Ao assistir o clipe “Chamando Gente” e ouvir a música “Chame
Gente”, de Moraes Moreira, o chileno Alfonso Traub fez questão de buscar
a canção na internet e imediatamente adicionar na playlist do celular.
Ao lado da esposa e dois filhos, ele se encantou
com a experiência vivida na Casa do Carnaval da Bahia, situada entre o
Terreiro de Jesus e a Praça da Sé, no Centro Histórico de Salvador.
“Esse vídeo resume o que é o Carnaval de Salvador”, disse ele, que até
então só conhecia a festa por meio da internet.
A família, que veio à capital baiana pela primeira vez, fez questão de
priorizar a visitação ao local. “Estávamos ansiosos, foi um dos nossos
primeiros passeios”, comentou a esposa Jucith Mendonza.
Assim como a família de chilenos, quem vai ao Pelourinho hoje para
conhecer a rica cultura e arquitetura da região, presente nos casarões
que abrigam ateliês, lojas, centros culturais, bares, restaurantes e
pousadas, não pode deixar de dar uma passada
no primeiro museu dedicado exclusivamente à maior festa de rua do
planeta. Prestes a completar um ano de funcionamento, o espaço recebeu
14.270 visitantes pagantes entre março e dezembro do ano passado. Desse
montante, 9.222 pessoas que frequentaram o local
foram da capital baiana, 2.985 vieram de outros estados brasileiros e
mais 2.063 foram turistas estrangeiros. O quantitativo cresce ainda mais
quando somado com as 3.375 pessoas que visitaram o equipamento no mês
da inauguração, em fevereiro de 2018, quando
a entrada foi gratuita.
A interatividade com a história do Carnaval, viabilizada por meio
de diversos recursos de áudio e multimídia espalhados nos pavimentos,
chamou atenção do argentino Bruno Fabrício Ruiz, 39 anos. “Nunca tinha
visto um museu assim em nenhum lugar do mundo”,
afirmou o estrangeiro, que vive no norte da Argentina. Amante e
conhecedor das festas de rua de todo mundo, ele diz que a Casa retrata
fielmente o Carnaval de Salvador. “Conhecemos festa na Bolívia, Uruguai,
nos Estados Unidos e em nenhum lugar do mundo tem
um acervo tão impressionante e interativo como esse. Me senti no
Carnaval da Bahia”, ele, que pretende conhecer a festa em 2020.
Reconhecimento - O sucesso é tanto que com apenas 10 meses
de funcionamento, a Casa do Carnaval chegou a ser reconhecida
nacionalmente e ficou em segundo lugar na categoria “Valorização do
Patrimônio pelo Turismo”, durante a primeira edição do Prêmio
Nacional de Turismo, realizada no Rio de Janeiro, em dezembro passado.
"O lugar se transformou num dos principais atrativos turísticos da
cidade, atraindo o soteropolitano, ou seja, o público local, em virtude
da inovação, mas acima de tudo pela força do
Carnaval. A casa conseguiu reunir um acervo tanto físico quanto
digital, muito extenso e riquíssimo do ponto de vista da história da
festa. E isso atrai público da cidade que, mesmo hoje vivendo os dias de
festa, não tem a compreensão de toda a história, que
tem origem em movimentos culturais e sociais antigos", destaca o
secretário de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco.
Conheça, sinta e ouça - No andar térreo do prédio da Casa do
Carnaval da Bahia, é possível encontrar à disposição uma biblioteca de
livros relacionados à festa, a Salvador, suas artes e tradições. Ainda
neste piso, as salas da Criatividade e dos
Ritmos do Carnaval da Bahia apresentam a diversidade presente no
Carnaval baiano. Há também 200 bonecos feitos de cerâmica que
representam figuras típicas da folia. Com luzes, refletores e fitas de
LED, a proposta do espaço é remeter à vibração da festa. Ao
som de músicas características da folia, o visitante tem acesso a
diversas vitrines com objetos pessoais e inéditos cedidos por artistas,
tais como vestuário, adereços e instrumentos. Após viver a experiência
no espaço interativo, a espanhola Cláudia Benraran,
que estava em companhia do mestre de capoeira baiano, Neri Lima, deu
como certa a volta a Salvador para o Carnaval do próximo ano. “Quero
sentir na pele, na rua”, disse encantada.
Já no primeiro andar ficam as duas salas do Cinema Interativo, onde
o visitante escolhe um adereço disponível para caracterização, assiste
uma seleção de três vídeos e é estimulado a dançar as coreografias de
blocos e bandas, orientados por monitores dançarinos.
O objetivo é possibilitar uma experiência única e emocionante como bem
manda a magia da música e dos ritmos do Carnaval da Bahia. Quem é da
terra também se encanta. Foi o caso da professora Idalice Simone Santos,
50 anos, que esteve na Casa pela primeira vez.
Visivelmente emocionada, ela resume.
“Uma viagem no tempo, quem viveu e vive no Carnaval da Bahia sabe o
que estou sentindo agora. Além disso, a Casa mantem viva a história da
festa para ser contada e sentida pela juventude de hoje”, salientou. O
último pavimento é o Terraço do Samba, no
segundo piso, que conta com mobiliário típico das festas de rua da
capital baiana, oferecendo, além de uma estrutura de apoio para eventos,
uma belíssima vista da Baía de Todos-os-Santos.
Venha visitar - Administrada pela Secult, a Casa do Carnaval
foi inaugurada em 5 de fevereiro de 2018, com investimento de cerca de
R$ 6 milhões. Antes, o imóvel abrigava a antiga Casa do Frontispício, e
foi restaurado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para receber o museu. A
curadoria do projeto é do artista, designer e cenógrafo Gringo Cardia,
juntamente com o professor doutor em Cultura Contemporânea e vice-reitor
da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez,
um dos maiores especialistas nos estudos sobre a festa, além de um
amplo grupo de artistas e pesquisadores como Jonga Cunha e Bete Capinan,
que também contribuíram para a concepção do espaço.
As visitações podem ser feitas de terça a domingo, das 11h às 19h. A
entrada custa R$30 inteira e R$15 para estudantes, idosos a partir de
60 anos, portadores de necessidades especiais e acompanhantes. Aliás,
desde o período em que a Casa do Carnaval está
em atividade já recebeu a visita de 2.543 estudantes pagantes. Vale
destacar, no entanto, que alunos de escolas públicas municipais,
estaduais e projetos sociais têm entrada gratuita.
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