Na manhã desta segunda-feira (23) foram divulgadas pela
imprensa partes de uma conversa telefônica envolvendo o ministro do planejamento, Romero Jucá e o ex-presidente
da Transpetro, Sérgio Machado, nela os dois fazem declarações sobre articulações
para sustentar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, bem como a citação de outros políticos envolvidos em corrupção.
Jucá e Machado mencionam suas preocupações sobre o
prosseguimento das investigações na lava-jato e dizem que os investigadores
estão com todos os políticos entregues “de cabeça numa bandeja”. O ministro parece ironizar quando diz ser necessário o surgimento do pacto nacional como proposta política do PMDB.
"Acabar
com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura", conclui.
Ouça uma parte da conversa entre os dois:
O ex-presidente da Transpetro analisa também as projeções
políticas para a presidência da república, num dos trechos da conversa ele acaba
revelando detalhes de um suposto esquema ilegal envolvendo o senador Aécio
Neves nas campanhas em torno da presidência da câmara dos deputados entre 2001
e 2002, bem como a impossibilidade de lançar futuramente o senador tucano para as
eleições:
"o primeiro a ser comido vai ser o Aécio Neves
(PSDB-MG)", e acrescenta: "O Aécio não tem condição, a gente sabe
disso, p.... Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que
participei de campanha do PSDB...". afirma Machado.
Já Romero Jucá demonstrou receio sobre um possível governo
Temer na época quando as gravações foram feitas, (neste caso, no mês de março, semanas
antes do processo do impeachment). Confessou a resistência do presidente do
senado Renan Calheiros (PMDB) para a escolha de Michel Temer para assumir a
presidência:
Só Renan que está contra essa p... 'Porque
não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente esquece o Eduardo
Cunha. O Eduardo Cunha está morto, p...", o Renan reage à solução do
Michel. Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver,
negociar como é que vai ser. 'Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim,
as reformas são essas”. disse Jucá.
Logo após o escândalo destas gravações, o ministro do planejamento falou com a imprensa e confirmou sua
permanência na pasta do ministério dizendo que não pretende renunciar. Romero
afirmou que as gravações são partes de contextos distorcidos e que ao dizer que
era necessário “estancar a sangria” não fazia referência à operação lava-jato e
sim a economia do país.
O presidente interino Michel Temer afirmou que
pedirá explicações convincentes do ministro Romero Jucá para ter uma clara
ideia sobre o que fazer diante da permanência dele no cargo:
“Estou avaliando toda esta história para saber se
ele permanecerá ou não no ministério e aguardarei as explicações do ministro...”.
Disse Temer.
A presidente Dilma Rousseff disse em rede social que
a revelação do diálogo entre Romero Jucá e Sérgio Machado demonstra a
verdadeira razão do golpe contra a democracia e o mandato. "O objetivo é frear a
Lava Jato e empurrar para baixo do tapete as investigações". Disse Dilma.
A crise politica
parece ser um mundo muito aquém dos discursos proferidos pelo PMDB, quando pediu
o afastamento da presidente Dilma Rousseff no senado, os senadores manifestaram
apoio politico as decisões do partido que governa atualmente do Palácio da
Alvorada, dizem que continuam reivindicando a autonomia das investigações na
polícia federal, mas, a revelação deste áudio compromete não somente a cúpula
governista do PMDB, como lança o PSDB diretamente nos bastidores escusos da politica nacional.
Foto-capa: Cadu Gomes / Fato Online
Foto: Marcos de Paula / AE
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