O Palácio da Aclamação, no Campo Grande, vai sediar o Núcleo de Ópera da Bahia, criado pelo maestro Aldo Brizzi, que faz estreia mundial da versão em português da ópera 'Treemonisha com orquestração de Brizzi', nesta quinta-feira (26), às 21h, no Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. Dividida em três atos, a obra do americano Scott Joplin (1868-1917), considerado o rei do ragtime, foi a primeira ópera escrita por um compositor negro que se tem notícia.
O núcleo, formado por cerca de 70 músicos, cantores e bailarinos, “é um projeto inovador que se encaixa na estratégia do governo estadual para dinamizar espaços e museus, e o Aclamação tem perfil adequado para recebê-lo”, diz o diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), unidade da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), João Carlos de Oliveira.
O Ipac fez a cessão de sala para ensaios e apresentações. “Estamos ansiosos para ensaiar com o piano de cauda Steinway, adquirido pelo Aclamação na década de 40, pois é um dos melhores do Brasil, fabricado em cedro do Líbano, madeira rara”, enfatiza Brizzi. Segundo ele, o espaço também vai sediar um ciclo de apresentações com músicas de Dorival Caymmi e Richard Wagner.
A ópera trata do período da escravidão, tema comum à realidade brasileira, e Joplin, em decorrência de suas raízes afrodescendentes, criou mistura de ritmos e melodias se fundindo em uma mensagem - somos todos seres humanos e podemos conviver juntos. A versão apresentada no TCA tem a participação do Cortejo Afro e “exalta o valor adjunto da cultura e da arte brasileira e afro-brasileira miscigenada a cultura da música erudita, criando assim, uma nova imagem da cultura sincrética e multiplural da Bahia, da sua força e da sua criatividade”, diz o maestro.
Solar oitocentista
A socióloga Eliene Diniz, do setor de pesquisa e documentação do Palácio, explica que “o Aclamação é um dos mais significativos museus-casas de Salvador. Residência dos governadores da Bahia de 1912 até 1967, o solar oitocentista foi ampliado com projeto do arquiteto italiano Filinto Santoro. Abrigou visitantes ilustres, como a rainha Elizabeth II (1968), e se tornou museu em 1991”.
O imóvel, que desde 2008, abriga a Diretoria de Museus (Dimus) do Ipac, tem dois pavimentos e mobiliário em estilo D. José I e Luiz XV, objetos de bronze, porcelana e cristal, tapetes persas e franceses, além de pinturas de paredes e forros criados pelo artista baiano Presciliano Silva (1883-1965), compõem o acervo do palácio. No térreo, está o Salão Nobre, onde, segundo Eliene, o núcleo vai ensaiar. Mais informações estão disponíveis no site do Ipac.
Fonte: Ascom/Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac)
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