Pricila de Souza
As arboviroses (dengue, chikungunya e Zyka), transmitidas pela picada de fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti, representam ameaça à saúde pública nacional visto o perfil epidêmico dado o alto nível de incidência e letalidade. Referente à dengue, segundo o Ministério da Saúde (MS), em 2023 registrou-se mais de 1,6 milhão de casos, aumento de 15,8% comparado ao mesmo período do ano anterior, prevalecendo o maior índice de incidência na região Sul. Além disso, o país registou no ano passado, crescimento de 16,4% de casos graves e de 5,4% de óbitos, (em comparação a 2022).
Anualmente, o Governo Federal amplia e intensifica ações de enfrentamento às arboviroses. Em 2023, parte dos esforços foram direcionados à vigilância e monitoramento, manejo clínico de casos graves, visitas técnicas, emissão de documentação técnica, painel de consulta pública, capacitação de profissionais da saúde e do meio ambiente, sensibilização da população, controle vetorial e afins.
O feito de maior relevância ocorreu no final de 2023, com a incorporação da vacina contra dengue pelo Ministério da Saúde ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) e ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o Brasil é o primeiro país do mundo a disponibilizar à população o imunizante por meio de sistema público universal.
O fármaco analisado e aprovado pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) é a vacina denominada Qdenga (fabricada pela farmacêutica Takeda Pharma), também disponibilizada em países da Europa, Oceania e Argentina.
Uma vez aprovada e incorporada ao PNI, a próxima e talvez a mais importante etapa a ser cumprida pelo MS é a delimitação de estratégias operacionais de vacinação quanto ao público e regiões prioritárias, vista a capacidade limitada de fornecimento de doses do imunizante pela Takeda Pharma.
Há expectativas que o Ministério da Saúde atenda às recomendações da OMS definindo como grupo prioritário faixa etária de 6 a 16 anos e os moradores das regiões de maior índice de incidência da doença. A entrega das vacinas e o início da vacinação estão previstas para este mês.
Executados os compromissos e responsabilidades do governo e do fornecedor, a efetividade das estratégias de vacinação contra a dengue enfrentará dois dos maiores desafios, e estes de responsabilidade da população brasileira. O primeiro desafio passa por desmistificar a ineficiência e os riscos das vacinas! Para redução da transmissão e agravos de casos da dengue é crucial o cumprimento do calendário vacinal estabelecido pelo PNI. Vacinas salva vidas e erradica doenças. O segundo desafio é exercer a cidadania diariamente.
A vacina é uma das ferramentas contra a dengue e demais doenças. Para controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras arboviroses, deve-se manter limpas áreas externas, destinar corretamente resíduos e materiais recicláveis, cobrir reservatórios de água, usar inseticidas biodegradáveis e repelentes, cumprir recomendações de órgãos responsáveis. Não devemos esquecer: a dengue mata.
(*) Pricila de Souza é bióloga, especialista em Vigilância Sanitária e tutora dos cursos de pós-graduação na área de Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.
Foto Foto: iStock
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