Colaboradores do metrô baiano falam sobre a evolução do filho neste período
A maternidade é cheia de desafios, mas o amor sem medidas entre mãe e filho é sempre um forte laço que pode ser sentido de diversas formas. Catherine Souza e seu filho João Pedro, 11 anos, são exemplos disso. A operadora de trem da CCR Metrô Bahia – a melhor piloto do metrô, na visão do menino - se divide entre a missão de ser mãe, mulher, profissional e esposa. Uma jornada quádrupla, pode-se dizer. Mas Catherine é daquelas mulheres retadas. A carioca de 31 anos recebeu uma missão divina lá em 2009, quando ficou grávida de JP, como o pequeno se auto apelidou.
Pouco mais de 2 anos depois do nascimento, João foi diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) em grau médio. “Começamos a suspeitar justamente quando se começava a falar sobre os transtornos do espectro autista. Então, tudo era novidade pra gente. Mas começamos a perceber mesmo quando ele começou com manias de repetição, a falar menos do que já falava, andava na ponta do pé e não fazia contato visual. Quando ele entrou na escola, isso ficou mais evidente, ele se comunicava através de sons, se afastava das outras crianças e ficava atrás da porta e no meio das mochilas”, lembra.
Com a ajuda da madrinha de mãe e filho que é psicóloga e identificou esses sinais, a família começou a investigação. Inúmeros exames e sessões de fonoaudiologia. Depois do diagnóstico, a visita à fono ficou ainda mais constante e outras terapias foram inseridas na rotina do pequeno, de 2 anos e 4 meses. A partir disto, ele se dividia entre a escolinha com mediadora – que ajudou bastante o seu desenvolvimento, e terapia ocupacional, psicológica, fisioterapia e fonoaudiologia. Quando o pequeno tinha três aninhos, a família se mudou para Salvador e na capital baiana ele seguiu a sua rotina de cuidados. Aos 5 anos, uma das suas maiores conquistas: o menino começou a falar. “Hoje ele fala pelos cotovelos, é um tagarela”, fala a mãe sorrindo.
Catherine e o marido Kaique Souza, agente de engenharia na concessionária que administra o metrô baiano, sempre se dividiram nos cuidados com o garoto. Em meio às missões com o JP, que também foi diagnosticado com diabetes tipo 1, chegou a pandemia. E os cuidados precisaram ser redobrados, já que João é grupo de risco. Então, os pais ajustaram os seus horários de trabalho para se dedicar ainda mais ao garoto. “Avaliamos com os profissionais que acompanham o João sobre a suspensão temporária das terapias por ele ser grupo de risco e ficamos cerca de um ano sem fazê-las. Nas aulas online, foi um pouco difícil para ele se adaptar, faltava concentração. Depois, ele percebeu que era preciso e como sempre estimulamos a independência dele dentro de casa, ele tirou de letra. Ele sabe verificar a glicemia, aplicar a insulina, coloca o despertador no celular para acordar, bota o seu café, liga o computador e senta para estudar, tudo sozinho”, destaca.
Pais, tios, avós, a família inteira, optou por aceitar, amar e cuidar do João. Isso fez muita diferença na evolução do garoto. “Explicamos para ele que a gente confia muito nele e que não vamos durar para sempre, por isso, precisa caminhar com as próprias pernas. Estudar e trabalhar para realizar os seus sonhos: casar e ter quatro filhos”, sorri.
Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, lembrado na próxima sexta-feira (2), a família Souza faz um alerta: o autismo não é um problema, mas há muita luta porque ainda há muito preconceito. “O preconceito vem mais do adulto do que da própria criança e precisamos mudar isso. João é uma criança apaixonante, extremamente carinhoso e especial. Um presente de Deus para gente. Eu não mudaria nada no meu filho, ele é perfeito do jeito que ele é, o meu anjo azul. Nós nunca isolamos ele porque ele faz parte do mundo como todo mundo. Ele ama cinema, videogame e parques como qualquer outra criança e não tiramos isso dele. JP é muito esperto e tecnológico. Se quer marcar um passeio com seu melhor amigo no condomínio, ele manda mensagem pelo celular e pronto”, finaliza.
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