O bem cultural imaterial – como manifestações e festas populares – é sempre dinâmico. As modificações acontecem, mas é necessário preservar as suas características originais, pois algumas dessas manifestações são registradas oficialmente como Patrimônio Imaterial da Bahia. Por isso, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), unidade da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), retoma, no mês de setembro, o processo de monitoramento da Festa de Santa Bárbara, registrada pela desde 2008, via unidade, como Bem Imaterial e que, este ano, completa 375 anos de existência.
Equipe multidisciplinar do Ipac, formada por antropólogos, historiadores e fotógrafos, iniciará entrevistas com personagens e instituições que fazem a festa, uma manifestação cultural iniciada em 1641 e realizada anualmente, no dia 4 de dezembro. O órgão obedece a Lei Nº 8.895, que estabelece a salvaguarda. A legislação determina, no artigo 41, que os bens protegidos pelo Ipac sejam documentados a cada cinco anos por meio de fotos e entrevistas.
“No ano passado, acompanhamos e registramos a festa. Este ano, a equipe fará entrevistas com pessoas e entidades envolvidas”, diz o diretor de Preservação do Patrimônio Cultural (Dipat), Roberto Pellegrino. Serão contatados integrantes da Irmandade do Rosário dos Pretos, do Mercado de Santa Bárbara, Igreja da Liberdade, Companhia dos Bombeiros e Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), entre outros.
Legislação
A gerente de Patrimônio Imaterial (Geima), Nívea Alves, informou sobre a elaboração do primeiro relatório, a partir do que foi ccoletado em 2015. “Faremos as entrevistas e ainda vamos registrar a festa deste ano para comparar com a do ano passado. A previsão é finalizar o processo no início de janeiro”. Mesmo com a tendência atual de adeptos do candomblé de cultuar apenas os orixás, na festa ainda é possível comprovar o sincretismo do orixá Iansã com a santa católica Bárbara. Os fiéis celebram ambas com fé, música, capoeira, caruru e samba de roda. Ela é padroeira dos bombeiros e dos mercados.
Segundo Nívea, a Festa de Santa Bárbara é uma comemoração cultural e social, extrapolando o cenário nacional. “O monitoramento do Ipac é de grande valia, pois nos ajuda a preservá-la para as próximas gerações”. A manifestação cultural começou no Morgado de Santa Bárbara, no Comércio, devido à promessa feita pelo casal Francisco Pereira e Andressa de Araújo. Depois que um incêndio destruiu o Morgado, a imagem da santa, foi para a Igreja do Corpo Santo e, finalmente, para a do Rosário dos Pretos.
A devoção atrai milhares de pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo. “Desde meados do século 20 o Rosário passou a organizar o evento. Assim, os verdadeiros ‘donos’ da festa são a irmandade e o povo devoto. O governo estadual só apoia”, ressalta a diretora do CCPI, Arany Santana. No ano passado, o Ipac fez reparação predial e pintura na Igreja do Rosário e pintura no mercado. Na igreja, a irmandade ofereceu material e o instituto a equipe técnica.
A montagem de palco, produção, camisetas e caruru foram apoiados pela CCPI. “O apoio da Secult, por meio do Ipac e CCPI são fundamentais para que a festa permaneça”, diz Arany. O livro do Ipac sobre a festa pode ser acessado no site institucional www.ipac.ba.gov.br, via link ‘Publicações para download’ (lado esquerdo primeira página) e no link ‘Cadernos do Ipac’.
Fonte: Ascom/Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac)
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