Até o começo do século XIX, a Bahia era a mais rica capitania e
segunda maior cidade do Império Lusitano, atrás apenas de Lisboa, em
Portugal. Parte desse imenso patrimônio histórico e cultural está
guardado nos 43 museus espalhados primeira capital do
Brasil, que completa 470 anos. Essas instituições abrigam um rico
acervo de obras variadas, algumas delas produzidas ainda nos tempos do
Brasil Colônia.
Alguns funcionam em construções históricas, e boa parte é de graça.
Seus acervos contemplam pinturas, esculturas, fotografias, documentos,
poemas, máscaras, instrumentos, utensílios e outros tipos referências à
formação da identidade baiana e brasileira,
contribuindo para que o cidadão possa refletir sobre o presente e o
futuro.
A maioria dos museus de Salvador abriga coleções permanentes e
mostras itinerantes. Entre eles está o Museu de Arte da Bahia (MAB), o
mais antigo do estado, e que no ano passado completou 100 anos. Situado
no Corredor da Vitória, o casarão do século XIX,
de portas altas e largas, logo chama atenção pela sua imponência.
O espaço, que por muito tempo serviu de residência para
comerciantes, há mais de um século abriga um dos dez museus mais antigos
do Brasil. Para o diretor da estrutura, o sociólogo, fotógrafo e mestre
em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia
(Ufba) Pedro Arcanjo, o lugar preserva a memória cultural e histórica
de Salvador e da Bahia. “Temos um acervo com quase 14 mil peças,
incluindo uma coleção de pintura sofisticada dos séculos XVIII e XIX,
louças e tantas outras riquezas”, disse Arcanjo.
Quem visita o local se encanta com as coleções de pinturas do
conselheiro Jonatas Abbott, dos séculos XVII e XVIII, de origem
italiana, francesa, flamenga, holandesa, que contam com o quadro da
Escola de Caravaggio “David com a Cabeça de Golias”. E o acervo
de Francisco Marques de Goés Calmon, que reúne importantes conjuntos de
artes decorativas, notadamente as porcelanas orientais e o conjunto de
louça que pertenceu a vários representantes da aristocracia brasileira.
Nas instalações do MAB, que fica aberto à visitação de terça a
sexta, das 13h às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, das 14h às
19h, outros trabalhos comprovam a beleza, o valor e a evolução da arte.
As obras de pintores baianos como Presciliano
Silva, Alberto Valença e Mendonça Filho também podem ser apreciadas.
Logo na entrada, no andar térreo, o público encontra gravuras que
remetem a um passeio pela cidade de Salvador no século XIX.
Novos equipamentos - Na lista dos equipamentos culturais que
se destacam em Salvador estão também a Casa do Carnaval, que conta a
história da folia baiana, através de maquetes, roupas e instrumentos
disponibilizados por artistas que já participaram
da festa. Além disso, o acervo dispõe de fotos e documentos históricos e
dois cinemas interativos, em que os visitantes podem aprender ritmos do
Carnaval caracterizados e com a ajuda de monitores. O equipamento, que
pertence à Prefeitura e usa e abusa da tecnologia
e interatividade, está localizado no Pelourinho.
Há ainda museus como a Casa do Rio Vermelho - Jorge Amado e Zélia
Gattai, imóvel onde o casal de escritores morou, e os espaços Pierre
Verger da Fotografia Baiana e Carybé de Artes, ambos funcionando em
fortes históricos da Barra (Santa Maria e São Diogo),
trazendo as obras significativas dos artistas que lhes dão nomes. Ambos
também são geridos pela Prefeitura.
O secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco,
ressaltou que a gestão municipal tem um olhar diferenciado com os
equipamentos que difundem a cultura e a história de Salvador. “Muitos
turistas vêm à Salvador atraídos pelo patrimônio histórico
e cultural. Isso reforça a importância dos nossos museus e equipamentos
que valorizam a nossa história”, assinalou.
Maior coleção de jornais - Quem quiser conhecer um pouco
mais da primeira capital do Brasil pode também visitar o Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), localizado na Avenida Sete de
Setembro, esquina com a Praça da Piedade, situado numa
imponente edificação de estilo neoclássico, que funciona de segunda a
sexta, das 13h às 18h.
Fundado em 13 de maio de 1894, sob auspícios do então governador
Rodrigues Lima, a instituição reúne trabalhos de pesquisadores e
estudiosos renomados nas áreas de História, Geografia, Sociologia e
ciências afins. O IGHB possui a maior coleção de jornais
datados desde o século XIX até a atualidade. A biblioteca guarda 45 mil
exemplares.
O local também é chamado como Casa da Bahia, em razão de contar com
a memória histórica e cultural do estado. A instituição possui o maior
acervo cartográfico da Bahia, o que permite à sociedade conhecer a
origem dos atuais 417 municípios.
O IGHB é presidido por um dos membros, em mandatos bianuais. O
atual presidente, Eduardo Moraes, destacou que o local cultiva a memória
de Salvador. “Temos aqui preciosidades. Nosso espaço, além de fonte de
conhecimento para baianos e turistas, é também
de suma importância para pesquisadores da Bahia, do Brasil e do mundo.
Temos aqui a história viva de Salvador e de toda a Bahia”.
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