O projeto que alterou a
lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e permitiu o governo da presidente Dilma Rousseff cumprir a meta fiscal foi aprovada no congresso por 314 deputados e 46
senadores no ano de 2015.
A decisão “legalizou”
o déficit de 2% do produto interno bruto (PIB) e retirou da presidência da
república na época a acusação de crime de responsabilidade por ter ultrapassado
o limite do superávit primário, ou seja, quando o governo gasta mais do que deveria. Esta medida criou a possibilidade
para o governo liberar o contingenciamento feito pelo Tribunal de Contas da
União (TCU) de 11,2 bilhões, fato que impedia o pagamento até mesmo de contas
simples do executivo.
Mas, o que torna a situação incompreensível no congresso diante de todo este problema, é que, os mesmos parlamentares que aprovaram o projeto de alteração da LDO e permitiram as
chamadas “pedaladas fiscais”, determinaram meses depois o processo de
impeachment da presidente, sob a acusação de crime de responsabilidade.
Na época o deputado Silvio
Costa (PSC-PE) não só apoiou as medidas de alteração da meta fiscal como fez
dura críticas aos deputados do PSDB que gritavam no plenário contra a
presidente, acusando-a de esconder os crimes de responsabilidade.
“desde o governo FHC o
Congresso altera a LDO. Sete alterações já foram feitas desde então, sem a
resistência que os parlamentares oferecem hoje, sob a liderança de Aécio Neves
(PSDB), derrotado na disputa presidencial de outubro passado”. Disse o
deputado.
Em 2001 o presidente
Fernando Henrique Cardoso também alterou a meta fiscal estabelecida quando
percebeu que os gastos do governo ultrapassaram a lei de responsabilidade fiscal.
Em 2001 a LDO previa o resultado primário do orçamento fiscal e da seguridade
social em 2,60% do PIB (cerca de R$ 32,3 bilhões). O tucano editou uma nova lei
naquele mesmo ano, para alterar a meta para R$ 28,1 bilhões (2,25% do PIB). Com
isso, o índice foi reduzido em 0,31% do PIB. Ainda assim, em 2001, o governo
federal não conseguiu cumprir a meta fiscal.
Mesmo tendo votado a
favor da medida que alterava a meta fiscal no governo da presidente Dilma,
alguns parlamentares continuam com o discurso de manter as acusações sobre a
presidência, pois de acordo com esses deputados, a presidente sabia desde o
principio que não conseguiria cumprir o estabelecido e por isto encaminhou o
projeto que alterava a meta, o que resultou nas “pedaladas fiscais”.
O relator do processo
de impeachment na comissão, o deputado Jovair Arantes (PMDB-RJ) era o líder de
quatro partidos na época da aprovação (PTB, PSC, PHC e PP). Na defesa dos
argumentos do processo levantados na comissão, Arantes afirmou que o projeto
não afastava a necessidade da aprovação e diante desta premissa a presidente poderia
ser acusada de crime de responsabilidade.
O senador Romero Jucá
foi em 2014 o relator do projeto de alteração da meta fiscal, na ocasião, o
senador defendia a alteração da LDO sobre os argumentos de que esta decisão era
consequência de outras aprovações feita pela própria câmara nas políticas
sociais e nas desonerações do governo. Hoje, Jucá defende a saída da presidente
Dilma Rousseff no senado.
Fato é que o congresso
parece realmente conduzir a todo o momento um processo interno nos deputados antes
de qualquer votação pública. Movidos por articulações políticas desconhecidas da
população brasileira, os acusadores de hoje, dizem que esta medida de aprovação
da alteração da meta foi um “sacrifício” para evitar uma catástrofe na economia
no país, e que não sabiam das más intenções do governo em ter enviado ao
congresso o projeto em 2014, por outro lado os defensores da presidência relembram
as pedaladas de FHC na época de seu governo, para sustentar as decisões de “sacrifício”
da presidente para salvar a economia do país devido à carga das contas
públicas.
Neste ambiente as
decisões fiscais e políticas do país são direcionadas e os projetos são
aprovados com a intenção de recuperar a economia e o interesse do Brasil.
Foto capa: Laycer Tomas-congresso nacional.
Foto: Evaristo Sá -AFP
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