Novo estilo de vida marca o aniversário da capital
Uma Brasília diferente, que Juscelino Kubitschek não poderia nem imaginar há 61 anos. Comércios fechados, pontos turísticos vazios e muitos trabalhadores em um ambiente diferente daquele desenhado e planejado por Oscar Niemeyer: o virtual.
A capital do país viveu seu primeiro ano de cidade madura imersa em um cenário nunca visto ao longo de sua história. “Uma imagem do início das medidas restritivas me marcou. Em uma caminhada eu não vi ninguém na rua e passei por um parquinho, aqui tem muito isso de as crianças irem ao parque ou brincarem em baixo do bloco, e eu não via ninguém. Aquilo me chocou muito”, descreve a servidora pública federal Tatiane Martins.
Uma Brasília diferente, que Juscelino Kubitschek não poderia nem imaginar há 61 anos. Comércios fechados, pontos turísticos vazios e muitos trabalhadores em um ambiente diferente daquele desenhado e planejado por Oscar Niemeyer: o virtual.
A capital do país viveu seu primeiro ano de cidade madura imersa em um cenário nunca visto ao longo de sua história. “Uma imagem do início das medidas restritivas me marcou. Em uma caminhada eu não vi ninguém na rua e passei por um parquinho, aqui tem muito isso de as crianças irem ao parque ou brincarem em baixo do bloco, e eu não via ninguém. Aquilo me chocou muito”, descreve a servidora pública federal Tatiane Martins.
Quem gosta de viajar geralmente busca os diferentes sabores dos lugares que visita. E quem chega a Brasília encontra um prato típico da capital federal? Para o professor de Gastronomia Marcos Lélis, esse prato ainda não foi criado. E talvez nem seja.
Lélis explica que, hoje, a característica da mesa de Brasília é reunir os diferentes sabores que existem no Brasil e no mundo. “Brasília contempla tudo que ela quiser, que ela pode contemplar, se ela quiser. De restaurante temático às festas das embaixadas. Por exemplo, a Embaixada da Índia abre as portas e o que eles fazem? Comida. Da Espanha, a mesma coisa. Tailândia, a mesma coisa. Os centros de Tradição Gaúcha (CTGs), a mesma coisa. O pequi - fruto típico do cerrado da Região Centro-Oeste - que floresce aqui também vira comida”, diz.
A leitura que cada um faz sobre o que é um prato típico também é importante para entender se Brasília já produz uma culinária com identidade própria, segundo Marcos Lélis. “Como Brasília está geopoliticamente localizada dentro do estado de Goiás, a gente pode pensar que a cozinha brasiliense é uma cozinha goiana. Também podemos pensar que ela é composta por um tripé nordestino, mineiro e goiano, que formam a maioria dos imigrantes que chegaram aqui, mas que têm características distintas”, afirma.
A auxiliar administrativa Danielle Paiva, que nasceu no Rio de Janeiro e vive em Brasília desde pequena, acredita que a galinha preparada com o pequi já pode ser considerada um prato típico de Brasília. “É de Goiás, mas a gente aderiu.”
Comida é cultura
Para o professor Marcos Lélis, o que torna um prato típico vai além do fato de a comida ser consumida naquele lugar. Há uma conjunção de fatores. “Por que que a feijoada é um prato nacional? Porque todo mundo consegue ter acesso a todos esses cortes, diferente do tacacá nortista, já que nem todo mundo tem acesso ao tucupi, apesar de a mandioca ser plantada no país inteiro”, explica.
Além da disponibilidade dos ingredientes, de a receita ser acessível à grande parte da população local e de haver demanda por aquele prato, a construção de um prato típico é um processo histórico e cultural que leva muito tempo. Para Lélis, seis décadas ainda é pouco para observar esse processo. “É injusto comparar com qualquer outro estado do Brasil”, argumenta.
Com tantas possibilidades para a culinária brasiliense, o surgimento de um prato típico é incerto, mas os ingredientes locais já são amplamente consumidos em Brasília, e esse consumo pode ser um primeiro passo para a consolidação de uma comida regional. “A gente tem uma identidade que precisa ser valorizada, depois ser supervalorizada. Só assim vamos achar o equilíbrio. A própria cozinha regional brasileira está nos holofotes hoje, e Brasília deveria também ter isso. Deveria valorizar os produtos que são locais. Valorizar esse tripé de formação gastronômica para, a partir daí, criar alguma coisa. Algo que seja nosso”, conclui.
No terceiro episódio da websérie Quem São os Brasilienses, veja o que os brasilienses pensam sobre as comidas típicas de Brasília e sobre a busca de uma identidade culinária única da capital.
Foto Marcello Casal JrAgência Brasil
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