Neste
Outubro Rosa, a Sociedade Brasileira de Mastologia lança campanha por
mais acesso das mulheres ao diagnóstico e tratamento para que possam
curtir a vida
O
cenário do câncer de mama no Brasil é desanimador. E neste Outubro
Rosa, a Sociedade Brasileira de Mastologia volta a alertar sobre o
principal gargalo que ocorre no país, que é a dificuldade de acesso das
mulheres para conseguir atendimento desde o rastreamento para o
diagnóstico precoce até o tratamento. A campanha +Acesso para Celebrar a Vida
chama a atenção para esse problema. O conceito da campanha é mostrar a
VIDA, ou seja, se as mulheres tiverem mais acesso ao diagnóstico e
tratamento, poderão continuar a curtir as situações cotidianas da vida
com alegria.
O
primeiro obstáculo é a falta de informação sobre onde podem agendar
consulta com o mastologista, assim como a realização de mamografia,
biópsia e cirurgia, já que os sistemas de regulação dos estados são
complexos e obrigam as mulheres a ficarem aguardando em casa por um
telefonema.
Como
o câncer tem pressa e muitas mulheres demoram meses para chegar ao
tratamento, o que se vê nos hospitais são pacientes diagnosticadas com
tumores avançados – pelo menos de 60% dos casos, o que não colabora com a
redução da mortalidade. Quem pode, começa a pedir doações com
familiares e amigos e inicia o tratamento na rede particular, mas as que
não conseguem precisam aguardar o agendamento.
De
acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Antonio
Frasson, o acesso das mulheres com alterações clínicas ou radiológicas
precisa ser facilitado no Brasil, já que muitas vezes, entre o início
dos sintomas e/ou percepção da alteração no exame, elas levam de 6 a 12
meses para procurar o especialista por falta de disponibilidade,
sobretudo no serviço público. “Este quadro drástico e lamentável precisa
ser modificado com urgência. Os cerca de dois mil mastologistas
distribuídos por todo o Brasil estão mobilizados nesta causa, que é um
problema de todos”, afirma ele.
Além
da realização de consultas e exames periódicos, a SBM reforça a
necessidade da busca por hábitos saudáveis de vida, com prática regular
de exercícios, dietas pobres em gordura, combate a obesidade e aumento
da cintura abdominal, sabidamente relacionadas com o aumento do risco de
desenvolver câncer de mama, sobretudo nas mulheres após a menopausa,
como demonstram diversos estudos realizados.
Mamografia no Brasil: o pior cenário dos últimos cinco anos
Pesquisadores
da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) em parceria com a Rede
Brasileira de Pesquisa em Mastologia acabam de concluir um estudo que
revela que o percentual de cobertura mamográfica de 2017 nas mulheres na
faixa etária entre 50 e 69 anos atendidas pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) é o menor dos últimos cinco anos. Para se ter ideia, eram
esperadas 11,5 milhões de mamografias e foram realizadas apenas 2,7
milhões, uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
De
acordo com o coordenador da pesquisa e presidente do Conselho
Deliberativo da SBM, Ruffo de Freitas Junior, as regiões Norte e
Centro-Oeste continuam apresentando as menores coberturas quando
comparadas às demais. “A dificuldade para agendar e realizar a
mamografia ainda é o principal motivo para o baixo número de exames,
além da triste realidade encontrada nos hospitais com equipamentos
quebrados e falta de técnicos qualificados para operá-los”, afirma ele,
que também é presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira
de Mastologia.
Segundo
ele, os três piores estados foram Amapá, que realizou apenas 260 exames
em detrimento dos 24 mil esperados, seguido do Distrito Federal, com 5
mil realizados quando eram esperados 158,7 mil, e Rondônia, cuja
expectativa era de realizar 76,9 mil, mas somente 5,7 mil foram
realizados. “Estamos diante de um grave declínio que reflete o cenário
caótico do câncer de mama no país”, alerta o médico, chamando a atenção
de que se for convertidos esses números em valores, o estudo mostra que o
governo federal investiu apenas R$ 122,8 milhões dos R$ 510,7 milhões
previstos para atender ao número esperado de mulheres nessa faixa
etária, a que mais acomete as mulheres com o câncer de mama, segundo o
INCA.
O
presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Antônio Frasson,
enfatiza que a entidade preconiza a realização da mamografia anualmente
para todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade. “Isso significa
que, se fôssemos ampliar a abrangência do estudo, o cenário é ainda bem
mais complexo, desesperador”, diz Frasson, acrescentando que o acesso é
uma das principais bandeiras que a Mastologia brasileira tem levantado
nos últimos anos.
Os
dados referentes ao número de exames realizados em 2017 foram coletados
do Sistema de Informações Ambulatorial (SIA) do DATASUS, de acordo com
os códigos de procedimento 0204030030 (Mamografia) e 0204030188
(Mamografia Bilateral para Rastreamento). Já o número de exames
esperados foi calculado de acordo com o número de mulheres na faixa
etária de 50 a 69 anos e as recomendações do INCA para rastreamento
bienal (BRASIL, 2017). Para o cálculo do número de exames esperados
considerou-se 58,9% da população alvo, tendo em vista as recomendações
do INCA.
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