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terça-feira, 14 de junho de 2022

Mau hábito de coçar os olhos está associado ao desenvolvimento de ceratocone


 Mau hábito de coçar os olhos está associado ao desenvolvimento de ceratocone, enfermidade capaz de prejudicar a visão


Campanha Junho Violeta é dedicada à prevenção e conscientização sobre a doença, que pode ter como um dos fatores causais a chegada do Inverno 


Você tem o hábito de coçar os olhos com frequência? Atenção! Este simples procedimento, que pode parecer inofensivo, além de representar um perigo em tempos de pandemia - afinal os olhos são portas de entrada para diversos vírus e microrganismos -, também pode ser um dos fatores causais do ceratocone, doença que é o tema da campanha Junho Violeta, promovida por oftalmologistas nacionalmente neste mês. A estimativa é que esta doença, considerada progressiva, atinja um a cada dois mil indivíduos, sendo que no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, cerca de 150 mil pessoas convivem com o problema. Se não tratado, o ceratocone pode prejudicar a visão.


Isso porque trata-se de uma enfermidade que afeta e deforma a córnea, a camada fina e transparente situada na região anterior do globo ocular, fazendo com que ela afine, aumente sua curvatura e fique com o formato de um cone. Esses fatores combinados impedem a projeção de imagens nítidas na retina e podem promover o desenvolvimento de grau elevado de astigmatismo irregular, muitas vezes não corrigido apenas com os óculos.


O ceratocone pode causar ainda visão embaçada, imagens "fantasmas", visão dupla, dor de cabeça e sensibilidade à luz. Embora os sintomas possam ser semelhantes aos de outros problemas que acometem os olhos, a oftalmologista Tatiana Queiroz, do DayHORC, empresa que integra o Grupo Opty na Bahia, explica que a perda de qualidade da visão pode ser mais rápida, fazendo com que o paciente troque de óculos e lentes com mais frequência. “É muito importante que os pacientes diagnosticados com ceratocone não deixem de seguir o tratamento e continuem com o acompanhamento médico regular. Pessoas que sentem incômodos e redução da visão devem consultar um oftalmologista para identificar se esta pode ser a causa”, afirma a médica.




Causas e diagnóstico


O ceratocone pode surgir por causa de questões genéticas, fatores ambientais ou ainda comportamentais. “Há muitos indícios de que o fato de coçar os olhos seja um fator muito importante para desencadear o início do problema, pois é comum a associação de pacientes com este hábito, especialmente durante uma crise de rinite alérgica, sobretudo em tempos de transição de estação. Dormir pressionando os olhos também pode estar associado com o surgimento do ceratocone em alguns casos. A doença, que costuma aparecer na adolescência e pode progredir até os 45 anos, geralmente ocorre em ambos os olhos, mas pode ser também unilateral”, comenta a oftalmologista.


Ainda de acordo com Tatiana Queiroz, o diagnóstico pode ser feito pelo exame clínico ou por meio de avaliações da córnea, como topografia computadorizada (estudo da curvatura), tomografia e paquimetria (análise de sua espessura), exames que permitem identificar a doença nas fases mais precoces.




Tem cura?


O médico Murilo Barreto, oftalmologista da OftalmoDiagnose, outra unidade do Grupo Opty na Bahia, explica que o controle do ceratocone deve ser feito com exames específicos para avaliação de provável progressão a cada quatro ou seis meses, dependendo da idade do paciente e do estágio evolutivo do caso. De acordo com ele, o ceratocone pode levar à cegueira reversível, ou seja, o paciente pode ter uma perda significativa da visão, mas pode recuperá-la com os tratamentos atualmente disponíveis, como o uso de óculos, lentes de contato ou o tratamento cirúrgico que, em seu último estágio, envolve o transplante de córnea.


O tratamento indicado varia na dependência do estágio do ceratocone. Para os casos iniciais as principais formas de reabilitação visual são a prescrição de óculos e a adaptação de lentes de contato rígidas corneanas ou esclerais. Já o crosslinking é um método cirúrgico minimamente invasivo que vem mostrando excelentes resultados quando realizado no momento adequado. Ele é indicado para os casos que estão evoluindo, e tem como principal objetivo evitar a progressão da doença para os estágios mais avançados. “Explicando de forma simplificada, o procedimento tem como objetivo fortalecer a córnea, promovendo a criação de ligações entre as fibras de colágeno da córnea, aumentando a rigidez biomecânica do tecido corneano”, detalha o médico.


Para os casos de ceratocone em que a visão não é satisfatória com o uso dos óculos ou lentes de contato, pode-se indicar o implante do anel intraestromal (Anel de Ferrara) e, para os estágios mais avançados, a realização do transplante de córnea pode ser a melhor opção. “Os tratamentos estão cada vez mais eficientes, e isso para todos os estágios do ceratocone. Avanços importantes nas lentes de contato possibilitam atualmente uma adaptação satisfatória mesmo em casos avançados e, nos casos nos quais a cirurgia é necessária, o implante de anel e as técnicas mais novas de transplante de córnea, como o DALK (transplante lamelar anterior profundo), diminuíram consideravelmente as possíveis complicações cirúrgicas, principalmente a rejeição ao procedimento”, finaliza Murilo Barreto.


 


Fonte Opty

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