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terça-feira, 16 de maio de 2023

Especialistas em saúde mental explicam os desafios emocionais da maternidade

 


Especialistas em saúde mental explicam os desafios emocionais da maternidade real


Longe da romantização, especialistas do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria apontam que ser mãe também é aprender a lidar com a frustração


A imagem das "supermães" funciona muito bem nos personagens da ficção, mulheres que aparentemente são extremamente bem resolvidas com a tarefa de educar uma criança. A realidade pode não ser assim tão "cor-de-rosa", segundo especialistas do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, maternar apresenta alguns desafios emocionais que, apesar de comuns, ainda são tabus. São assuntos que não estão ligados ao amor materno, mas à saúde mental.


"Para quem materna, o amor não vem sozinho, mas acompanhado de medos, frustrações, angústias, projeções da própria infância, expectativas sobre a criança e sobre a família, é um atravessamento que exige muita delicadeza ao se tratar. A maternidade é algo singular que se relaciona com diversas variáveis sociais, financeiras, culturais, emocionais, entre outras. É uma construção que passa pela estrutura corporal, mental e das dinâmicas da vida", explica a psicóloga e coordenadora do Núcleo Infantojuvenil, Daniela Araújo.


Ser mãe também é lidar com um tipo de luto


Para a psicóloga, é preciso enxergar que a maternidade não é apenas um substantivo e é mais do que um estado natural, mas um verbo porque indica uma ação, que necessita de um sujeito para que se realize. No entanto, é exatamente este ser que é deixado de lado, existe uma mulher ali, uma companheira, uma profissional, que às vezes fica esquecida sob o título de mãe, sem uma rede de apoio.


"Com a gestação, como fica o corpo de quem gesta? Essa estrutura? E esse emocional? São mudanças constantes, inclusive de conceitos, uns politicamente aceitos e outros nem tanto. O que não se fala, e vai ganhando status de segredo, é que tornar-se mãe exige um hiato, um espaço, um silêncio e até um tipo de luto por uma parte que é deixada, algo de seu corpo, algo de seu tempo, algo de seus desejos, para que outra nasça e nascer também dói", elabora.


Ser mãe não precisa ser padecer no paraíso


Maternidade real significa entender que as gestações não são iguais, logo a maternidade também não será. "Além disso, é compreender que esta tarefa não é apenas sobre amor, mas sobre se sentir bem para conseguir se relacionar melhor - e se para isso for preciso tirar um tempo pessoal, buscar apoio profissional, fazer terapia, tudo bem. Não existem regras ou um modelo a ser seguido. Em algum momento precisamos revisitar esses assuntos. É urgente refletir sobre os simbolismos que giram em torno da maternidade. Será que maternar é mesmo padecer no paraíso?", finaliza.


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Holiste   


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