Manter distância das caixas de som e dos fogos de artifício são algumas das recomendações dos especialistas para preservar a saúde auditiva
As festas de fim de ano estão chegando. E nas comemorações de Natal e Réveillon não podem faltar a tradicional comilança, a distribuição de presentes, mas também muito barulho! Confraternizações com grandes aglomerados de gente, música alta, fogos de artifício, os brinquedos barulhentos das crianças. Tudo isso pode causar danos à audição. Mas calma! Não precisa ser antissocial e fugir das festas ou deixar de dar aquele presente que seu filho tanto quer. Basta tomar alguns cuidados.
É fato que as conversas em tom de voz elevado e a música em alto volume que anima as confraternizações podem trazer prejuízos à audição. Isso ocorre porque em ambientes fechados o som fica concentrado, não se propaga e ruídos acima de 85 decibéis causam danos às células ciliadas da orelha, ao longo da vida; de acordo com a predisposição genética de cada indivíduo. Por isso, a dica é ficar o mais distante possível das fontes de ruído, como caixas de som. "Após quatro horas de exposição a ruídos acima de 90 decibéis, o indivíduo poderá ter sua acuidade auditiva afetada", explica a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.
A perda de audição é cumulativa. Pode não se manifestar imediatamente, mas seus efeitos serão sentidos mais tarde. Os principais sintomas de que a audição está prejudicada é a sensação de pressão ou "ouvido tampado", dores de cabeça, zumbido ou dificuldades para escutar e entender o que as pessoas falam. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o zumbido afeta 278 milhões de pessoas. No Brasil, são 28 milhões que convivem com o sintoma.
Os brinquedos musicais – que muitas vezes são pedidos ao Papai Noel – também podem trazer riscos à audição,principalmente das crianças pequenas. No mercado o que não falta são opções "barulhentas" para presentear a criançada, porém é preciso ficar atento à intensidade do som. O que aparentemente é inofensivo pode representar um grande perigo. Na hora da compra, os adultos devem ficar atentos às condições de segurança. O selo do Inmetro é um importante indicador de que o brinquedo é seguro e que está dentro dos limites estabelecidos pela legislação. Brinquedos sonoros do tipo "made in China", vendidos em camelôs, por exemplo, são os que trazem maiores riscos, pois chegam a emitir ruídos acima do limite recomendado. Carrinhos, dinossauros e instrumentos musicais infantis, por exemplo, como guitarra elétrica, bateria, tam bor e trombeta, podem emitir sons de até 120 decibéis.!>
"O contato frequente com um brinquedo que emite um som muito alto pode causar danos auditivos desde os primeiros anos de vida, afetando para sempre a audição das crianças. Os menores, de até três anos de idade, são os mais afetados. E a dificuldade de ouvir pode atrasar todo o seu desenvolvimento, seja na área da fala como também no desempenho escolar", pontua a fonoaudióloga da Telex, que é especialista em audiologia.
Outro perigo tradicional das festas de fim de ano são os fogos de artifício. Eles podem causar danos irreversíveis à audição – além dos riscos em manipulá-los de forma incorreta. O barulho excessivo causado pelos rojões pode acarretar perda auditiva severa ou trauma acústico, com perda imediata de audição uni ou bilateral, temporária ou – nos casos mais graves – definitiva. Isso acontece porque o estrondo dos fogos, principalmente dos rojões, é inesperado. O forte ruído pode chegar a uma intensidade de 140 decibéis. Para se ter uma ideia do quão forte é esse barulho, um avião durante a decolagem produz um som de 130 dB.
"O som entra pelo conduto auditivo até chegar à cóclea, onde ficam as células ciliadas, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo. Com a exposição intensa a altos volumes sonoros as células vão morrendo e, como não são regeneradas pelo organismo, a audição vai diminuindo de forma lenta, mas progressiva. É o que se denomina Perda Auditiva Induzida por Nível de Pressão Sonora Elevada (PAINPSE). Ela é irreversível e pode se agravar ao longo dos anos", explica a fonoaudióloga.
Para evitar que a orelha seja afetada, o ideal é manter-se o mais distante possível do local da queima de fogos. Em meio à festa, no entanto, se for inevitável ficar próximo aos fogos, a fonoaudióloga Marcella Vidal aconselha o uso de protetores auriculares. Outra dica é, durante as comemorações, ficar longe das caixas de som.
"Em caso de exposição a um impacto sonoro muito forte, o mais indicado é procurar logo um médico otorrinolaringologista, para avaliar se o dano auditivo causado pelos fogos é temporário ou irreversível", conclui Vidal.
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