O
adiantamento do relógio em uma hora não é consenso na sociedade. Há
aqueles que privilegiam as vantagens e outros as desvantagens. O Horário
de Verão, comumente iniciado no final do mês de outubro, foi postergado
este ano para o dia 4 de novembro.
No
dia 20 de outubro, alguns relógios sofreram a modificação
automaticamente, o que deixou as pessoas confusas quanto a mudança. Se
até os relógios esse ano não se adaptaram, o mesmo ocorre com o
organismo por conta do adiantamento repentino.
A
vantagem mais destacada é a duração prolongada da luz do dia, dando a
sensação de dias mais longos. Já a desvantagem salientada é a
dificuldade de adaptação do sono e de acordar em períodos matutinos,
quando ainda o céu está muito escuro.
De
acordo com o Dr. Leonardo Victor Barbosa Pereira, Clínico Geral da
Unidade Vergueiro do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, alterações provocadas
em determinadas regiões do cérebro tornam mais difíceis os primeiros
dias. "A mudança de horário gera dificuldades na adaptação devido à
alteração do "relógio biológico", que corresponde às regiões do cérebro
que controlam o sono, disposição, fome e humor, funções básicas para as
rotinas de vida e relacionamentos".
Sonolência
durante o dia, dores de cabeça, náuseas, irritabilidade, diminuição de
produtividade no trabalho e aumento na sensação de fome são os
principais efeitos sentidos pelo organismo. Em média, após uma semana
esses sintomas tendem a cessar.
Em
2008, uma equipe de pesquisadores suecos constatou por meio de um
estudo o aumento de 5% nos índices de ocorrências de ataques cardíacos
em relação a outras épocas do ano durante as três semanas posteriores ao
início do Horário de Verão. Outro estudo publicado no New England
Journal of Medicine aponta que esse acréscimo nos registros de acidentes
cardiovasculares pode ser associado às mudanças nos padrões. Há também
relatos de aumento na incidência de acidentes de trabalho devido a
desatenção e sonolência.
Com
o objetivo de minimizar as sensações adversas, o Clínico Geral indica
algumas medidas. "Deve-se evitar mudanças bruscas na rotina do sono e na
rotina diária e progressivamente dormir mais cedo nos primeiros dias. É
importante manter uma ingestão de líquidos adequada e efetuar refeições
equilibradas com alimentos de mais fácil digestão como frutas, legumes e
hortaliças. A prática de atividades físicas deve ser priorizada no
período da manhã, duas horas depois de acordar. Se a única opção for à
noite, dê preferência a caminhadas e corridas leves", explica o
especialista.
O
excesso de cafeína, álcool, energéticos e outros estimulantes que
possam gerar insônia não são recomendados, assim como o uso de
medicações que provocam sono ou tranquilizantes sem orientação médica.
Crianças
e idosos sofrem mais com o início do Horário de Verão. As crianças pela
maior necessidade de sono devido ao grande gasto de energia durante o
dia e os idosos pela maior fragilidade do sono e pela sensibilidade
maior do "relógio biológico".
Com
duração de cerca de três meses e meio, em fevereiro de 2019 os relógios
retornam ao horário normal. De maneira lenta e progressiva as
atividades podem ser retomadas, respeitando as oito horas de sono
recomendadas e mantendo uma hidratação adequada e uma dieta balanceada.
Segundo o Dr. Leonardo Victor Barbosa Pereira, é importante manter o
quarto bem escuro no momento em que for deitar para garantir a produção
do hormônio indutor de sono, a melatonina, produzida pela glândula
pineal.
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