Às
vésperas da festa da Páscoa, um dos
produtos que mais se destacam é o delicioso chocolate, alimento
secular, produzido a partir da amêndoa do cacau, que vem passando, ao
longo dos anos, por sucessivos aprimoramentos, tanto na base de
produção, quanto no beneficiamento. Na Bahia, segundo dados
do
Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE 2017), a produção de cacau tem origem na agricultura familiar, nos
assentamentos de reforma agrária, resultado
de um processo de modificação da malha fundiária nos últimos 20 anos.
Para
fortalecer a cadeia produtiva do cacau,
o Governo do Estado vem investindo em ações voltadas para a melhoria da
qualidade da amêndoa, inclui a escolha das mudas e a adubação, com
preservação do meio ambiente, recomposição de áreas, construção de casa
de fermentação, estrutura de secagem, ampliação
de agroindústrias, até assistência técnica e extensão rural (Ater). Os
investimentos já ultrapassam R$ 100 milhões, aplicados em
empreendimentos da agricultura familiar, direta ou indiretamente, nos
territórios de identidade
Baixo Sul, litoral Sul, Extremo
Sul, Vale do Jiquiriçá, Costa do Descobrimento e Médio Rio das Contas.
Na
busca pela qualificação da produção
do cacau, foram desenvolvidas formas diferenciadas de plantio, a
exemplo do cacau-cabruca, utilizado na região Sul da Bahia. Esse modelo,
além de gerar retorno financeiro, contribui para a conservação de
fragmentos da floresta tropical, preservação da fauna
e dos recursos hídricos regionais.
De
acordo com o chefe de gabinete da Secretaria
de Desenvolvimento Rural (SDR), Jeandro Ribeiro, nos últimos quatro
anos o Governo do Estado vem promovendo um amplo diálogo com todos os
atores envolvidos na cadeia produtiva do cacau, o que gerou o
lançamento, no ano de 2018, do Plano Operacional para o
Cacau e Chocolate da Bahia 2018 – 2022: “O nosso esforço, enquanto SDR,
é reunir e integrar todas as ações que convergem para o rural,
incluindo assistência técnica, fomento, regularização fundiária, acesso
ao crédito, agregação de valor à produção, e outras
intervenções que resultem em uma amêndoa de qualidade”.
O
plano, que atenderá cerca de 20 mil agricultores,
prevê o desenvolvimento de ações estratégicas que permitirão elevar, em
cinco anos, a produção de cacau na Bahia para 240 mil toneladas/ano,
até 2022, e consolidar a fabricação de chocolates finos com certificado
de origem no Sul da Bahia, por meio da instalação
de agroindústrias. Entre os produtos e subprodutos do cacau, além do
tradicional chocolate, estão geleias, doces, mel de cacau, licor, polpa
para suco e nibs.
Colhendo os primeiros resultados
Sob
árvores nativas da Mata Atlântica,
uma variedade de frutíferas contorna e enriquece a produção de cacau do
agricultor Carloto Amaral, do Assentamento Vila Izabel, município de
Ibicaraí, Território de Identidade Litoral Sul. Na propriedade rural,
que conta com três nascentes preservadas e um
ecossistema bem manejado, a produção é agroecológica.
“Na
minha área, priorizo o manejo do cacau
de forma sustentável, pois é desse jeito que vou garantir que o fruto
seja de qualidade e possa servir para ser transformado em outro produto,
como o chocolate”, relata Carloto. Ele lembra que, quando iniciou o
plantio, colhia três arrobas de cacau: “Hoje,
são 40 arrobas e daqui a alguns anos, com o apoio do Governo do Estado,
espero colher 100 arrobas que serão transformadas em chocolate fino.
Olha que beleza!”.
Osaná
Crisóstomo, presidente da Cooperativa
da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e
Adjacências (Coopfesba), gestora da Bahia Cacau, primeira fábrica de
chocolate da agricultura familiar do país, aposta em um novo momento
para o cacau e o chocolate baiano: “O nosso desafio
é agregar valor e melhorar a renda dos agricultores familiares. O
objetivo não é vender amêndoa de cacau, mas seus derivados com níveis de
cacau elevados. Vender o chocolate e produtos que realmente tenham
sustentabilidade e consciência de preservação do meio
ambiente”.
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