Da Agência Brasil -
O fechamento da fronteira com o Brasil determinada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 21 de fevereiro, está impactando a economia de Pacaraima (RR), cujo o comércio atende a população do sudeste do país vizinho, em especial de Santa Elena de Uairén, a 17 quilômetros de distância.
O fechamento da fronteira com o Brasil determinada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 21 de fevereiro, está impactando a economia de Pacaraima (RR), cujo o comércio atende a população do sudeste do país vizinho, em especial de Santa Elena de Uairén, a 17 quilômetros de distância.
O empresário Fabiano Coelho de Moraes, dono de um laboratório clínico e de uma farmácia em Pacaraima relatou à Agência Brasil
que já demitiu duas pessoas por causa da baixa procura no comércio. “A
situação é a mais crítica. Do nada, cortaram tudo. Há muito estoque de
mercadoria e o pagamento dos boletos dos fornecedores estão em atraso.
Não temos como pagar”, contou, ao assinalar que a situação de
supermercados e vendas com produtos perecíveis é ainda mais crítica.
Os comerciantes e a população de Pacaraima também perderam acesso aos
postos de combustíveis na Venezuela. Não há postos na cidade
fronteiriça brasileira e para conseguir abastecer diretamente o carro
precisam ir até a capital Boa Vista, a 215 quilômetros. O preço do
combustível vendido em toneis em Pacaraima chega a R$ 8 o litro, cinco
vezes mais caro do que o valor pago na Venezuela (R$ 1,5).
Apesar do fechamento da fronteira, alguns venezuelanos conseguem
atravessar a fronteira dos dois países por dois caminhos menos
fiscalizados pela polícia venezuelana para se abastecer e retornar ao
país. Mas há um contingente que não tem meios de voltar e acaba sendo
atendido pela Operação Acolhida, do Exército brasileiro e pelo Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Na cidade, cerca de 700 venezuelanos dormem em dois abrigos da Acnur e
há mais de mil pessoas nas ruas. A presidente da Associação Cultural
Canarinhos da Amazônia, que atende a 238 famílias (80 crianças)
reconhece o trabalho do Exército e da Acnur, mas assinala que a
distância da cidade, no extremo norte do Brasil, e a proximidade com a
Venezuela em conflito político e em situação social precária é muito
preocupante. “Estamos ilhados aqui. O Brasil precisa nos ver com outro
olhar”.
De acordo com o IBGE, 95% da renda de Pacaraima depende das
transferências federais e do estado de Roraima. A população, estimada em
15 mil habitantes, tem renda per capita de R$ 13,5 mil ao ano - e salário médio mensal de 1,8 salário mínimo.
O Ministério das Relações Exteriores informou à Agência Brasil
que mesmo com a fronteira fechada com a Venezuela, o consulado em Santa
Elena tem conseguido trazer brasileiros que procuram o serviço
diplomático. Nos últimos dois dias, mais de 90 brasileiros conseguiram
deixar a Venezuela e regressar pela divisa de Pacaraima graças ao
Itamaraty.
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