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domingo, 18 de fevereiro de 2024

Peixes saborosos, saudáveis e lucrativos fazem DF

 
Peixes saborosos, saudáveis e lucrativos fazem DF se firmar na produção nacional


Tilápia e camarão estão entre as espécies das 45 mil toneladas produzidas em 2023 e que trouxeram ganhos a produtores


Peixes saborosos, saudáveis e lucrativos fazem DF se firmar na produção nacional

Tilápia e camarão estão entre as espécies das 45 mil toneladas produzidas em 2023 e que trouxeram ganhos a produtores


Uma dessas pessoas é a produtora Hosana Alves, 54 anos. Todo dia, nos tanques onde cria suas tilápias, ela joga a isca. Na balança, pesa cada uma das que pescou. E no prato, espera apreciar algumas, durante o almoço. Tarefas rotineiras, mas — segundo ela — nem de longe cansativas, na chácara que tem, a Girassol, em São Sebastião. "Hoje foi mais difícil pescar, porque eles (os peixes) ficam agitados com a movimentação do trabalho fora dos tanques", disse enquanto pesava sua tilápia com 600 gramas. "Com 800 (gramas), já podemos vender", explicou.


Hosana se dedica à produção há 15 anos, que desenvolve em quatro tanques. Cada um gera mil peixes. A água para irrigação vem de uma nascente, utilização devidamente autorizada por órgãos ambientais governamentais.


Tudo começou quando a população de São Sebastião sofreu um surto de hantavirose, em 2004. Foram contaminadas 38 pessoas e morreram 13. À época, Hosana era comerciante e não tinha planos de ser psicultora. Mas, primeiro foi agricultora. "Com a ajuda da administração (regional), iniciamos um projeto de plantio", recordou.


Na Girassol, toda a água dos tanques é reaproveitada nas hortas: as fezes dos peixes e a ração servida, mas que não comeram, contêm nutrientes ótimos ao cultivo. Atualmente, seu maior público consumidor está em São Sebastião, mas ela está trabalhando para atender a mais regiões administrativas (RAs). A elas, além das hortaliças, pretende oferecer as tilápias como seu produto principal.


Expectativas

Além da subsistência e da geração de renda, a agricultora também recebe voluntários que querem ajudá-la com a chácara e estudantes interessados em aprender sobre os peixes. Ela, inclusive, pretende aumentar o número de tanques e produzir 5 toneladas de tilápia por mês. Atualmente, são 3,2 toneladas.


Para tocar seu negócio, Hosana tem como parceiro o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Distrito Federal (Senar/AR-DF). Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, vinculada à Federação da Agricultura e Pecuária do DF (Fape-DF) e que presta assistência técnica.



"Apesar desse auxílio, percebo que falta informação para a comunidade da área rural, que tem muito potencial (no DF) — com (acesso) a boa terra e disponibilidade de água, mas recebe pouca assistência financeira", avaliou a empresária.


Para a Semana Santa deste ano, a expectativa é que as vendas cresçam 70%. "Estamos animados, só precisamos tomar cuidado com os predadores inesperados, os gatos e as garças", comentou.


Mercado promissor

Segundo Adalmyr Borges, 56, médico veterinário e coordenador do Programa de Aquicultura da Emater-DF, a quantidade de produtores de tilápia gira em torno dos 750. Deles, cem se dedicam à criação comercial. Paranoá, São Sebastião, Gama, Ceilândia e Brazlândia são as RAs que concentram a maior produção de piscicultura no DF.


Dados da Emater-DF mostram que, em 2022, os criadores que assessora produziram 1,8 mil toneladas de peixes, enquanto que, em 2023, o número chegou a 2 mil toneladas. A maioria deles (90%) se concentraram nas tilápias. Mas, numa estimativa geral, a entidade calcula que o DF, com criadores que ela não assiste, alcançou no ano passado 45 mil toneladas.


"Entre as vantagens da criação de peixes e camarões na região está a proximidade de um grande mercado consumidor, visto que Brasília é considerada o terceiro maior centro consumidor de pescados do Brasil", destacou Borges. Com a demanda alta e a produção ainda pequena, o produtor é beneficiado pela comercialização com preços atrativos.


Do ponto de vista ambiental, a capital federal conta com uma legislação que apoia a atividade com espécies nativas para criação (como traíra, pirapitanga e cará-nativo), em áreas de até 20 mil m²; para espécies exóticas (jacundá, pirá-santana e cascudo, por exemplo), há a possibilidade de 10 mil m², com uma dispensa de licenciamento ambiental. Segundo o coordenador do Programa de Aquicultura, isso estimula novos produtores a entrarem na atividade.

Imagem (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)


Fonte Correio Braziliense

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