No início deste ano, o instituo Alana apresentou um relatório da ONU (Organizações das Nações Unidas) sobre o impacto da publicidade (e do consumo) para crianças dentro da escola. Para Ekaterine Karageorgiadis, coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, são visíveis as consequências das estratégias de comunicação mercadológica direcionadas às crianças, principalmente aquelas realizadas por empresas dentro de instituições educativas e culturais.
Este é um fato que não precisamos discutir muito. Hoje, toda criança e adolescente está inserida em diversos contextos, e a educação está na própria escola, como na família, no seu bairro, enfim, no coletivo. O “massacrante” apelo comercial que toma nossas crianças de assalto todos os dias é impressionante.
No final do ano, isso se acumula. Às vezes porque nossos pequenos passaram de ano e pensamos que merecem um agrado. Aí vem o Natal, as festas comemorativas e, mais uma vez, tudo são presentes, brinquedos cada vez mais caros e tecnológicos (pouco pais oferecem brinquedos lúdicos). Assim, retroalimentamos o consumismo em nossos filhos.
Não é “pecado” dar presentes. Mas uma opção melhor é ensinar aos nossos filhos o real motivo do presente: mais que o preço, ensinar o valor dele. E até ir além: demonstrar na prática como pequenos momentos de beleza ou bondade ao longo do dia podem fazer bem. Mindfulness com crianças e adolescentes? Sim, por que não?
Um artigo publicado em novembro pela Harvard Graduate School of Education destaca algumas observações da especialista em atenção plena (Mindfulness) Metta McGarvey. Segundo a pesquisadora, os acontecimentos e pensamentos negativos têm impacto muito maior em nossa memória e estado psicológico do que os positivos. Claro que isso faz sentido do ponto de vista de preservação e sobrevivência para os seres humanos. Até porque experiências ruins nos “defendem” e fazem com que aprendamos a lidar com os erros para evitar situações de ameaça às nossas vidas.
Por outro lado, estas situações negativas criam estresse e não nos deixam livres para pensarmos com clareza e planejar ações construtivas no nosso dia a dia. Por isso, criar constantes situações positivas é benéfico para nosso cérebro, e para os cérebros de nossos filhos também.
Isso tudo fazer parte do que os neurocientistas chamam de "neuroplasticidade dependente da experiência”. Nossos cérebros mudam à medida que aprendemos, quando aprendemos com as situações positivas e melhor ainda para o aumento da conectividade sináptica. Sim, a conexão dos nossos triliões de neurônios que controlam a aprendizagem, a memória, a atenção, a percepção, etc.
E o que tudo isso tem a ver com “ensinar aos nossos filhos o real motivo do presente (de Natal)? É que praticar um hábito positivo, embora demande tempo, pode nos ajudar a ter pensamentos mais afirmativos, o que é bom em todo o contexto da educação, seja em casa, na escola ou em sociedade. Quando falamos em ensinar valores, demonstramos que atitudes como bondade, trabalho coletivo, inclusão, diversidade de pensamento fazem bem.
Apresento abaixo algumas dicas da especialista Metta McGarvey, listadas pela Harvard Graduate School of Education. Você pode ensinar isso para seu filho e/ou até mesmo praticar junto com ele. Não deixa de ser um belo presente para este e muitos outros Natais, não é mesmo? Aproveite!
Mindfulness - dicas para construir hábitos positivos:
- Várias vezes por dia, faça uma pequena pausa do que você estiver fazendo: afaste-se do computador, desligue seu celular e veja algo diferente. Experimente uma sensação de calma por um ou dois minutos.
- Pratique pequenos momentos de beleza ou bondade ao longo do seu dia. Concentre-se no positivo e evite estresse e preocupações.
- Procure e comente sobre as qualidades e ações positivas de outros. Apreciar o bem nos outros gera um ciclo virtuoso que “cria” uma comunicação positiva e hábitos relacionais.
- Desenvolva o hábito de uma prática esportiva e/ou de exercícios físicos: para relaxar e se recuperar do estresse.
Lembre-se: hábitos podem ser difíceis de formar e a mudança acontece com tempo. Mas seja persistente nas práticas de Mindfulness (atenção plena).
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