O presidente do senado
Renan Calheiros (PMDB-AL) ameaçou na tarde de ontem (09) suspender a votação
sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Isto tudo porque membros da
Comissão de Constituição e Justiça queriam adiar o julgamento de cassação do
senador Delcídio Amaral.
Renan afirmou que o
processo envolvendo o caso de Delcídio tramita no senado já algum tempo e que qualquer
procrastinação da casa seria interpretada como uma semelhança ao processo da câmara
dos deputados no caso Cunha. Disse ainda que não cabe a CCJ levantar durante o
processo provas contra qualquer pessoa diante do julgamento.
O caso gerou repercussão
porque o senador do PSDB Aloysio Nunes pediu aos membros da Comissão que trouxessem
ao processo partes da delação feita por Delcídio que continua em segredo de justiça
pela Procuradoria Geral da República, o que talvez comprometa diretamente a
pessoa do senador Renan Calheiros, uma vez que o senador é citado junto com as principais cúpulas do PSDB e PMDB por Amaral em esquemas envolvidos com a
corrupção na Petrobrás.
“Vossa Excelência não
vai dizer qual é meu papel”, respondeu Aloysio. “Penso. É minha opinião, que,
para eu poder votar, em sã consciência, precisaria ter conhecimento desses
fatos. Apenas isso. Por isso, requeri que a CCJ oficiasse à Procuradoria da República
para que nos enviasse o conteúdo desse aditamento. Fatos novos que ocorreram! É
isso que eu quero saber. Não há prejuízo nenhum para ninguém. Pelo contrário,
há o benefício da instrução”, informou o senador tucano.
Leia na íntegra a delação de Delcídio Amaral:
http://estaticog1.globo.com/2016/03/15/DELACAODELCIDIO.pdf
Leia na íntegra a delação de Delcídio Amaral:
http://estaticog1.globo.com/2016/03/15/DELACAODELCIDIO.pdf
Diante da ameaça feita
por Renan Calheiros, senadores começaram a apressar o rito para a cassação do
senador afastado Delcídio Amaral, o requerimento já ganha status de caráter
emergencial com a pressão operada pelo peemedebista. Os membros da CCJ
reuniram-se de forma extraordinária no próprio plenário da casa e decidiram aprovar
o requerimento do Conselho de Ética, pedido mediado pelo senador Romero Jucá
principal aliado do vice-presidente Michel Temer e provável ministro do futuro governo.
“acho que algumas
pessoas querem que o senador Delcídio participe do impeachment, mas eu manterei
minha isenção”. Afirmou Renan no plenário.
Para a base de governo
da presidente Dilma Rousseff a ameaça de Renan reflete a crise instaurada nas
principais câmaras federais do país, outros setores do senado argumentavam nos
bastidores um suposto “acordão” do PSDB com Delcídio, na tentativa de minimizar
as acusações feitas na delação contra o líder da sigla o senador Aécio Neves. Já o senador Aloysio
Nunes considerou esta fala como uma infâmia e disse que não fazia nada pensando
em trazer Delcídio para a votação do impeachment.
“a informação que tenho
é que ele está de licença médica, a decisão da CCJ não tem nada a ver com isso (Impeachment)”.
Afirmou Nunes.
Para Delcídio a
celeridade da cassação do mandato dele proposto pelo senador Renan Calheiros é
duvidosa, pois nas palavras dele a certeza de um erro cometido durante o
mandato de senador não é motivo para haver sua cassação.
“Eu não roubei, não
desviei dinheiro, não tenho contas no exterior, estou sendo acusado de
obstrução da justiça, e isso quando líder do governo, mas agi a mando, errei mais
vou perder o mandato?”. Disse Delcídio na Comissão.
Fato é que a estranheza do acontecimento de
ameaça do senador Renan Calheiros demonstra novamente como as articulações são
pensadas no congresso federal, as conversas internas do senado diante de todo processo
tramitado revelam interesses no mínimo capazes para serem pensados como escusos.
O senado agora deve apressar a cassação do senador Delcídio Amaral e a
votação deve ocorrer na tarde desta terça-feira (10).
Foto-capa: Reprodução Istoé
Foto: Geraldo Magela / Agência senado.
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