Peças inservíveis são reaproveitadas até pela indústria de joias.
O que você faz com os equipamentos eletrônicos que se quebram em casa e não têm mais condições de serem recuperados? Monitores, teclados, CPUs, telefones, impressoras e outros aparelhos inservíveis descartados pela população baiana podem ter sua matéria-prima reaproveitada pela indústria do Brasil e do exterior. Em Salvador, a iniciativa vem sendo estimulada pelo programa Recicle Já Bahia, da Superintendência de Patrimônio da Secretaria de Administração do Estado (Saeb), que disponibiliza para a população baiana 10 caixas coletoras de eletrônicos em unidades do Centro Administrativo da Bahia e sua área de influência (ver lista abaixo).
De 2014 até hoje, o programa viabilizou a coleta de 6.835 equipamentos e peças. O cartucho de impressora foi o item mais descartado: (1.529), seguido dos drivers (1.375), teclados (849), cabos (646) e mouses (499). A lista de resíduos eletrônicos, entretanto, é variada, e tem espaço para calculadoras, gravadores, máquinas de escrever elétricas e até aparelhos de vídeo game. A Cooperativa de Coleta Seletiva Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (CAMAPET) recolhe o material descartado nas caixas coletoras, realizando a separação, triagem e acondicionamento das peças, vendidas para uma empresa de São Paulo, a Ultra Polo Metalplástica, certificada e licenciada ambientalmente para atuar na área de refugos e sucatas.
Metais preciosos - O reaproveitamento dado aos resíduos eletrônicos é dos mais variados. Na placa-mãe de um computador, por exemplo, é possível encontrar metais preciosos como ouro e prata, que servem à indústria de joias. “A tecnologia para a extração destes metais não existe no Brasil; por isso, a Ultrapolo tritura as peças enviadas pelas cooperativas, acondiciona em containers e envia para a Europa, onde o material é submetido a um processamento químico que permite o aproveitamento dos metais”, ensina a coordenadora do Recicle Já Bahia Vanuza Gazar dos Reis (Supat/Saeb).
Por conta da presença dos metais preciosos, o quilo de uma peça como a placa-mãe custa em média R$ 10,00, enquanto outros tipos de placa chegam a custar apenas R$ O,50. “O trabalho de separação realizado pelas cooperativas permitiu a elas conseguirem um melhor preço para os resíduos; em alguns casos, o percentual de incremento do valor agregado chegou a 900%”, explica Camila Musser, do Instituto Gea, responsável pela capacitação dos catadores da CAMAPET e de outras cooperativas. Os primeiros treinamentos foram realizados pelo Instituto em parceria com o Laboratório de Sustentabilidade da USP em 2013, dentro do projeto Descarte Legal, mantido com recursos do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal. Em 2014, o Programa Recicle Já aderiu à iniciativa, instalando as caixas coletoras e estimulando órgãos públicos e servidores a participar da campanha.
“O volume de material, porém, ainda é pequeno, acho que muito mais gente poderia usar as caixas para descartar os resíduos”, acredita a presidente da CAMAPET, Michele Almeida. Para os interessados, há caixas coletoras na Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), nos halls de entrada da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), Secretaria de Administração do Estado da Bahia (Saeb) e ala norte do prédio da Governadoria; nos prédios da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb), da Desenbahia, INEMA, Parque Tecnológico, Justiça Federal e Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM).
0 comentários :
Postar um comentário