Performance integra Projeto Djeli que têm provocação cênica-ritual de Diego Mavamba
O ato performático Assentamento estreia no próximo dia 10 de agosto e fica em cartaz até 08 de setembro, aos sábados e domingos, às 19h, no Laboratório de Experimentação Estética, anexo do Museu de Arte da Bahia. Sob provocação e orientação cênica de Diego Mavamba, quatro performers – Gilberto Reys, Frutífera Ilha, Hiago Ruan e Jamile Dionísia Ferreira - estão em processo de reconstrução dos seus jovens territórios-corpos, dançando os labirintos de suas cabeças negras e todas as questões fundamentais de sua existência.
Este ato performático resgata e ressignifica em suas instalações a ideia de negritude. "Assentamento é um território político, são as demarcações de terras indígenas, o quilombo, é quando se assenta o orí, o equilíbrio, a equidade. Neste ato, as ‘micro’ potências pessoais são uma espécie de incorporamento e irradiação do reflexo e do reconhecimento. Assentamento é um sentimento, a filosofia de um corpo em constante diáspora”, explica Mavamba.
Os textos escritos pelos performers, Diego Mavamba, escritos do artista Heron Sena, da artista plástica Rosana Paulino e os conceitos dos pesquisadores baianos Laís Machado e Diego Pinheiro são utilizados como pretextos para que os performers dancem os labirintos de suas cabeças afrodiaspóricas e todas as questões fundamentais de suas existências.
Gilberto, Frutífera, Hiago e Jamile são corpos que remodelam a partir do primitivo, do barro. Corpos mutilados se reconstruindo, erguendo alguns Ilês. A performer Jamile Dionísia Ferreira traz em seu corpo às mulheres/mães primitivas e com elas o barro, matéria prima que dá vida às nossas cabeças (representadas nos itans de Ajalá - Oxalá).
Barro que transmuta o corpo apocalíptico e diaspórico proposto por Frutífera Ilha, corpo incompreendido e violentado pelo patriarcado e misoginia, que é ressignificando através de utopia afropunk, afrofuturista e Drag queen.
Gilberto Reys traz o arquétipo do homem e a hipermasculinidade tóxica, o malandro, o pai ausente. Mas, também, o caboclo, o índio ou Anhanguera, figura que para o homem colonial representa libertinagem. Anhanguera espelha Exu. Exu está com Anhanguera.
Hiago Ruan é o corpo "bixa", bailarino, marcado pelos movimentos de contracultura pós-1950. A "bixa" que traz uma nova identidade ao masculino. É um corpo hibrido. É a serpente que se desdobra em sua dança e seu legado de realeza.
Assentamento integra o projeto Djeli - estratégias de arte e magia - que abrange duas obras cênicas-rituais interligadas - a segunda é o solo Abiã -, que busca desvendar os traumas dos corpos negros através de uma linha atemporal, por entre os discursos dos mitos pessoais dos performers. "Não estamos falando de ficção e sim de narrativas do inconsciente/consciente”, conceitua Mavamba.
Neste caminhar em busca da ressignificação dos corpos negros, o diretor musical Filipe Mimoso - do estúdio criativo GANA - propõe a musicalidade como fio condutor e preenchimento dos discursos e das performances. “A música assume um lugar de atmosfera narrativa, transmitindo e potencializando as mensagens trazidas a cena. É uma música que acompanha os processos de transmutação dos artistas em cena”, explica Mimoso.
SERVIÇO
O Quê? Assentamento
Quando: 10, 11, 17, 18, 24, 25 e 31 de agosto; 01, 07 e 08 de setembro, às 19h
Onde: Laboratório de Experimentação Estética do Museu de Arte da Bahia - Av. Sete de Setembro, 2340 - Corredor da Vitória
Ingresso: R$20 (inteira) e R$10 (meia) - ingressos antecipados no https://www.sympla.com.br/djeli-assentamento---10082019__585913
Ficha técnica
Direção geral - Diego Mavamba
Direção Musical e Músico - Filipe Mimoso
Direção de Arte gráficas e adereços - Mayara Ferrão
Dramaturgia colaborativa
Direção de Produção - Jamile Dionísia e Gilberto Reys
Figurino e Cenário - Diego Mavamba
Djeli / performers - Jamile Dionisia, Frutífera Ilha, Hiago Ruan e Gilberto Reys
Assessoria de imprensa e produção executiva - Rafael Brito
Iluminação - Nando Zâmbia
Técnico de luz e som – Trevo
Provocação corporal - Bernardo Oliveira e Hiago Ruan
Costura - Ah Teodoro e Jeiseke de Lundu
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