Auditores-Fiscais
do Trabalho, lotados na Gerência do Trabalho em Ilhéus, resgataram no
início manhã desta quinta-feira (18), 10 trabalhadores
venezuelanos submetidos
à condição análoga à de escravo.
Os
trabalhadores prestavam serviços em um galpão onde funcionava oficina
mecânica, localizado na Rodovia BR-415 - entre Itabuna e Ibicaraí -, que
dava manutenção aos equipamentos
de parque de diversões.
Os
nove homens e uma mulher resgatados foram aliciados no país de origem
com a proposta de emprego pelos empregadores, um casal formado por um
brasileiro e um polonês, o que caracteriza
tráfico internacional de pessoas. Eles chegaram ao Brasil em janeiro de
2019, tendo ingressado regularmente, com passagem fornecida pelos
empregadores. Além desse custo com a viagem, era descontado mensalmente
da remuneração dos empregados valores referentes
a alimentação, alojamento, televisão e internet, o que representava 2/3
da remuneração a que os trabalhadores tinham direito.
Após
os descontos efetuados pelos empregadores, os trabalhadores enviavam
parcela da remuneração restante para suas famílias na Venezuela,
restando-lhes apenas o valor médio de
R$ 100,00 (cem reais), cada um, durante todo o mês.
Os
trabalhadores não tinham registro formal do vínculo empregatício,
permaneciam alojados em instalações precárias no próprio galpão da
oficina, com camas improvisadas, cujas roupas
de cama, ventilação e conforto térmico eram precárias. O banheiro
utilizado pelos empregados era improvisado com paredes de zinco, não
oferecia privacidade aos usuários, não dispunha de condições sanitárias e
de conforto adequadas e sua fossa, inclusive, estava
em vias de transbordamento, exalando forte mau cheiro. Um dos
trabalhadores, inclusive, adquiriu sarna em decorrência das condições
precárias a que era submetido. Tanto no alojamento, como no banheiro
foram identificadas instalações elétricas com fiações desprotegidas,
gerando o risco de choque elétrico aos usuários. A alimentação dos
trabalhadores se restringia a panqueca de farinha de trigo, arroz frango
e ovos. Todo esse conjunto de fatores caracterizou a degradância das
condições de trabalho.
A
ação contou com a participação da Polícia Federal (PF) e da Secretaria
de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). A
Polícia Federal prendeu em flagrante
o casal de empregadores, os quais responderão na Justiça pelo crime de
redução de trabalhador a condição análoga à de escravo, tipificado no
Código Penal.
Os
trabalhadores resgatados estão sendo acolhidos pela Coordenação de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Combate ao Trabalho Escravo (CETP)
da SJDHDS, a qual está fornecendo
hospedagem e alimentação e suporte para emissão de documentos.
A
Auditoria Fiscal do Trabalho, juntamente com a Polícia Federal, está
realizando os trâmites necessários à regularização documental dos
venezuelanos para permanência no país.
Pela Auditoria-Fiscal do Trabalho, está sendo levantada o valor das
verbas rescisórias, a emissão de Carteira de Trabalho e Previdência
Social e emissão das guias de Seguro Desemprego. Ao final dos
procedimentos, os resgatados estarão aptos a trabalhar de
forma regular no país.
A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social
(SJDHDS) do Governo do Estado acompanha o caso dos 10 trabalhadores
venezuelanos resgatados de situação de trabalho análogo à escravidão, na
manhã desta quinta-feira (18), no município
de Itabuna, região Sul do Estado. Uma equipe técnica da Coordenação de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Combate ao Trabalho Escravo (CETP)
da SJDHDS fará o atendimento às vítimas.
"Vamos avaliar e estudar a maneira mais adequada de acolhimento
dessas vítimas, que estavam atuando de maneira análoga à escravidão, sem
direitos e condições adequadas para o exercício das atividades. Nosso
objetivo é proteger a vítima neste primeiro momento",
afirmou o coordenador do CETP/SJDHDS, Admar Fontes.
O resgate de trabalhadores é resultado de um trabalho conjunto,
desenvolvido pela SJDHDS, Policia Federal, Superintendência Regional do
Trabalho, Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho e
Prefeitura Municipal. A força-tarefa que abriga
os órgãos busca garantir direitos e preservar vidas.
Além da prevenção e atendimento às vítimas, a Coordenação
desenvolve um trabalho de repressão ao crime organizado e elaboração de
uma série de programas sociais para acolher as vítimas. A SJDHDS atua
também com ações preventivas, priorizando a informação,
sensibilização, mobilização da sociedade em geral sobre as diversas
maneiras de enfrentar o tráfico de pessoas e trabalho escravo, além de
oferecer capacitação para o enfrentamento.
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