No último dia da visita ao Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia (Cedeba) - começou dia 19 – a delegação de El Salvador conheceu a força da assistência multiprofissional em obesidade. Eles tiveram apresentações da coordenadora do Núcleo de Obesidade, Teresa Arruti, da endocrinologista Thaisa Trujilho, da nutricionista Lorenna Fracalosssi e da psicóloga Aline Fonseca.
A equipe trabalha de forma integrada. Um exemplo forte citado pela endocrinologista Teresa Arrutti é o encaminhamento de pacientes para a cirurgia bariátrica que, no caso do Cedeba, passa pelo parecer do médico, do nutricionista e do psicólogo. E, como mostraram as expositoras, esse trabalho da equipe é muito importante porque a obesidade é doença crônica multifatorial. A cirurgia bariátrica precisa ser indicada como muita segurança, como explicaram as especialistas.
O NÚCLEO
Com 3.426 pacientes – mais de 58 % da capital – o Núcleo de Obesidade do Cedeba, segundo a coordenadora, atende pessoas com IMC (relação peso/altura) acima de 40 ou de 35 a 40 com duas ou mais doenças associadas (diabetes, hipertensão, apnéia do sono). Há casos de obesidade tão severa, segundo explicou, que a cirurgia bariátrica é precedida pela colocação de um balão intra-gástrico durante seis meses para evitar os riscos da cirurgia.
Mas muitos pacientes conseguem reduzir peso, ao ingressarem no Cedeba, com o acompanhamento da equipe multiprofissional e desistem da cirurgia, sonho de todos ao serem admitidos no Centro. O trabalho da Psicologia ajuda muito, porque para muitas pessoas com a obesidade “comer é uma forma tentar vencer frustrações, raiva, funcionando como estratégia para a resolução de problemas”, como explicou Aline Fonseca.
Mas ao chegar ao Cedeba, como explicou a nutricionista Lorenna Fracalossi o paciente espera o milagre. Quer ser emagrecido. O trabalho educativo da equipe – explicou- consiste em mostrar que ele é o ator principal dessa mudança, e que não é possível em curto prazo eliminar o excesso de peso que foi adquirido, em muitos casos, ao longo de muitos anos.
Essa conscientização é muito importante, como explicou a nutricionista, porque como a obesidade é uma doença crônica, se o paciente não se conscientizar, ele volta a ganhar peso até mesmo com a cirurgia bariátrica,daí a importância do trabalho de reeducação alimentar desde que o paciente chega ao Cedeba.
A questão da alimentação não passa apenas pela quantidade, segundo Lorenna. O predomínio da alimentação branca e amarela – faltam cores no cardápio – é uma realidade. Tanto que - pontuou - o Guia de Alimentação da População Brasileira, considerado o melhor do mundo enfatiza a necessidade do largo consumo de legumes e frutas para melhorar o padrão nutricional, ajudando também no combate à obesidade.
CUIDADOS
Os cuidados médicos no pré e pós operatório para os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica foram explicados pela endocrinologista Tahisa Trujilho, já que a cirurgia exige a reposição de minerais como o ferro zinco, cobre, além de vitaminas importantes como a D e B12.
Para quem vai fazer a cirurgia, o trabalho da assistente social (também integra a equipe multiprofissional do Núcleo de Obesidade) é muito importante, como explicou Teresa Arrutti. Quem faz cirurgia precisa ter alguém para os cuidados pós-operatórios, para preparar as refeições especiais.
Desde a fase da preparação, das palestras educativas, a participação da família é muito importante. Quando a família se envolve, às vezes mudando hábitos alimentares e a forma de preparação dos alimentos, a perda de peso atinge outros membros da família, como explicou a nutricionista.
A VISITA
A delegação de El Salvador veio ao Brasil para conhecer as políticas e experiências na prevenção e assistência às doenças não – transmissíveis, incluindo o diabetes. A escolha do Cedeba, unidade da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab),deve se à condição de ser referência na assistência a diabetes, obesidade e endocrinopatias, um dos centros de excelência no Brasil, credenciado pela World Diabetes Foundation (WDF), e que teve o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) .A vinda da delegação ao Brasil faz parte da Cooperação Brasil - El Salvador. Projeto "Fortalecimento das Capacidades de Equipe Multidisciplinar de Saúde para Abordagem Integral de Doenças Não – Transmissíveis.
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