Ceramista mais antiga da Bahia seria homenageada no Festival de Saveiros que foi cancelado devido à pandemia
Nascida em 14 de abril de 1920, no município de São Félix, na Fazenda Pilar, Recôncavo da Bahia, atualmente moradora do distrito de Coqueiros, no município de Maragogipe-BA, Ricardina Pereira da Silva, popularmente conhecida como Dona Cadu, é a mais antiga ceramista em atividade. Dona Cadu dá vida a panelas, pratos e outros utensílios feitos com barro de modo artesanal, diariamente, há 90 anos.
Além da atividade com os saberes e fazeres da cerâmica, Dona Cadu é também sambadeira e dona do Samba de Roda Filhos de Dona Cadu, que tem como vocalista seu filho Balbino. Mas o reconhecimento da singularidade de Dona Ricardina não se dá apenas pela cerâmica e pelo samba. Dona Cadu é uma figura inesquecível, afetiva, simpática, carismática e feliz. É notória a forte ligação que ela tem com sua ancestralidade africana e indígena, reconhecida inclusive como rezadeira da comunidade. E é através do samba e da cerâmica que Dona Cadu viaja pelo Brasil participando de oficinas, tocatas e encontros, e fazendo amigos e admiradores por onde passa por sua singularidade, simplicidade e criatividade.
Uma mulher afro-indígena determinada, que reúne inúmeras habilidades de ser ceramista, sambadeira, rezadeira e líder de uma comunidade no Recôncavo Baiano, Coqueiro, nas margens do Rio Paraguaçu, distrito de Maragojipe. E era por dar vida a uma comunidade ribeirinha que o Festival de Saveiros, 1ª Festa Náutica do Vale do Paraguaçu que aconteceria nesse final de semana e foi cancelado por conta da pandemia, se propunha a homenageá-la: “Ela representa a comunidade que viu seu crescimento ser gerado pelo Rio Paraguaçu, seja no comércio com os saveiros ou o Vapor de Cachoeira, seja tirando o sustento de suas famílias com a pesca, a mariscagem ou a cerâmica”, diz Vandick Vieira, idealizador do projeto.
A Câmara de Vereadores do município também preparava uma Sessão Solene para a filha ilustre. Todos os planos adiados para quando a quarentena passar. “É importante reconhecer o trabalho de pessoas como Dona Cadu, por isso o projeto previa uma feira orgânica e de cerâmicas, além do próprio resgate da cultura dos saveiros como patrimônio imaterial da Bahia, responsável pelo desenvolvimento econômico e cultural de toda uma região” – diz Carine Araújo, produtora do Festival de Saveiros que conta com o patrocínio da Prefeitura de São Félix e do Governo do Estado da Bahia.
Dona Cadu chega aos 100 anos com a vitalidade e a força de uma mulher afro-indígena que não se abstém em passar sua sabedoria adiante.
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