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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Carol Barreto Coleção Asè Angola International Fashion Show

Depois de levar suas criações para algumas semana de moda, galerias de arte e outros eventos internacionais - Bogotá, Chicago, Toronto, Paris e Dakar - Carol Barreto finaliza o ano de 2016 atendendo a um convite para participar do Angola International Fashion Show. O evento acontece nos dias 02 e 03 de dezembro 2016 na cidade Luanda, Angola. O convite veio por meio da agencia de Adama Paris, mesma organizadora da Black Fashion Week Paris onde Carol Barreto desfilou a coleção Vozes em 2015.
Na etapa de execução das peças, a estilista construiu um laboratório criativo com a também designer e pesquisadora Claudia Soares - parceira há quatro coleções - onde experimentaram as propostas conceituais elaboradas pela estilista compartilhando o processo de execução da coleção com estudantes de arte e moda num laboratório criativo, de costura e confecção. Dessa vez Carol Barreto conta com o apoio do Centro Técnico do Teatro Castro Alves por meio de cessão de espaço para trabalho da equipe de confecção das peças e todo apoio técnico para elaboração do trabalho, planejando desdobramentos do projeto no TCA.

Coleção Asè: Protagonismo das mulheres negras.

A Coleção Asè, da designer Carol Barreto explora o universo estético e religioso das mulheres negras, conformando um olhar acerca da cultura popular e as relações de gênero e raça no Brasil. O tema central da coleção está relacionado aos “sujeitos protagonistas” e grupos subalternizados” trazendo assim implicações diretas para a representação social e identidade.
A design construiu critérios de análises sobre os “saberes e fazeres” das mulheres negras apontando-os como autênticos e sugestivos para entender os assuntos sobre a cultura contemporânea. Estabelecendo assim “outras” possibilidades de significar os objetos da cultura popular, através de um discurso de legitimidade, e pertencimento.
Carol explica que: “A Coleção Asè vem para manifestar o protagonismo das mulheres negras nas religiões de matriz africana. Mulheres negras que nos espaços religiosos têm garantido o seu protagonismo e autonomia, diferentemente do lugar de subalternidade que muitas ocupam cotidianamente e que nos impõe a luta constante contra o racismo”.
Uma atitude potente que desconstrói os padrões de identidade, numa constante reinterpretação do passado no presente. Essas reinterpretações desenvolvidas por uma artista negra podem comportar “outras” compreensões sobre o conceito de cultura, diferente do que é imposto por uma história interrompida por falas estereotipadas e com dimensões pormenorizadas sobre sujeito, identidade e raça.
A ação criativa da design Carol Barreto revaloriza a cultura popular, e ao mesmo tempo aponta a probabilidade de existência de um elemento mais amplo que é medido pelo valor do “objeto de arte e do objeto de artesanato”. Nesse ponto a coleção avança atuando como agente hibridizador, sem reduzir ou criar análises dicotômicas, assumindo uma atitude criativa que aproximam esses elementos, através de ações que reforçam a singularidade e potência de cada um.

Coleção Asè: Afrobrasilidade.

Para essa apresentação em Angola, Carol Barreto aprofundou a sua pesquisa onde reflete acerca da afrobrasilidade, focando no protagonismo das mulheres negras nas religiões de matriz africana. Por meio de matéria prima adquira num mercado popular de João Pessoa, na Paraíba, Recife - Pernambuco e Salvador - BA saias e lindos vestidos surgem. São toalhas de mesa, cortinas e outros materiais de decoração feitos em renda filé, bordados richelieu, crochet e outras tramas artesanais feitas com fios naturais e visualmente típicos de casas populares no Nordeste do Brasil, dando segmento ao debate feminista e anti-racista proposto pelas coleções que assina, quando se  apropria ou redesenha os fazeres artesanais característicos de mulheres negras e pobres para construção de peças e imagens de moda, caracterizando um processo de ressignificação de tais técnicas artesanais, desafiando o conceito de arte hegemônico e as estratégias de subalternização impostas ao grupos socio-economicamente desfavorecidos no Brasil.

Do ponto de vista técnico a coleção é formada por 15 peças de vestuário, a estilista contou com o apoio e colaboração de mais de 50 sujeitos, em sua maioria mulheres negras, e ativistas da cidade de Salvador, Bahia. As peças foram compostas e desenhadas através da hibridização de elementos encontrados no artesanato popular, mantendo uma natureza orgânica, através de uma mutualidade, e a necessidade de acercamento com simbologia  e fenômeno dos processos criativos oriundos das comunidades afro-indígenas e que pertencem ao “artesanato”. Potencializando um valor particular aos “fazeres artesanais”, os quais são transmitidos através da oralidade e carregados de significado desde o modo de preparação técnica, dos ofícios, dos padrões formais e escultóricos. Essas criações viabilizam o estabelecimento de uma discurso incontestável sobre os “saberes” dos sujeitos negros, negando qualquer atitude estereotipada sobre o artesanato ou  falsa ideia do mesmo ser  um relicário (primitivo), não academicista e inautêntico. 

Equipe

Num período de um mês de imersão no Centro Técnico, a estilista Carol Barreto compartilhou saberes e orientou em parceria com Cláudia Soares, voluntárias para execução e desenvolvimento de imagem de moda da sua coleção para passarela composta por 15 looks, com previstos desdobramentos agendados também no TCA seja por meio da interlocução com as profissionais locais ou como locação para a fotografia de moda assinada por Helemozão Fotopoesia tendo como modelos Anita Costa, Carla Akotirente e Luma Nascimento, além de um fashion film assinado por Edgard Azevedo e documentário registrado por Luana Amaral.

Essa proposta de laboratório criativo colaborativo está na sua quarta edição e gerou exitosos resultados para todas as pessoas envolvidas nos anos de 2013 – Coleção Linhas Vivas para Dakar Fashion Week, Senegal; 2014 - Coleção Fluxus, para Dragão Fashion Brasil em Fortaleza – CE; 2015 – Coleção Vozes para Black Fashion Week Paris, França e produção do edudoc Moda.Devir: das criações de Carol Barreto, com lançamento na Saladearte Cinema do Museu, Salvador – BA e exibições nas comunidades quilombolas de Santiago de Iguape e Tabuleiro da Vitória em Cachoeira – BA.

2016 se encerrará com a produção da Coleção Asè e conta com uma grande equipe de estudantes de moda e artes, pequenas empreendedoras em moda para integrar a equipe de costura e beneficiamentos de tecido. Se trata de um trabalho colaborativo, com emissão de certificado com carga horária de curso de extensão ao final do laboratório.

 

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