Isso porque, conforme explica Claudio Melo, psicólogo e Coordenador do Espaço Terapêutico da Holiste, a descoberta da doença pode desencadear sintomas depressivos e ansiedade
Sempre que pensamos em tratamentos contra o câncer de próstata visualizamos opções como cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O que não é errado. Eles são, sim, possibilidades para a conversão da patologia. No entanto, outros suportes, como o acompanhamento psicológico, são deixados de lado. Apesar do comportamento, especialistas explicam que o cuidado com a mente é um aliado estratégico para os pacientes e para o tratamento.
“O acompanhamento psicológico pré e pós tratamento é fundamental para que o paciente supere as fases e os obstáculos do tratamento, esclarecendo e apoiando no processo”, explicou Claudio Melo.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. A estimativa do órgão é que 65.840 diagnósticos positivos sejam contabilizados em todo 2020. Em 2018, por exemplo, 15.576 homens morreram por causa da doença. Por isso, a necessidade da descoberta precoce do problema é fundamental para o sucesso do tratamento.
Mesmo com números expressivos, nem todos os homens buscam ajuda médica. Muitas pessoas atribuem o comportamento a sinais de preconceito por causa do exame de toque. Já para o psicólogo Claudio, a situação pode ser endereçada também há um receio mais oculto.
“O entendimento mais popular é que os homens apresentam preconceito. Todavia, há um receio mais oculto e inconsciente. Arriscaria dizer que se o exame de toque fosse dispensado, os homens adiariam indefinidamente o diagnóstico da doença, pois isso implicaria enfrentar diversos riscos relacionados a potência sexual”, explicou o psicólogo.
A importância do apoio
O especialista conta, ainda, que uma vez descoberta, os impactos da doença podem desencadear diversos efeitos mentais. “Qualquer forma de câncer é sempre assustadora. Porém, o de próstata tem implicações mais devastadoras para o homem, pois afeta o que há de mais central na constituição subjetiva, que é a potência fálica. Os efeitos mentais podem ser diversos: sintomas depressivos, ansiedade, abuso de álcool”, pontuou Claudio Melo.
Por causa disso, o cuidado com a saúde mental é imprescindível também nesse momento, uma vez que os efeitos psicológicos, provocados pelo fato de se estar com a doença, podem desencadear, por exemplo, sintomas depressivos. Dessa forma, considerar esses aspectos é de fundamental importância. Atrelado a isso, o especialista pontua que uma rede de apoio bem estruturada é necessária.
“Os efeitos na família e, em particular, na companheira podem ser tão danosos quanto no paciente. A orientação, suporte e tratamento da família é tão estratégica quanto o acompanhamento do doente”, concluiu o psicólogo.
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