folhas usadas na medicina popular. “Estudei e elaborei tudo o que estava relacionado com esse aspecto do candomblé. Por isso, digo que essa exposição não é resultado de um trabalho plástico, mas de uma investigação etnográfica”, afirma.
O curador da mostra, Roberto Conduru, considera esta nova investida de Alexandre Mury não só artística como também política ao propagar novas imagens de divindades afro-brasileiras. Com isso, segundo diz, Mury “reitera a vitalidade do candomblé, a atualidade de sua cosmovisão e de seu imaginário sacro. E reafirma a necessidade de difundi-los publicamente em uma conjuntura social marcada por cerceamentos e perseguições às religiões com matrizes africanas no Brasil.”
Para Mury, a série baseada nos Orixás do candomblé é um grande desafio em sua trajetória artística. “Não sou de Salvador, não sou religioso, mas tratei o tema de uma forma extremamente reverente”, resume ele, que é natural de São Fidelis (RJ) e tem em seu currículo exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior, com obras integrando a Coleção Gilberto Chateaubriand e Caixa Cultural/RJ.
Serviço
Mostra: O Catador na Floresta de Signos/ Alexandre Mury
Abertura: 07/05/2015, às 20 horas
Visitação: 08/05 a 06/06 de 2015 (segunda a sexta, 10h às 19h; sáb, 10h às 13h)
Local: Roberto Alban Galeria
Endereço: Rua Senta Pua, 53 Ondina Tel. 3243-3982/ 3326-5633

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