O turismo de negócios e eventos representa 5% do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), segundo o Ministério do Turismo (MTur). Além disso, é o 3º principal motivo da visita de turistas estrangeiros ao Brasil e a razão principal das viagens de 60% dos passageiros em voos domésticos e internacionais, de acordo com a União Brasileira dos Promotores Feiras (Ubrafe). E mais: o turista de negócios gasta três vezes mais do que o de lazer, segundo o MTur. Por esses números, dá para se ter uma boa ideia da importância do novo Centro de Convenções, construído pela Prefeitura na orla da Boca do Rio, para a economia local.
É possível ainda calcular o quanto a cidade perdeu desde o fechamento, em 2014, do antigo centro de convenções, administrado pelo Estado. O trade turístico da capital estima o prejuízo em R$2 bilhões. Só na hotelaria a perda foi de R$1,6 bilhão, de acordo com a Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FBHA).
Isso porque, sem o turismo de negócios e eventos, hotéis fecharam as portas. Segundo a seccional baiana da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), foram 25 estabelecimentos fechados nos últimos anos, inclusive empreendimentos de grande porte, como o Bahia Othon Palace, que tinha 284 apartamentos e contava com cerca de 200 empregados diretos. O mesmo aconteceu com bares, restaurantes, produtoras de eventos e todos os 50 setores da economia que dependem do turismo para gerar emprego e renda. Agora, todos esses setores acreditam que a movimentação financeira com o advento do novo Centro de Convenções chegue a R$500 milhões por ano.
Reconquistar - "Com o fechamento do antigo centro, perdemos significativamente esse público (o turista de negócios e eventos), mas a nossa expectativa é reconquistá-lo. O turismo de negócios não é uma ação imediata, e sim a médio e longo prazo. Temos trabalhado bastante para que, em 2021, já tenhamos bons números nesse aspecto. O novo Centro de Convenções de Salvador é a ferramenta mais propulsora nesse sentido”, diz Roberto Duran, presidente da Salvador Destination, associação que tem como missão promover e divulgar a cidade no segmento de eventos nacionais e internacionais.
Ele lembra que quem vem à cidade para participar de um evento espera combinar a viagem com lazer, o que Salvador tem muito a oferecer e se torna, inclusive, um diferencial em relação a outras capitais com centros de convenções. Segundo o IVC, isso acontece no Brasil todo com 36% dos turistas de negócios. A Expedia Media Solutions informa que pelo menos 43% de todas as viagens de negócios são estendidas por razões de lazer pessoal. Ou seja, todo mundo ganha com o novo Centro de Convenções. Todo mundo perde sem ele.
Alto poder aquisitivo - Os números do MTur mostram que o turismo de negócios no país está em ascensão. Durante o primeiro semestre de 2019, as viagens a negócios no Brasil cresceram 14,7%, em comparação com o mesmo período de 2018. Os gastos destes turistas também tiveram alta de 14,8%, saindo de R$4,85 bilhões, nos seis primeiros meses de 2018, para R$5,57 bilhões em 2019. Esse turista de alto poder aquisitivo gasta em média US$300 por dia, três vezes mais do que o visitante que vem apenas a lazer.
A diferença no valor gasto com as despesas se dá porque o viajante com esse perfil costumam ter seus custos arcados pelas empresas que organizam ou participam de eventos. Eles geralmente vêm para um congresso com passagens e hospedagem pagas. Isso faz com que esse turista tenha capacidade maior de gastar com desejos pessoais, a exemplo de estender a viagem para passear ou simplesmente conhecer um restaurante ou um atrativo. “Além disso, como a viagem é paga pela empresa, eles escolhem, na medida do possível, o melhor hotel, os melhores restaurantes e querem mais conforto nos meios de transporte e de deslocamento”, avalia Roberto Duran.
Agenda e empregos - O novo Centro de Convenções de Salvador será oficialmente inaugurado pela Prefeitura com festa no próximo domingo (26), entre 10h e 14h, com shows gratuitos de nomes como Lore Improta e Claudia Leitte. Mas nesta quinta (23) acontece um evento só para convidados no equipamento, organizado pela GL Events, concessionária que vai administrar o centro pelos próximos 25 anos e que possui experiência internacional nesse segmento.
Os primeiros eventos acontecem a partir de março e a expectativa é que pelo menos 30 aconteçam a longo de 2020. A estimativa é que o novo Centro de Convenções possa gerar até dois mil empregos temporários por evento. A Prefeitura investiu R$130 milhões na construção do equipamento, na orla da Boca do Rio, a apenas 20 minutos do aeroporto e que tem capacidade para 14 mil pessoas internamente e 20 mil quando se soma o espaço externo para shows.
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